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Condições      iniciais

Este

episódio

descreve

os

esforços

empreendidos

pelo

Departamento

de

Energia

no

final

dos

anos

1970

para

estudar

as

consequências

ambientais,

econômicas

e

sociais

na

mudança

climática

antropogênica.

No

início

dos

anos

1970,

o

presidente

Richard

Nixon

enfrentou

uma

série

de

crises

energéticas.

Apagões

nas

principais

cidades

dos

EUA,

escassez

de

gás

natural

e

o

embargo

de

petróleo

da

OPEP

em

1973

levaram

a

invernos

frios,

verões

quentes

e

longas

filas

nos

postos

de

gasolina.

Em

resposta,

Nixon

começou

a

reorganizar

o

poder

executivo

para

responder

melhor

a

tais

crises,

um

esforço

que

continuaria

durante

os

mandatos

de

seus

sucessores

Gerald

Ford

e

Jimmy

Carter.

Uma

proposta

sugerida

pelos

novos

assessores

de

energia

de

Nixon

era

queimar

mais

carvão

e

petróleo

domésticos.

Meteorologistas,

cientistas

atmosféricos,

oceanógrafos

e

cientistas

de

áreas

afins

prestaram

muita

atenção

a

essas

novas

políticas

energéticas.

Alguns,

incluindo

William

P.

Elliott,

então

trabalhando

no

Laboratório

de

Recursos

Aéreos

da

Administração

Nacional

Oceânica

e

Atmosférica

(1),

responderam

com

alarme.

Baseado

nos

artigos

de

William

P.

Elliott,

este

episódio

cobre

os

esforços

federais

de

pesquisa

sobre

mudanças

climáticas

antropogênicas

durante

o

governo

Carter.

Um

grupo

de

cientistas

começaram

a

organizar

um

programa

de

pesquisa

dentro

do

novo

Departamento

de

Energia

para

estudar

as

consequências

de

uma

maior

dependência

dos

combustíveis

fósseis.

Isto

é,

até

ao

súbito

encerramento

desse

programa

em

1981.

Discutiremos

também a forma como os debates sobre as alterações climáticas de quase cinquenta anos atrás ainda repercutem nos dias de hoje.

(1) O Air Resources Laboratory é um laboratório de qualidade do ar e clima no Escritório de Pesquisa Oceânica e Atmosférica, que é uma unidade operacional da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica nos Estados Unidos. É um dos sete Laboratórios de Pesquisa da NOAA.
Transcrição da gravação
Justin Shapiro
Maura Shapiro
Allison Rein
Sobre a Equipe de Podcasts
Postagem do blog: Ex LIbris Universum
oradores: Maura Shapiro e Justin Shapiro Condições Iniciais Episódio 3: Os arquivos William P. Elliot JUSTIN: Bem, vamos caminhar até o local dos arquivos de William P. Elliot, eles já estão conosco. ALLISON: Sim, você pediu! MAURA: Eu sou Maura Shapiro. JUSTIN: E eu sou Justin Shapiro. ALLISON: E eu sou Allison Rein, sua guia turística pela Biblioteca e Arquivos Niels Bohr. E estamos examinando os arquivos de William P. Elliot. MAURA: As cartas de William P. Elliot, o cientista que estudou a atmosfera. JUSTIN: E eu os encontrei porque estava realmente interessado... Não tem a data na caixa, mas no guia de pesquisa tem a data, e é por volta de 1975, e eu fiquei pensando, "Mudanças climáticas em 1975?" Parece muito cedo. ALLISON: Sim, é verdade. MAURA: Parece recente e de fato é recente. William Elliot fazia parte de uma equipe de investigadores que estavam na vanguarda da investigação sobre o clima desde o final da década de 1970. JUSTIN: Estamos desenterrando a história sobre a evolução da ciência do clima. E, para isso, estamos vasculhando os documentos do Elliot. MAURA: Bem, o termo não seria desenterrar, eu diria manuseando com um certo cuidado. ALLISON: Eu te agradeço. JUSTIN: Vamos levá-los para a sala de leitura lindamente iluminada, aqui na Biblioteca de Arquivo Niels Bohr. ALLISON: Nunca falta luz natural. JUSTIN: Vou pegar a primeira pasta. ALLISON: "Qual foi o grande achado? Em que momento do 'ah-ha!' em que você pensa: Encontrei o que eu precisava" JUSTIN: Bem, não foi apenas um momento. Acho que ao olhar o guia de pesquisa, notei que os anos eram tão precoces na história da mudança climática, mas na verdade a história se desenrolou diante de mim. Mas aqui algumas coisas interessantes. Apenas documentos dos anos 70, algumas cópias de cartas obviamente datilografadas. Mas sim, estes são os documentos dos Elliot. É neles que baseamos o episódio. ALLISON: São aparentemente documentos sem grande importância, no entanto você está dando vida a estes documentos. Veja, você está transformando estes papeis, o que muitas pessoas veriam como documentos cinzentos e sem cor, você viu a história que está por trás deles. MAURA: Estas são as condições iniciais. JUSTIN: Um podcast de história da física. MAURA: Todo problema na física começa com um conjunto de condições iniciais, que fornecem o contexto para que a física aconteça. JUSTIN: Da mesma forma, neste podcast, vamos mergulhar nas condições iniciais que tornaram a ciência possível. As pessoas, lugares e eventos que foram negligenciados e pouco estudados. E hoje, mergulhamos no trabalho de cientistas do clima da década de 1970. MAURA: Justin, então nos fale sobre os documentos. JUSTIN: Darei as três condições iniciais. Primeiro, a presidência de Nixon e a criação da EPA. Isso é uma coisa só. Em segundo lugar, a crise energética do início da década de 1970. E, em terceiro lugar, quero falar um pouco sobre a forma como os cientistas da década de 1970, . . . . . quase 50 anos, falavam sobre as alterações climáticas entre eles. Como, na sua correspondência pessoal, enfatizavam algumas das implicações mais desastrosas na utilização dos combustíveis fósseis e das alterações climáticas. MAURA: Bem, estou entusiasmada por saber como é que a história evolui. Por onde gostaria de começar? JUSTIN: Bem, eu quero começar com Richard Nixon. E em nossas conversas, expressamos muito interesse no homem e em sua presidência. Posso dar uma impressão, se quiser. MAURA: Não sei se quero isso, mas vá em frente. JUSTIN: Tudo bem, não . . . . . . . . vamos guardá-lo para um episódio bônus então. MAURA: (risos) Ok. JUSTIN: Sim, estará no nosso Patreon. (NDT -Patreon é um web site norte-americano de financiamento coletivo que oferece ferramentas para criadores gerenciarem serviços de assinatura de conteúdo, bem como formas para os artistas construírem relações e proporcionarem experiências exclusivas para os seus assinantes, ou "patronos.") MAURA: Oh, nós realmente queremos isso. (risos) JUSTINO: Tudo bem. MAURA: Estou apenas ouvindo o produtor e, de fato, queremos isso. JUSTIN: Tudo bem, vou editar os palavrões . . . . . . . . . MAURA: (risos) Isso é muito bom. Bem, veja que é um podcast e não um programa de rádio, você pode xingar. (risos) JUSTIN: De qualquer forma, vamos ser profissionais sobre isso. E vamos entrar na história de ..... MAURA: Então, Justin, como você descobriu sobre as pesquisas do governo federal relativas as mudanças climáticas? JUSTIN: Bem, eu estava fazendo o meu trabalho, que é examinar as coleções aqui na Biblioteca e Arquivo Niels Bohr. E..... MAURA: Temos um ótimo trabalho. JUSTIN: É um trabalho muito bom. Uma das coisas boas de ser historiador, eu vou usar a expressão usada por um ex-professor meu, que nestes casos podemos ler a correspondência dos outros. E então eu estava olhando para esses arquivos, e uma caixa me chamou a atenção. Pode não ser exatamente isso, mas vamos chamá-los de Documentos de William Elliot. E a data neles era de 1974, acho, até 1996. E eu pensei: "Uau. Combustíveis fósseis e investigação climática? Em 1974?" Dei uma boa olhada e, graças à Melanie, uma das nossas supervisoras, todos os documentos estavam dispostos pela ordem cronológica exata. E esta história foi-se desenrolando à minha frente. MAURA: Então você leu a correspondência de William Elliot como um livro e o que achou? JUSTIN: Bem, descobri que os cientistas na década de 1970, alguns deles, não todos, mas alguns deles estavam muito preocupados com os efeitos da mudança climática. Mais uma vez, estamos falando de 50 anos atrás. MAURA: E isso define a linha do tempo para quando os cientistas estavam fazendo barulho sobre os efeitos desastrosos da mudança climática, certo? JUSTIN: Bem, eles não estavam fazendo barulho. Entre eles, eles expressavam como a situação era terrível, mas para legisladores e formuladores de políticas, eles usavam esse tipo de terminologia mais cuidadosa e cautelosa com a qual estamos mais familiarizados hoje. MAURA: E os anos 70 facilitaram esse interesse pelo clima? JUSTIN: Bem, é aqui que entramos em Nixon e na crise energética. Então, Nixon assumiu o cargo em um momento de incerteza, para dizer o mínimo. Houve revoltas em cidades nos Estados Unidos em resposta à brutalidade e violência policial, especialmente em resposta ao assassinato do Dr. Martin Luther King Jr. (MAURA: Mmhmm.) E Nixon em seu primeiro discurso de posse disse: "Eu vou ser um presidente da lei e da ordem". É uma terminologia muito familiar. MAURA: Já ouvi isso antes. JUSTIN: Hummm. E isso é uma coisa que eu me dei conta sobre o projeto CDERA, o quanto essas discussões feitas a algum tempo, ainda repercutem aos dias de hoje. E veremos isso na maneira como certos políticos e nomeados políticos responderam ao que o CDERA estava tentando fazer. Mas isso vem no final do episódio. Agora, além de todas essas crises políticas, Nixon também enfrentou grandes crises energéticas. Houve apagões nas principais cidades dos Estados Unidos em 1971, escassez de gás natural para aquecimento e cozinha, aumento dos preços dos combustíveis. Isso tudo foi meio que exacerbado em 1973, durante a guerra árabe-israelense. Durante essa guerra, como sabemos, os Estados Unidos apoiaram Israel e, em resposta, a OPEP, que é a Organização dos Países Exportadores de Petróleo, decretou um embargo ao fornecimento de petróleo para os EUA e a três outros países que tinham apoiado Israel. MAURA: Só para penalizar o apoio deles a Israel? JUSTIN: Exatamente, exatamente. Os EUA enfrentaram, novamente, o aumento dos preços dos combustíveis. O racionamento de combustível teve que ser imposto, e isso era algo que o país não via desde a Segunda Guerra Mundial. E assim, em resposta, Nixon e seus assessores decidiram tentar trabalhar com o Congresso para colocar em funcionamento um único departamento de energia coordenado. E esta não foi a primeira vez que Nixon recorreu ao poder federal para pesquisar e ajudar a implementar uma nova política. Eu sei que você está familiarizado com a EPA. MAURA: Conheço a EPA. Eu tenho uma participação bastante pessoal nisso. Não sei se isso deveria entrar no podcast ou não, mas meus pais trabalham para a EPA e agora minha irmã também, então consideramos a EPA, a Agência de Proteção Ambiental, uma espécie de empresa familiar. Meu interesse por Richard Nixon começou na terceira série, quando escrevi uma biografia dele de cinco páginas em letra cursiva para a escola. E o que aprendi foi que ele iniciou a EPA e, mesmo com a idade de nove anos, percebi como era monumental que um líder republicano formasse um novo corpo no governo federal. E isso realmente me surpreendeu. Certo, então ele assume o cargo, como Justin mencionou, neste período meio caótico da história americana, e não apenas houve tumultos, mas também a poluição estava ficando muito ruim. E poluição é diferente de mudança climática. A mudança climática é uma questão meio abstrata, ou foi, uma questão abstrata. Mas a poluição que eles experimentaram foi vista e sentida e você podia sentir o cheiro no ar. As pessoas realmente começaram a se sentir interessadas no meio ambiente. Isso também é na época de Silent Spring (Primavera silenciosa Editora Globo) de Rachel Carson, que pela primeira vez tornou as pessoas realmente conscientes do que estávamos colocando no meio ambiente. Tão logo após a posse de Nixon, esta campanha de ativismo ambiental começou e o primeiro Dia Internacional da Mãe Terra, ou Dia da Terra em 1970 foi tão popular e tão amplamente frequentado que o Congresso teve que fechar, porque todos os congressistas estavam ocupados fazendo discursos sobre quão importante era a proteção ambiental. E esta é uma mudança muito rápida, porque na campanha, Richard Nixon não falou nada sobre clima. Simplesmente não era algo com que as pessoas se importassem. Mas pode-se dizer qualquer coisa sobre ele, no entanto ele era um político inteligente e sabia o que as pessoas estavam querendo. E reconheceu a necessidade de fazer alteração legislativa sobre o meio ambiente. Assim, no início de 1970, Richard Nixon falou ao Congresso e enfatizou a necessidade de mudança. Ele estabelece um programa de 37 pontos para lidar com a poluição da água, poluição do ar, gestão de resíduos sólidos, parques, recreação pública e organização. E ele diz: assim com liderança federal vigorosa, com alistamento ativo de governos em todos os níveis, com a ajuda da indústria e grupos privados, e acima de tudo com a participação determinada de cidadãos individuais em cada estado e cada comunidade que finalmente conseguiremos restaurar o tipo de ambiente que queremos para nós mesmos e para as gerações que virão. Esta tarefa é nossa. Convoca nossa energia, nossa engenhosidade e nossa consciência em uma causa tão fundamental quanto a própria vida." JUSTIN: O que esse discurso, para mim representa, é a compreensão de Nixon de que havia um apoio crescente ao movimento ambientalista na década de 1960. E você mencionou Silent Spring. E é realmente difícil subestimar o significado desse livro, publicado em 1962. Rachel Carson morreu em 1964. E ela se tornou uma espécie de lenda na comunidade ambiental. Mas o tempo todo, nos anos 60, esse fermento de contracultura. Novas manifestações políticas. Movimentos. Especialmente ligado ao Movimento dos Direitos Civis. E tudo isso era uma espécie de subcorrente da década de 1960. Ou uma sobrecorrente, dependendo de quem você perguntar. Mas todos eles se reúnem no Dia da Terra. Em 1970, Nixon esse entusiasmo pelo ativismo ambiental, pelo ambientalismo, e decide agir sobre isso. E ele o faz de uma forma que talvez não seja familiar para o público contemporâneo que entende a relação do Partido Republicano com o governo federal hoje. Ele disse: "Talvez haja um papel para o governo federal. Talvez possamos elaborar políticas que, de alguma forma, protejam o meio ambiente. Nixon, o oportunista aqui, viu essa onda de ativismo ambiental e apresentou uma ideia para uma nova agência federal, que seria responsável por fazer cumprir as leis ambientais e proteger o ar, a terra e a água dos Estados Unidos. MAURA: Sabe, de certa forma, isso é uma ruptura com o Partido Republicano que vivenciamos hoje, mas, de outras formas, faz muito sentido. Richard Nixon queria um governo eficiente. E da maneira como o governo federal havia sido criado, ele simplesmente não estava equipado para lidar com questões ambientais, que Richard Nixon percebeu que seria uma coisa importante a ser abordada com base na opinião pública. E então ele criou essa comissão para auditar o governo federal. O que eles perceberam foram todas essas ineficiências. Por exemplo, quase todas as agências governamentais tinham interesse no meio ambiente. Por razões óbvias, as agências que trabalhavam com a saúde humana tinham interesse no meio ambiente, porque as pessoas respiravam fumaça. Agências de habitação tinham interesse no meio ambiente. As agências que lidavam com o transporte tinham interesse no meio ambiente. E assim, todas essas agências estão interagindo com o ambiente à sua maneira, e isso está retardando o processo, espalhando algo por várias burocracias. Portanto, esta comissão diz: "Precisamos de uma agência para lidar com tudo isso." E essa agência, como Justin mencionou, era a Agência de Proteção Ambiental. JUSTINO: Tudo bem. Assim, a EPA foi estabelecida. Destina-se a coordenar e implementar a política federal em relação à qualidade do ar, da terra e da água. Mas em nossas conversas, você me disse antes que Nixon meio que azedou com esse projeto dele. MAURA: Claro. Portanto, antes de falarmos sobre o tipo de drama, quero definir um pouco o cenário de como era o início da EPA. Temos essa agência novinha em folha e, como mencionei antes, o meio ambiente era de responsabilidade de várias agências federais. E em vez de contratar uma nova equipe que seria, você sabe, a equipe exclusiva da EPA, o que eles fizeram foi recortar e colar esses programas individuais de todo o governo federal. Muitos dos funcionários da EPA vieram para a EPA com seus interesses adquiridos e com sua própria participação no meio ambiente. Além disso, o primeiro administrador, William Ruckelshaus, realmente precisava estabelecer a legitimidade da agência. Ele precisava de autoridade porque era regulamentar e precisava do respeito do campo. E uma das maneiras pelas quais ele fez isso foi aplicando imediatamente os padrões existentes. E um desses casos é, eu acho, o que Justin está insinuando, que meio que mostra como Richard Nixon criou essa besta, a EPA, e depois não ficou tão feliz com isso. JUSTIN: É exatamente isso. MAURA: E o caso que está em questão é o da ARMCO Steel. Em 1970, a EPA encaminhou a ARMCO Steel ao Departamento de Justiça por despejar mais de meia tonelada de produtos químicos tóxicos no Houston Ship Channel todos os dias. JUSTIN: E é assim que a indústria lidou com o lixo durante a maior parte do tempo ... Bem, durante o século 19 e a maior parte do século 20, você simplesmente o despeja em um corpo d'água próximo e espera que a água corrente limpe tudo dessas toxinas e poluentes. MAURA: Certo, e havia uma legislação que impunha a qualidade da água, e despejar meia tonelada de produtos químicos tóxicos no Houston Ship Channel todos os dias era ilegal. Assim, o caso é enviado ao tribunal e a ARMCO Steel é considerada culpada de você sabe, despejar produtos químicos na água. E o tribunal ordenou que parassem. A ARMCO Steel respondeu que, "Se tivermos que parar de despejar produtos químicos na água, teríamos que fechar esta instalação." Assim, o presidente da ARMCO Steel enviou uma carta a Richard Nixon para reclamar da EPA, e ela alegava que a aplicação desses padrões federais de qualidade da água contrariava a promessa de Nixon de que a indústria não seria penalizada por esses novos padrões ambientais. Para fazer cumprir os padrões de qualidade da água, eles teriam que demitir mais de duzentos trabalhadores. A administração de Richard Nixon ficou muito nervosa, o desemprego estava um pouco alto. Ficaria muito mal se a agência federal que ele criou para resolver esta questão de opinião pública, com a qual ele não se preocupava muito, fosse causar mais desemprego. Assim, Richard Nixon telefonou à EPA e pediu para suspender a aplicação da lei da qualidade da água para poderem negociar. No entanto os funcionários regionais da EPA souberam que a ARMCO Steel havia planejado demitir aquelas duzentas pessoas, mesmo antes da decisão da EPA. Então eles descobriram que a EPA realmente não tinha nada a ver com os planos da ARMCO Steel de aumentar o desemprego. Mas então o Washington Star descobriu documentos provando que a ARMCO Steel fez contribuições de campanha significativas para o governo Nixon, e argumentou que o governo Nixon ao se aliar à ARMCO era completamente inapropriado, porque havia um conflito de interesses. A administração Nixon ficou tão envergonhada que foi forçada a negociar um acordo com a ARMCO, que concordou em seguir as diretrizes da EPA para o tratamento de resíduos. E isso levantou muitas questões sobre a EPA. Essa novíssima agência de bebês que poderia ser fundida sobre quem realmente controlava o que eles faziam. JUSTIN: Na época da Guerra Árabe-Israelense e do embargo da OPEP, o Congresso estava buscando qualquer informação que pudesse encontrar sobre a invasão de Watergate. Informação que acabaria por levar, e esta é uma história muito simplificada, à renúncia de Richard Nixon. Curiosamente, não havia nenhum tipo de precedente de como um presidente renunciava. Então ele escreveu uma carta para alguém que ainda está vivo hoje, seu secretário de Estado... MAURA: Gerald - JUSTIN: Não, não Gerald - MAURA: Ele morreu. JUSTIN: Não, Henry Kissinger. (risos) Sim, a Ford está morta. Kissinger ainda está vivo. Mas sim, ele escreveu uma carta para Kissinger dizendo: "Estou saindo". E não havia precedente, mas era uma coisa meio interessante. Mas em 74, Nixon estava fora e Gerald Ford é o presidente JUSTIN: Então Nixon renuncia em 1974, Ford é o presidente. Nenhum deles foi capaz de colocar em funcionamento esse programa de energia único e unificado em nível de gabinete. Era Carter. Em 4 de agosto de 1977, com apenas sete ou oito meses de presidência, Carter conseguiu que o Congresso aprovasse o Departamento de Energia. E não é que começa a história do CDERA. Mas esse é o tipo de contexto, certo? Portanto, meados dos anos 70 foi um período em que a política energética estava sendo embaralhada entre muitos departamentos diferentes. Mas aquele que começou a assumir a liderança e meio que começou a se transformar nos primeiros dias do governo Carter no Departamento de Energia foi essa organização chamada Agência de Pesquisa e Desenvolvimento de Energia. ERDA para abreviar. MAURA: ERDA. JUSTINO: Sim. E é aqui que começa a história do CDERA. Portanto, temos o pano de fundo político. Vamos pular para a ciência, certo? MAURA: Em suas palavras, vamos mergulhar. JUSTIN: Então a história do CDERA. Mencionado no início do episódio que significa Programa de Pesquisa e Avaliação dos Efeitos do Dióxido de Carbono. É um acrónimo um pouco desajeitado. MAURA: Bem, eles não adotaram a abordagem da NASA de encontrar o acrônimo primeiro e depois escolher o título do programa para encaixá-lo. JUSTIN: Não, eu gostaria que tivessem. E o nome mudou várias vezes também, o que tornou difícil escrever qualquer coisa sobre isso. Mas esse é um território familiar para um historiador dos anos 19... basicamente qualquer coisa depois do New Deal. Com esse nome, Programa de Pesquisa e Avaliação dos Efeitos do Dióxido de Carbono, o que eles realmente queriam era a relação entre os combustíveis fósseis e as mudanças climáticas. E isso assumiu uma importância especial no rescaldo destas crises energéticas. Então, lembramos que o governo Carter foi uma época de experimentação com fontes alternativas de combustível, certo? Carter colocou painéis solares no telhado da Casa Branca. Que não eram para geração de eletricidade, pelo que me lembro. Eles eram para aquecimento de água, na verdade. MAURA: Ah, interessante. JUSTIN: Sim, sim, o que é bem legal. Reagan imediatamente os tirou, e (risos) isso é uma espécie de representação do que vai acontecer com o CDERA no futuro. MAURA: Uma alegoria. JUSTIN: Uma alegoria. Mas a ERDA, a Agência de Pesquisa e Desenvolvimento de Energia, essa coisa que meio que se transformou no Departamento de Energia sob Carter, eles assumiram a liderança em impulsionar novas fontes de energia; nuclear, solar, eólica e geotérmica, coisas que não eram realmente comercialmente viáveis no 1970. Eles assumiram a responsabilidade pelo desenvolvimento. Mas, após essas crises energéticas, eles também foram instruídos, em parte, a descobrir como fazer melhor uso dos combustíveis fósseis. Este país tem carvão abundante e ainda tem petróleo, e a ERDA também foi incumbida de tentar descobrir como confiar mais nessas coisas para que os EUA não dependessem tanto do petróleo estrangeiro. MAURA: Então era mais uma questão de defesa nacional, de podermos ser independentes desses países com os quais estamos potencialmente a entrar em guerra? JUSTIN: E isso é retórica que ainda vemos hoje. Certo, nossa dependência do petróleo estrangeiro. Isso é algo que Bush enfatizou... Ambos enfatizaram. Clinton, Obama... é o problema perene na história da energia americana. E o ERDA foi visto como uma maneira potencial de desenvolver melhor as fontes de combustível americanas. Isso nos leva ao jovem cientista Michael McCracken, que em 1975 trabalhava no Lawrence Livermore National Laboratory em Berkeley, CA. McCracken ainda está vivo hoje e fez muitos trabalhos realmente importantes tanto na pesquisa do clima quanto na defesa de uma melhor política climática neste país. E ele estava realmente preocupado com a proposta da ERDA de depender mais fortemente dos recursos de combustíveis fósseis. Michael McCracken escreve a seu colega da ERDA, para expressar algumas de suas preocupações sobre a proposta de depender mais fortemente do carvão e do petróleo produzidos nos Estados Unidos. Ele escreve, "ERDA está propondo e muitos executivos de serviços públicos estão pedindo que os recursos de carvão deste país sejam rapidamente desenvolvidos para servir como a espinha dorsal dos recursos energéticos dos Estados Unidos pelo menos nos próximos 100 anos." Neste ponto, estamos em 2022, significa metade do caminho. Mas nesta conjuntura crucial no planejamento de energia, parece não ter havido nenhuma avaliação crítica em que as implicações e consequências da dependência contínua da combustão de combustíveis fósseis e o aumento resultante nas concentrações de dióxido de carbono tenham sido cuidadosamente consideradas. MAURA: Interessante. Então, ele está dizendo que é preciso trabalhar mais sobre as consequências do aumento da utilização de combustíveis fósseis? JUSTINO: Certo. E isso é representativo em que ponto estava a pesquisa sobre mudanças climáticas na época. As consequências da pesquisa de combustíveis fósseis não foram muito bem compreendidas. As consequências futuras ainda não estavam previstas. Mas McCracken está expressando um senso de precaução. Portanto, a ciência ainda está meio que congelada. Indivíduos com formação em várias disciplinas, meteorologia, física atmosférica, química atmosférica, geofísica. Eles estão começando a se reunir e conversar sobre quais podem ser as implicações do uso de combustíveis fósseis no futuro. Mas eles simplesmente não sabem neste momento. MAURA: E eu gosto do que você disse, que pessoas de toda a área científica estavam se unindo, porque na época não havia um campo na ciência dedicada ao clima, como ocorre hoje. JUSTIN: E é por isso que acho que a história do CDERA é importante. E vamos entrar nisso no decorrer do episódio, mas (risos) marca esse momento em que cientistas com diferentes formações em diferentes campos se uniram para realmente se envolver com a questão das mudanças climáticas antropogênicas. Ele conclui a carta com: "Escrevo esta carta para pedir que os efeitos do dióxido de carbono sejam considerados na avaliação da estratégia energética para a próxima geração." Então, aqui está McCracken, escrevendo para seu colega da ERDA dizendo: "Olha, não sabemos necessariamente o que vai acontecer com os combustíveis fósseis, mas é melhor investigarmos e pesquisarmos isso para que possamos ter certeza de que estamos protegendo a próxima geração." Logo após a ERDA receber a carta, os cientistas dessa divisão começam a entrar em contato com seus colegas. Um deles é William Elliot, a pessoa que reuniu esses documentos. Para isso, fazem circular uma proposta com a seguinte pergunta: viável criar um programa de investigação sobre combustíveis fósseis e alterações climáticas? Tendo em conta que sabemos que os seus efeitos poderão não se fazer notar durante algumas décadas". Elliot volta a escrever à ERDA para resumir os resultados desse processo de revisão por pares e escreve que, aproximadamente uma dúzia de cientistas consultados, todos disseram: "Sim, vale a pena desenvolver um programa de investigação sobre combustíveis fósseis e alterações climáticas. Vale a pena estudá-lo, porque simplesmente não conhecemos os efeitos". MAURA: Hummm. JUSTIN: Elliot escreveu: “Um entrevistado chamou o problema de 'o impacto climático mais importante que o país enfrenta'. E vários outros enfatizaram as sérias lacunas em nosso conhecimento. Um deles disse que a possibilidade dos efeitos do CO2 era tão séria que a energia nuclear deveria ser usada em seu lugar." MAURA: Uau. E a audiência pública também foi isso, ou foi apenas nas comunicações entre cientistas? JUSTIN: Na verdade, são apenas cientistas conversando entre si. Mas esta carta foi enviada em 1975, 47 anos atrás. E temos cientistas na época dizendo: "Isso é realmente sério e precisamos estudá-lo". E estudá-lo eles fizeram. MAURA: Então, na época, a ciência não havia descoberto que o que estava acontecendo era exatamente a causa das alterações climáticas e que as alterações climáticas seriam ruins. O que você está dizendo é que os cientistas sentiram que algo estava acontecendo e que seria irresponsável aumentar o uso de combustíveis fósseis sem olhar para as possíveis consequências. JUSTIN: sempre uma discrepância entre o que os cientistas falam e o que o público em geral tem conhecimento, e isso tem a ver com uma série de fatos. Tem a ver com o ritmo a que a investigação científica acontece. Pode demorar anos, pode demorar décadas para se obter conclusões. E isso é certamente verdade no que respeita às alterações climáticas. Como falamos no último episódio, o primeiro artigo sobre alterações climáticas antropogênicas foi publicado em 1896 por Svante Arrhenius. Portanto, um período entre o momento em que a ciência é feita e o momento em que o público toma conhecimento dela. Dentro dos círculos científicos, sim, vemos provas de que alguns destes cientistas falavam em termos terríveis sobre a ameaça das alterações climáticas decorrentes da utilização de combustíveis fósseis. Mais uma vez, no início da década de 1970, uma proposta circulou na comunidade científica. A ideia era criar um programa de investigação que pudesse estudar os combustíveis fósseis e as alterações climáticas. E, por unanimidade, os entrevistados disseram "vamos construir". Não vamos indicar a dimensão da obra. Não vamos falar sobre o que cobrir. Mas devem criá-lo. Vale a pena analisar esta questão. Então, William Elliot. MAURA: A pessoa cuja correspondência você leu. JUSTIN: Esta pessoa, cuja correspondência eu li, que era físico atmosférico na NOAA, mas agora está na ERDA, procura seu colega Lester Machta, um meteorologista proeminente, David Slade, que também estava na ERDA, mas esteve na Divisão de Pesquisa Biomédica e Ambiental com a AEC. E outras figuras. E eles decidem que o próximo passo deve ser um workshop. E eles começam a organizar no verão de 1976 um workshop a ser realizado em Fort Lauderdale, FL. Enquanto eles estão construindo esse tipo de workshop, eles decidem entrar em contato com alguns dos proeminentes climatologistas europeus, e o que eles descobrem logo é que os europeus também estavam organizando uma conferência a ser realizada duas semanas depois, em março de 77, em um tema semelhante: a relação entre os combustíveis fósseis e as mudanças climáticas. MAURA: Isso é interessante. Assim, independentemente, cientistas americanos e europeus chegaram à mesma conclusão, que eles realmente precisam observar os efeitos do aumento do dióxido de carbono na atmosfera. JUSTIN: E eu trago isso apenas para dizer que esta não era apenas uma história americana. Este é um tipo de momento de acordo internacional. Esse algo precisa ser estudado sobre combustíveis fósseis e mudanças climáticas. É importante notar que no final dos anos 70, além desse esforço americano, havia uma crescente conscientização internacional sobre os perigos que as mudanças climáticas poderiam representar. E a partir disso, eles desenvolveram um plano preliminar de como construir o Programa de Pesquisa e Avaliação dos Efeitos do Dióxido de Carbono. MAURA: CERA. JUSTIN: CERA. David Sedaris, certo? MAURA: (risos) Um comediante famoso. JUSTIN: Um comediante famoso. Portanto, é o verão de 1977 e grandes mudanças ocorrendo na burocracia federal. Em 4 de agosto de 1977, foi formado o Departamento de Energia, que foi o ponto culminante desses esforços sobre os quais falamos anteriormente nas administrações de Nixon e Ford, para construir uma agência unificada e coordenada capaz de lidar com a política energética. E neste ponto, talvez devêssemos apresentar algumas dessas figuras importantes no CDERA. Mencionamos no início do episódio que este podcast é baseado nos artigos de William P. Elliot, que era um físico atmosférico. Primeiro localizado em NOAA, mas depois se mudando para ERDA, que mais tarde seria absorvido pelo Departamento de Energia. Temos Lester Magda, que foi um preeminente meteorologista americano do pós-guerra e parte do Laboratório de Recursos Aéreos na época. E ele foi uma figura importante na organização dos esforços por trás do CDERA. Slade foi realmente fundamental para fazer a conferência de Miami Beach decolar. Depois de todos os seus esforços, foi decidido que seria ele a liderar o que viria a ser a CDERA. E durante o resto da sua história, tanto quanto sei, até à administração Reagan, Slade liderou a CDERA. Esta é uma breve biografia de algumas das figuras que foram fundamentais na construção do CDERA. E, em meados de 1977, vemos nas cartas trocadas entre os cientistas que, para alguns deles, a questão dos combustíveis fósseis, do dióxido de carbono e das alterações climáticas, eram questões que se relacionavam e eram muito preocupantes. E eu quero ler um trecho de uma carta de Elliot para seu colega, Ralph Rotty, também um organizador da conferência de Miami Beach, porque acho que nesta carta você tem uma noção de como esses dois cientistas que estavam cientes da questões relacionadas com as mudanças climáticas antropogênica, a entenderam em termos realmente modernos e familiares aos ouvintes de hoje. Então, Maura, se estiver tudo bem para você, posso apenas ler algumas dessas citações? MAURA: Não. (risos) JUSTIN: Tudo bem, então vamos seguir em frente, para - MAURA: (risos) Tudo bem, vá em frente, vá em frente. JUSTIN: Tudo bem, então este é Elliot, novamente no verão de 1977. “Salvo o desenvolvimento inesperado de métodos de remoção do CO2 do ar, a única maneira de reagir à constatação de que as alterações climáticas conduzirão, de fato, a grandes convulsões sociais é reduzir drasticamente o consumo de combustíveis fósseis (ou mudança radical nas práticas de uso da terra, caso seja demonstrado ser uma fonte significativa de CO2). A única alternativa será conviver com as mudanças. A redução do uso de combustível fóssil acontecerá, acredito, se uma fonte de energia não produtora de CO2 estiver disponível para substituir os combustíveis fósseis” Então, nesse primeiro parágrafo, ouvimos como Elliot pensou que a situação era terrível. E ele continua a escrever: " Não importa o quanto estejamos convencidos de que as previsões de mudanças climáticas são basicamente corretas, elas se basearão em simulações de computador: até que sejam verificadas por observações, sempre serão suspeitas. Nenhuma quantidade de discursos convencerá o público a baixar seu padrão de vida agora, porque as pessoas sentirão um aumento de alguns graus em 50 anos. Além disso, nenhum político apoiará medidas draconianas que, na ausência de combustíveis alternativos, resultariam em perturbações econômicas internas tão grandes quanto as hipotéticas que poderão ocorrer posteriormente”. MAURA: As pessoas vão duvidar dos modelos climáticos até que haja evidências para apoiá-los, o que requer um certo tempo de espera, porque se você está prevendo o futuro, tem que esperar até o futuro para verificar. JUSTIN: Certo. E vou usar um dos meus clichês menos favoritos aqui. Mas o futuro é agora. Este é o futuro sobre o qual Elliot estava escrevendo. Aqui estamos 45 anos depois, lendo essas palavras e entendendo como esse cientista em particular, achava sobre a terrível situação que a mudança climática representava. E conclui sua carta . . . no último parágrafo ele escreve: "Como eu disse, não tenho esperança de que qualquer quantidade de pesquisa convença o mundo em mudar seu caminho, a menos que sejam encontrados combustíveis substitutos e mesmo questionáveis. Se, de fato, nenhuma ação mundial para reduzir o uso de combustíveis fósseis, talvez seja melhor concentrar a investigação na melhor forma de viver com as consequências, em vez de, como Cassandra, fazer profecias em que ninguém acredita”. NTD (Na mitologia grega, Cassandra, é uma profetisa do deus Apolo que possuía o dom de anunciar profecias nas quais ninguém acreditava, sendo por isso considerada louca.) MAURA: Isso é tão interessante. Então, ao invés de tentar parar a mudança climática introduzindo combustível alternativo, ele está dizendo que precisamos aprender a lidar com os efeitos da mudança climática. Então, como seria isso? JUSTIN: Bem, essa é uma pergunta difícil de responder. E eu realmente não tenho uma resposta para isso agora. Mas, isso nos leva a entender como o CDERA foi organizado, porque não foi construído apenas para entender as mudanças climáticas como era então, em 1977. Ele também foi construído para tentar descobrir como suavizar as mudanças climáticas futuras e talvez recuar de uma dependência excessiva de combustíveis fósseis que apenas agravaria o problema. Então, vamos ver como o CDERA realmente funcionava. Assim, cerca de 9 meses após a conferência de Miami Beach, Elliot, Mackta e outros começam a circular um rascunho do plano para o Programa de Pesquisa de Dióxido de Carbono, a ser organizado e financiado pelo Departamento de Energia. Como mencionei antes, David Slade seria o chefe do escritório. Ele seria o diretor, responsável por toda a logística. E ele trabalharia com algo chamado Direção Científica. Este é um corpo de cientistas credenciados que revisariam quaisquer solicitações de financiamento, garantiriam que o programa estivesse operando como deveria e garantiriam que todos os programas de pesquisa componentes estivessem trabalhando em direção às suas conclusões em tempo hábil. Abaixo da Diretoria Científica, esses cientistas também estão construindo um painel que pode pesquisar como as mudanças climáticas afetarão a sociedade, a economia, as situações políticas. Essas são coisas que Elliot insinuou em sua carta a Rotty. Certo, essa mudança climática não é apenas um problema na atmosfera, quilômetros acima da superfície da Terra. É algo que vai nos afetar aqui mesmo. garantiria que o programa estivesse funcionando como deveria e garantiria que todos os programas de pesquisa componentes estivessem trabalhando para chegar às suas conclusões em tempo hábil. Abaixo da Diretoria Científica, esses cientistas também estão construindo um painel que pode pesquisar como as mudanças climáticas afetarão a sociedade, a economia, as situações políticas. Essas são coisas que Elliot insinuou em sua carta a Rotty. Certo, essa mudança climática não é apenas um problema na atmosfera, quilômetros acima da superfície da Terra. É algo que vai nos afetar aqui mesmo. garantiria que o programa estivesse funcionando como deveria e garantiria que todos os programas de pesquisa componentes estivessem trabalhando para chegar às suas conclusões em tempo hábil. Abaixo da Diretoria Científica, esses cientistas também estão construindo um painel que pode pesquisar como as mudanças climáticas afetarão a sociedade, a economia, as situações políticas. Essas são coisas que Elliot insinuou em sua carta a Rotty. Certo, essa mudança climática não é apenas um problema na atmosfera, quilômetros acima da superfície da Terra. É algo que vai nos afetar aqui mesmo. MAURA: Mudança climática em escala lenta. JUSTINO: Certo. Eu suponho. (ambos riem) MAURA: Certo. Mas eles estão olhando para uma abordagem holística (JUSTIN: Exatamente.) para o problema. JUSTIN: Bem, o gabinete é assim. Temos o David Slade como diretor do gabinete, a trabalhar com outras figuras do Departamento de Energia para pôr o programa a funcionar. Temos a Direção Científica, que foi incumbida de desenvolver o programa de investigação científica e de analisar as propostas de financiamento, e (risos) temos os cinco painéis. Cada um deles está encarregado de um programa de investigação diferente. MAURA: Em que ponto estamos agora, Justin? JUSTIN: Tudo bem. Então agora é 1979. O CDERA está funcionando e está funcionando muito bem. Em 1980, eles produziram um importante relatório resumindo o estado da ciência da mudança climática como eles a viam naquele momento. Foi intitulado: "Parte um: o ciclo global do carbono e os efeitos climáticos do aumento do dióxido de carbono." E conforme indicado pelo título, esta foi uma parte de uma série de várias partes. Eles anteciparam três partes no final. A primeira parte basicamente descrevia como o Departamento de Energia poderia continuar a aproveitar os sucessos do CDERA para realmente continuar implementando este programa. E o relatório carece muito da linguagem que vemos entre os cientistas, em sua correspondência pessoal. É um documento bastante familiar. A linguagem é equilibrada, não é particularmente alarmante. E eles basicamente dizem que o aumento do dióxido de carbono pode ser um problema. O que precisamos é de mais pesquisas para entender a gravidade desse problema. MAURA: Isso destaca a disparidade entre como os cientistas conversam entre si e o público quando se trata dos efeitos imediatos e perigosos da mudança climática. JUSTINO: Certo. Porque os cientistas da época simplesmente não concordavam sobre quais seriam os efeitos da mudança climática. Você teve alguns que estavam um pouco mais preocupados. Alguns dizem que isso pode ser motivo de preocupação, mas precisamos de mais pesquisas. E, claro, nos 45 anos seguintes, eles fizeram muitas pesquisas durante esse tempo. A linguagem dos relatórios oficiais, coisas do IPCC, ficou mais terrível. Então agora nos encontramos no ano de 1980. E como historiador, sei o que está por vir. E acho que esses cientistas também. MAURA: Então não sou historiadora, Justin. O que está por vir? JUSTIN: Bem, você sabe que Carter cumpriu um mandato. E atrás dele estava Ronald Wilson Reagan, o cowboy de Hollywood. Então, em novembro de 1980, Ronald Reagan é eleito e, durante sua campanha, ele disse em algumas ocasiões: "Planejo fechar o Departamento de Energia". Em março, apenas dois meses depois de assumir o cargo, Reagan apresentou um orçamento que cortou US$ 344 milhões do Departamento de Energia, resultando em grandes demissões em laboratórios nacionais e cortes no orçamento do CDERA. MAURA: Isso faz parte da pressão de Ronald Reagan por um governo menor. JUSTINO: Certo. Portanto, a pesquisa do CDERA ficou fora do novo e estreito foco da política do Escritório de Ciência e Tecnologia. Então o CDERA estava sendo fechado, e alguns dos cientistas que estão de fora, que não estão a par do que está acontecendo no Departamento de Energia, estão buscando informações sobre isso. Como vimos, em todas as etapas do processo de formação do CDERA, esses cientistas foram notavelmente transparentes. Eles estavam abertos um com o outro. Eles não apenas solicitaram feedback, mas agiram de acordo com ele. E é assim que se faz ciência. É uma troca honesta de ideias e um esforço constante para melhorar essas ideias por meio da comunicação com seus colegas. Mas, de repente, percebe-se o silêncio de David Slade. Antes tão entusiasmado com este programa. Portanto, este foi um momento em que alguns cientistas viram que a questão da mudança climática antropogênica estava se tornando mais terrível. Ao invés de esperar até que os efeitos fossem percebidos, eles tiveram que agir, Em vez de esperar até que os efeitos fossem visíveis, tinham de agir imediatamente, para entender o que estava acontecendo. E eles chegaram bem longe. Eles conseguiram um escritório dedicado ao estudo das mudanças climáticas no Departamento de Energia. Mas as eleições nos Estados Unidos têm consequências e, de repente, e para os cientistas, talvez, de forma bastante arbitrária, o dinheiro que eles tinham para financiar esse esforço organizado de pesquisa em grande escala sobre as mudanças climáticas se foi. MAURA: Certo. E não apenas se foi, mas se foi abruptamente, sem transferência de poder ou responsabilidade. JUSTIN: Então, isso reúne muitas tensões das abordagens do governo dos anos 80 para grandes projetos. E eu acho que representa um pivô, né? Conversamos no início do episódio sobre Nixon e o quanto ele era oportunista, oportunista como ele era e membro do partido republicano, né, esse partido que acredita em governo contido, ele viu que havia espaço para o governo fazer as coisas. Coordenar políticas, implementar novas políticas, pesquisar alternativas, e foi isso que ele fez com a EPA e foi o que tentou fazer com o Departamento de Energia, o que nunca conseguiu, é claro. Eles vieram duas administrações depois sob Carter. Mas com Reagan, no início dos anos 1980, você uma rejeição dessa ideia. Uma rejeição da ideia de que o governo pode realizar pesquisas sobre algo tão grande e complexo quanto o clima. E o CDERA é uma das vítimas dessa forma de governar. E como David Burns escreveu a Roger Revelle, e como Gore reiterou mais tarde durante a audiência no Congresso, isso seria um grande revés para a pesquisa sobre mudanças climáticas nos Estados Unidos. MAURA: Então, devido ao seu curto tempo de vida, Justin, o que o CDERA realizou? JUSTIN: Bem, eu acho algumas coisas. Em primeiro lugar, eles tiveram a publicação da Parte Um. Certo, essa tentativa de investigar, ou definir uma agenda para investigar as mudanças climáticas. Eu acho que é realmente significativo em sua formação, no entanto. Até que ponto as pessoas, figuras de destaque nesta espécie de ciências climatológistas, meteorologistas, físicos atmosféricos e químicos atmosféricos, como Machta, McCracken e Elliot, se uniram para tentar descobrir um programa de pesquisa. Acho que isso foi importante, porque no início do episódio, no final dos anos 60 e início dos anos 70, e como falamos no último episódio, a ciência do clima era domínio de um punhado de indivíduos. Esses cientistas realmente obstinados que estavam investigando, você sabe, aspectos particulares do clima. Mas porque eles eram apenas humanos, pessoas individuais trabalhando, elas realmente não conseguiam entender toda a complexidade da mudança climática. E o CDERA representou uma tentativa de contornar esse problema, reunindo cientistas de diferentes especialidades em uma série de agendas de pesquisa relacionadas. A maneira como os cientistas falam com o público é diferente da maneira como falam uns com os outros. A questão da mudança climática, como Elliot escreveu, como McCracken escreveu, como outros escreveram, foi bastante terrível, ou eles pensaram que poderia ser bastante terrível, 45 anos atrás. Quase 50 anos atrás, no caso da carta inicial de McCracken para Angleman. E acho que devemos prestar atenção a isso, porque coloca as questões contemporâneas sobre as mudanças climáticas em perspectiva. Eu acho que do outro lado, o que vemos também é que esse foi um campo de teste para alguns dos argumentos que mais tarde seriam usados entre não-cientistas. Contra a ciência das mudanças climáticas no interesse da negação das mudanças climáticas. É aqui que o tipo de batalha ideológica começa a tomar forma. MAURA: Quase como uma rodada de treino. JUSTINO: Certo. E mostra que ideologia e política, essas coisas podem mudar drasticamente. Novamente, no início da década você tinha Nixon, que era, segundo todos os relatos, uma espécie de político do “governo mínimo”, mas até ele pensou que talvez houvesse espaço para alguma pesquisa básica sobre energia. Ou o governo federal deveria desempenhar um papel mais coordenado na implementação da política. Ao mesmo tempo, porém, as administrações podem ser inconstantes, e o grande sucesso da adesão dos EUA aos Acordos de Paris em 2015 foi obviamente anulado nas próximas eleições. Com a entrada de Trump, os EUA se retiraram de seus compromissos de Paris e se retiraram de um acordo internacional. Uma espécie de estrutura que foi elaborada para enfrentar a mudança climática e mitigar seus piores efeitos. Mas isso foi' a primeira vez que uma eleição importava em termos de política climática. O que vemos é que isso também ocorre no final da década de 1970. Como Reagan cortou o orçamento de agências como CDERA e outros programas que se concentravam no estudo do clima. Nas palavras de David Burns, atrasou a agenda de pesquisas sobre mudanças climáticas no país. MAURA: E acho importante na conclusão deste episódio falar sobre a negação do clima moderno. Nós meio que tocamos nisso anteriormente, mas é realmente esse ciclo vicioso de ciência de qualidade com imensa revisão por pares, certo, e pessoas que têm algum tipo de motivação para atacá-lo. Como falamos no episódio anterior, às vezes as pessoas pensavam que uma mudança no clima poderia ser benéfica. Eu acho que o governo é um navio realmente lento, e faz curvas e não dúvida de que Reagan fechando o CDERA realmente teve impactos de longo prazo no meio ambiente, mas o poder da burocracia durante a era Trump manteve o navio funcionando a direção certa. Você sabe, não mudou tudo. Na verdade, o navio está se movendo muito devagar. Mas também acho que esta é uma história da “boa ciência” acontecendo e, enquanto ela continuar a acontecer, temos motivos para otimismo. A boa ciência está acontecendo hoje. tantas pessoas interessadas em ciência do clima. tantos bons cientistas trabalhando nisso. Existem tantas ferramentas e tantas opções para as pessoas se posicionarem e fazerem uma mudança em suas vidas pessoais, inclusive votando. Não acho que essa seja uma história que nos motivos para desistir. Acho que esta é uma história que prova que as pessoas são importantes e que falar sobre ciência do clima é muito importante. Muito obrigado por se juntar a nós hoje. Existem tantas ferramentas e tantas opções para as pessoas se posicionarem e fazerem uma mudança em suas vidas pessoais, inclusive votando. Não acho que essa seja uma história que nos dê motivos para desistir. Muito obrigado por se juntar a nós hoje. JUSTIN: Para saber mais sobre nossa discussão e encontrar fotos relacionadas, postagens em blog e transcrições para este episódio, confira nosso site. MAURA: Também um agradecimento hoje ao nosso guia turístico e diretor associado de coleções e serviços da biblioteca, Allison Rein. JUSTIN: Este episódio foi criado, pesquisado e escrito por Maura Shapiro e Justin Shapiro. MAURA: Allison Rein é nossa produtora executiva, com produção e edição de áudio de Kerry Thompson. JUSTIN: E um agradecimento especial à maravilhosa equipe da Niels Bohr Library and Archives and Center for History of Physics por nos apoiar em todas as nossas necessidades de pesquisa. MAURA: A Initial Conditions é generosamente patrocinada pela Alfred P. Sloan Foundation. JUSTIN: Eu sou Justin Shapiro. MAURA: E eu sou Maura Shapiro. JUSTIN: E você está ouvindo Initial Conditions.
Leitura adicional
Interview of Lester Machta by Spencer Weart with William Elliott on 1991 April 25, Niels Bohr Library & Archives, American Institute of Physics, College Park, MD USA, www.aip.org/history-programs/niels-bohr-library/oral-histories/31417 Like Elliott, Machta was closely involved in the formation and operation of CDERA. Soon after the inauguration of Ronald Reagan, Machta and Elliott were asked to step away from the program. Here Machta describes the state of climate science in the 1960s-1980s. Interview of William Elliott by Spencer Weart with Diane Gaffen on 1991 April 24, Niels Bohr Library & Archives, American Institute of Physics, College Park, MD USA, www.aip.org/history-programs/niels-bohr-library/oral-histories/5092 (accessed July 13th, 2022). In this oral history Elliott describes his background and career. Pertinent to this episode, Elliott also provides a history of CDERA and its operation. Elliott was closely involved with the carbon dioxide research effort and his papers constituted most of the research material for this episode. Notas Special thanks to our guest, Sir Roland Jackson of the Royal Institute. Kerry Thomspon of Thompson House Productions produced this show. Allison Rein is executive producer. Initial Conditions: A Physics History Podcast is generously sponsored by the Alfred P. Sloan Foundation. Fontes e coleções usadas Weart, Spencer. The Discovery of Global Warming: A Hypertext History of How Scientists Came to (Partly) Understand the Problem of Climate Change. Center for History of Physics at the American Institute of Physics, https://history.aip.org/climate/index.htm (accessed June, 2022). William P. Elliott papers on carbon dioxide and climate change. American Institute of Physics, Niels Bohr Library & Archives, College Park, MD 20740, USA. Justin Shapiro, Coordenadora de Podcast e Divulgação Veja todos os artigos de Justin Shapiro

Crise de Energia e Mudanças Climáticas

na década de 1970

Episódio 3: Crise de Energia e Mudanças Climáticas na década de 1970

Ciência e Cultura na escola
Leitura
Condições iniciais
Crise de Energia e Mudanças Climáticas na década de 1970 Condições iniciais: Um Podcast de História da Física
Fechar Cartas de Einstein ao Presidente Roosevelt - 1939 Carta de Einstein a Born - 1926 Carta de Einstein a Born - 1944 O princípio da Incerteza de Heisenberg - Henrique Fleming Ciência e Weltanschauung - a Álgebra como Ciência Árabe - L. Jean Lauand A contribuição de Einstein à Física - Giorgio Moscati Antes de Newton Maria Stokes - AIP Einstein: Novas formas de pensar Emílio Gino Segré Símbolo e Realidade - Max Born Um passeio pelas interações fundamentais na natureza Maria Stokes - AIP Um Caminhada Através do Tempo Episódio 1: Eunice Foote Podcast episódio 1: Eunice Foote Episódio 2: Arrhenius, Callendar e Keeling Podcast episódio 2: Arrhenius, Callendar e Keeling Episódio 3: Ciência das Mudanças Climáticas na década de 1970 Podcast episódio 3:Ciência das Mudanças Climáticas na década de 1970 Episódio 4: Contracultura Quântica Podcast episódio 4: Contracultura Quântica Episódio 5: Einstein estava errado? Podcast episódio 5: Einstein estava errado? Episódio 7: A presença afro-americana na física Podcast episódio 7: A presença afro-americana na física Episódio 8: Uma entrevista com o Dr. Ronald Mickens Podcast episódio 8: Uma entrevista com o Dr. Ronald Mickens Episódio 9: O Inesperado Herói da Luz Podcast episódio 9: O Inesperado Herói da Luz Episódio 10: O Newton que você não conhecia Podcast episódio 10: O Newton que você não conhecia Episódio 11: O Legado do Almagesto de Ptolomeu Podcast episódio 11: O Legado do Almagesto de Ptolomeu
Índice dos textos
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Condições      iniciais

Este

episódio

descreve

os

esforços

empreendidos

pelo

Departamento

de

Energia

no

final

dos

anos

1970

para

estudar

as

consequências

ambientais,

econômicas

e

sociais

na

mudança

climática

antropogênica.

No

início

dos

anos

1970,

o

presidente

Richard

Nixon

enfrentou

uma

série

de

crises

energéticas.

Apagões

nas

principais

cidades

dos

EUA,

escassez

de

gás

natural

e

o

embargo

de

petróleo

da

OPEP

em

1973

levaram

a

invernos

frios,

verões

quentes

e

longas

filas

nos

postos

de

gasolina.

Em

resposta,

Nixon

começou

a

reorganizar

o

poder

executivo

para

responder

melhor

a

tais

crises,

um

esforço

que

continuaria

durante

os

mandatos

de

seus

sucessores

Gerald

Ford

e

Jimmy

Carter.

Uma

proposta

sugerida

pelos

novos

assessores

de

energia

de

Nixon

era

queimar

mais

carvão

e

petróleo

domésticos.

Meteorologistas,

cientistas

atmosféricos,

oceanógrafos

e

cientistas

de

áreas

afins

prestaram

muita

atenção

a

essas

novas

políticas

energéticas.

Alguns,

incluindo

William

P.

Elliott,

então

trabalhando

no

Laboratório

de

Recursos

Aéreos

da

Administração

Nacional

Oceânica

e

Atmosférica

(1),

responderam

com

alarme.

Baseado

nos

artigos

de

William

P.

Elliott,

este

episódio

cobre

os

esforços

federais

de

pesquisa

sobre

mudanças

climáticas

antropogênicas

durante

o

governo

Carter.

Um

grupo

de

cientistas

começaram

a

organizar

um

programa

de

pesquisa

dentro

do

novo

Departamento

de

Energia

para

estudar

as

consequências

de

uma

maior

dependência

dos

combustíveis

fósseis.

Isto

é,

até

ao

súbito

encerramento

desse

programa

em

1981.

Discutiremos

também

a

forma

como

os

debates

sobre

as

alterações

climáticas

de

quase

cinquenta

anos

atrás

ainda

repercutem

nos dias de hoje.

(1) O Air Resources Laboratory é um laboratório de qualidade do ar e clima no Escritório de Pesquisa Oceânica e Atmosférica, que é uma unidade operacional da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica nos Estados Unidos. É um dos sete Laboratórios de Pesquisa da NOAA.
Transcrição da gravação
Justin Shapiro
Maura Shapiro
Allison Rein
Sobre a Equipe de Podcasts
Postagem do blog: Ex LIbris Universum
oradores: Maura Shapiro e Justin Shapiro Condições Iniciais Episódio 3: Os arquivos William P. Elliot JUSTIN: Bem, vamos caminhar até o local dos arquivos de William P. Elliot, eles já estão conosco. ALLISON: Sim, você pediu! MAURA: Eu sou Maura Shapiro. JUSTIN: E eu sou Justin Shapiro. ALLISON: E eu sou Allison Rein, sua guia turística pela Biblioteca e Arquivos Niels Bohr. E estamos examinando os arquivos de William P. Elliot. MAURA: As cartas de William P. Elliot, o cientista que estudou a atmosfera. JUSTIN: E eu os encontrei porque estava realmente interessado... Não tem a data na caixa, mas no guia de pesquisa tem a data, e é por volta de 1975, e eu fiquei pensando, "Mudanças climáticas em 1975?" Parece muito cedo. ALLISON: Sim, é verdade. MAURA: Parece recente e de fato é recente. William Elliot fazia parte de uma equipe de investigadores que estavam na vanguarda da investigação sobre o clima desde o final da década de 1970. JUSTIN: Estamos desenterrando a história sobre a evolução da ciência do clima. E, para isso, estamos vasculhando os documentos do Elliot. MAURA: Bem, o termo não seria desenterrar, eu diria manuseando com um certo cuidado. ALLISON: Eu te agradeço. JUSTIN: Vamos levá-los para a sala de leitura lindamente iluminada, aqui na Biblioteca de Arquivo Niels Bohr. ALLISON: Nunca falta luz natural. JUSTIN: Vou pegar a primeira pasta. ALLISON: "Qual foi o grande achado? Em que momento do 'ah-ha!' em que você pensa: Encontrei o que eu precisava" JUSTIN: Bem, não foi apenas um momento. Acho que ao olhar o guia de pesquisa, notei que os anos eram tão precoces na história da mudança climática, mas na verdade a história se desenrolou diante de mim. Mas aqui algumas coisas interessantes. Apenas documentos dos anos 70, algumas cópias de cartas obviamente datilografadas. Mas sim, estes são os documentos dos Elliot. É neles que baseamos o episódio. ALLISON: São aparentemente documentos sem grande importância, no entanto você está dando vida a estes documentos. Veja, você está transformando estes papeis, o que muitas pessoas veriam como documentos cinzentos e sem cor, você viu a história que está por trás deles. MAURA: Estas são as condições iniciais. JUSTIN: Um podcast de história da física. MAURA: Todo problema na física começa com um conjunto de condições iniciais, que fornecem o contexto para que a física aconteça. JUSTIN: Da mesma forma, neste podcast, vamos mergulhar nas condições iniciais que tornaram a ciência possível. As pessoas, lugares e eventos que foram negligenciados e pouco estudados. E hoje, mergulhamos no trabalho de cientistas do clima da década de 1970. MAURA: Justin, então nos fale sobre os documentos. JUSTIN: Darei as três condições iniciais. Primeiro, a presidência de Nixon e a criação da EPA. Isso é uma coisa só. Em segundo lugar, a crise energética do início da década de 1970. E, em terceiro lugar, quero falar um pouco sobre a forma como os cientistas da década de 1970, . . . . . quase 50 anos, falavam sobre as alterações climáticas entre eles. Como, na sua correspondência pessoal, enfatizavam algumas das implicações mais desastrosas na utilização dos combustíveis fósseis e das alterações climáticas. MAURA: Bem, estou entusiasmada por saber como é que a história evolui. Por onde gostaria de começar? JUSTIN: Bem, eu quero começar com Richard Nixon. E em nossas conversas, expressamos muito interesse no homem e em sua presidência. Posso dar uma impressão, se quiser. MAURA: Não sei se quero isso, mas vá em frente. JUSTIN: Tudo bem, não . . . . . . . . vamos guardá-lo para um episódio bônus então. MAURA: (risos) Ok. JUSTIN: Sim, estará no nosso Patreon. (NDT -Patreon é um web site norte-americano de financiamento coletivo que oferece ferramentas para criadores gerenciarem serviços de assinatura de conteúdo, bem como formas para os artistas construírem relações e proporcionarem experiências exclusivas para os seus assinantes, ou "patronos.") MAURA: Oh, nós realmente queremos isso. (risos) JUSTINO: Tudo bem. MAURA: Estou apenas ouvindo o produtor e, de fato, queremos isso. JUSTIN: Tudo bem, vou editar os palavrões . . . . . . . . . MAURA: (risos) Isso é muito bom. Bem, veja que é um podcast e não um programa de rádio, você pode xingar. (risos) JUSTIN: De qualquer forma, vamos ser profissionais sobre isso. E vamos entrar na história de ..... MAURA: Então, Justin, como você descobriu sobre as pesquisas do governo federal relativas as mudanças climáticas? JUSTIN: Bem, eu estava fazendo o meu trabalho, que é examinar as coleções aqui na Biblioteca e Arquivo Niels Bohr. E..... MAURA: Temos um ótimo trabalho. JUSTIN: É um trabalho muito bom. Uma das coisas boas de ser historiador, eu vou usar a expressão usada por um ex-professor meu, que nestes casos podemos ler a correspondência dos outros. E então eu estava olhando para esses arquivos, e uma caixa me chamou a atenção. Pode não ser exatamente isso, mas vamos chamá-los de Documentos de William Elliot. E a data neles era de 1974, acho, até 1996. E eu pensei: "Uau. Combustíveis fósseis e investigação climática? Em 1974?" Dei uma boa olhada e, graças à Melanie, uma das nossas supervisoras, todos os documentos estavam dispostos pela ordem cronológica exata. E esta história foi-se desenrolando à minha frente. MAURA: Então você leu a correspondência de William Elliot como um livro e o que achou? JUSTIN: Bem, descobri que os cientistas na década de 1970, alguns deles, não todos, mas alguns deles estavam muito preocupados com os efeitos da mudança climática. Mais uma vez, estamos falando de 50 anos atrás. MAURA: E isso define a linha do tempo para quando os cientistas estavam fazendo barulho sobre os efeitos desastrosos da mudança climática, certo? JUSTIN: Bem, eles não estavam fazendo barulho. Entre eles, eles expressavam como a situação era terrível, mas para legisladores e formuladores de políticas, eles usavam esse tipo de terminologia mais cuidadosa e cautelosa com a qual estamos mais familiarizados hoje. MAURA: E os anos 70 facilitaram esse interesse pelo clima? JUSTIN: Bem, é aqui que entramos em Nixon e na crise energética. Então, Nixon assumiu o cargo em um momento de incerteza, para dizer o mínimo. Houve revoltas em cidades nos Estados Unidos em resposta à brutalidade e violência policial, especialmente em resposta ao assassinato do Dr. Martin Luther King Jr. (MAURA: Mmhmm.) E Nixon em seu primeiro discurso de posse disse: "Eu vou ser um presidente da lei e da ordem". É uma terminologia muito familiar. MAURA: Já ouvi isso antes. JUSTIN: Hummm. E isso é uma coisa que eu me dei conta sobre o projeto CDERA, o quanto essas discussões feitas a algum tempo, ainda repercutem aos dias de hoje. E veremos isso na maneira como certos políticos e nomeados políticos responderam ao que o CDERA estava tentando fazer. Mas isso vem no final do episódio. Agora, além de todas essas crises políticas, Nixon também enfrentou grandes crises energéticas. Houve apagões nas principais cidades dos Estados Unidos em 1971, escassez de gás natural para aquecimento e cozinha, aumento dos preços dos combustíveis. Isso tudo foi meio que exacerbado em 1973, durante a guerra árabe-israelense. Durante essa guerra, como sabemos, os Estados Unidos apoiaram Israel e, em resposta, a OPEP, que é a Organização dos Países Exportadores de Petróleo, decretou um embargo ao fornecimento de petróleo para os EUA e a três outros países que tinham apoiado Israel. MAURA: Só para penalizar o apoio deles a Israel? JUSTIN: Exatamente, exatamente. Os EUA enfrentaram, novamente, o aumento dos preços dos combustíveis. O racionamento de combustível teve que ser imposto, e isso era algo que o país não via desde a Segunda Guerra Mundial. E assim, em resposta, Nixon e seus assessores decidiram tentar trabalhar com o Congresso para colocar em funcionamento um único departamento de energia coordenado. E esta não foi a primeira vez que Nixon recorreu ao poder federal para pesquisar e ajudar a implementar uma nova política. Eu sei que você está familiarizado com a EPA. MAURA: Conheço a EPA. Eu tenho uma participação bastante pessoal nisso. Não sei se isso deveria entrar no podcast ou não, mas meus pais trabalham para a EPA e agora minha irmã também, então consideramos a EPA, a Agência de Proteção Ambiental, uma espécie de empresa familiar. Meu interesse por Richard Nixon começou na terceira série, quando escrevi uma biografia dele de cinco páginas em letra cursiva para a escola. E o que aprendi foi que ele iniciou a EPA e, mesmo com a idade de nove anos, percebi como era monumental que um líder republicano formasse um novo corpo no governo federal. E isso realmente me surpreendeu. Certo, então ele assume o cargo, como Justin mencionou, neste período meio caótico da história americana, e não apenas houve tumultos, mas também a poluição estava ficando muito ruim. E poluição é diferente de mudança climática. A mudança climática é uma questão meio abstrata, ou foi, uma questão abstrata. Mas a poluição que eles experimentaram foi vista e sentida e você podia sentir o cheiro no ar. As pessoas realmente começaram a se sentir interessadas no meio ambiente. Isso também é na época de Silent Spring (Primavera silenciosa Editora Globo) de Rachel Carson, que pela primeira vez tornou as pessoas realmente conscientes do que estávamos colocando no meio ambiente. Tão logo após a posse de Nixon, esta campanha de ativismo ambiental começou e o primeiro Dia Internacional da Mãe Terra, ou Dia da Terra em 1970 foi tão popular e tão amplamente frequentado que o Congresso teve que fechar, porque todos os congressistas estavam ocupados fazendo discursos sobre quão importante era a proteção ambiental. E esta é uma mudança muito rápida, porque na campanha, Richard Nixon não falou nada sobre clima. Simplesmente não era algo com que as pessoas se importassem. Mas pode-se dizer qualquer coisa sobre ele, no entanto ele era um político inteligente e sabia o que as pessoas estavam querendo. E reconheceu a necessidade de fazer alteração legislativa sobre o meio ambiente. Assim, no início de 1970, Richard Nixon falou ao Congresso e enfatizou a necessidade de mudança. Ele estabelece um programa de 37 pontos para lidar com a poluição da água, poluição do ar, gestão de resíduos sólidos, parques, recreação pública e organização. E ele diz: assim com liderança federal vigorosa, com alistamento ativo de governos em todos os níveis, com a ajuda da indústria e grupos privados, e acima de tudo com a participação determinada de cidadãos individuais em cada estado e cada comunidade que finalmente conseguiremos restaurar o tipo de ambiente que queremos para nós mesmos e para as gerações que virão. Esta tarefa é nossa. Convoca nossa energia, nossa engenhosidade e nossa consciência em uma causa tão fundamental quanto a própria vida." JUSTIN: O que esse discurso, para mim representa, é a compreensão de Nixon de que havia um apoio crescente ao movimento ambientalista na década de 1960. E você mencionou Silent Spring. E é realmente difícil subestimar o significado desse livro, publicado em 1962. Rachel Carson morreu em 1964. E ela se tornou uma espécie de lenda na comunidade ambiental. Mas o tempo todo, nos anos 60, esse fermento de contracultura. Novas manifestações políticas. Movimentos. Especialmente ligado ao Movimento dos Direitos Civis. E tudo isso era uma espécie de subcorrente da década de 1960. Ou uma sobrecorrente, dependendo de quem você perguntar. Mas todos eles se reúnem no Dia da Terra. Em 1970, Nixon esse entusiasmo pelo ativismo ambiental, pelo ambientalismo, e decide agir sobre isso. E ele o faz de uma forma que talvez não seja familiar para o público contemporâneo que entende a relação do Partido Republicano com o governo federal hoje. Ele disse: "Talvez haja um papel para o governo federal. Talvez possamos elaborar políticas que, de alguma forma, protejam o meio ambiente. Nixon, o oportunista aqui, viu essa onda de ativismo ambiental e apresentou uma ideia para uma nova agência federal, que seria responsável por fazer cumprir as leis ambientais e proteger o ar, a terra e a água dos Estados Unidos. MAURA: Sabe, de certa forma, isso é uma ruptura com o Partido Republicano que vivenciamos hoje, mas, de outras formas, faz muito sentido. Richard Nixon queria um governo eficiente. E da maneira como o governo federal havia sido criado, ele simplesmente não estava equipado para lidar com questões ambientais, que Richard Nixon percebeu que seria uma coisa importante a ser abordada com base na opinião pública. E então ele criou essa comissão para auditar o governo federal. O que eles perceberam foram todas essas ineficiências. Por exemplo, quase todas as agências governamentais tinham interesse no meio ambiente. Por razões óbvias, as agências que trabalhavam com a saúde humana tinham interesse no meio ambiente, porque as pessoas respiravam fumaça. Agências de habitação tinham interesse no meio ambiente. As agências que lidavam com o transporte tinham interesse no meio ambiente. E assim, todas essas agências estão interagindo com o ambiente à sua maneira, e isso está retardando o processo, espalhando algo por várias burocracias. Portanto, esta comissão diz: "Precisamos de uma agência para lidar com tudo isso." E essa agência, como Justin mencionou, era a Agência de Proteção Ambiental. JUSTINO: Tudo bem. Assim, a EPA foi estabelecida. Destina-se a coordenar e implementar a política federal em relação à qualidade do ar, da terra e da água. Mas em nossas conversas, você me disse antes que Nixon meio que azedou com esse projeto dele. MAURA: Claro. Portanto, antes de falarmos sobre o tipo de drama, quero definir um pouco o cenário de como era o início da EPA. Temos essa agência novinha em folha e, como mencionei antes, o meio ambiente era de responsabilidade de várias agências federais. E em vez de contratar uma nova equipe que seria, você sabe, a equipe exclusiva da EPA, o que eles fizeram foi recortar e colar esses programas individuais de todo o governo federal. Muitos dos funcionários da EPA vieram para a EPA com seus interesses adquiridos e com sua própria participação no meio ambiente. Além disso, o primeiro administrador, William Ruckelshaus, realmente precisava estabelecer a legitimidade da agência. Ele precisava de autoridade porque era regulamentar e precisava do respeito do campo. E uma das maneiras pelas quais ele fez isso foi aplicando imediatamente os padrões existentes. E um desses casos é, eu acho, o que Justin está insinuando, que meio que mostra como Richard Nixon criou essa besta, a EPA, e depois não ficou tão feliz com isso. JUSTIN: É exatamente isso. MAURA: E o caso que está em questão é o da ARMCO Steel. Em 1970, a EPA encaminhou a ARMCO Steel ao Departamento de Justiça por despejar mais de meia tonelada de produtos químicos tóxicos no Houston Ship Channel todos os dias. JUSTIN: E é assim que a indústria lidou com o lixo durante a maior parte do tempo ... Bem, durante o século 19 e a maior parte do século 20, você simplesmente o despeja em um corpo d'água próximo e espera que a água corrente limpe tudo dessas toxinas e poluentes. MAURA: Certo, e havia uma legislação que impunha a qualidade da água, e despejar meia tonelada de produtos químicos tóxicos no Houston Ship Channel todos os dias era ilegal. Assim, o caso é enviado ao tribunal e a ARMCO Steel é considerada culpada de você sabe, despejar produtos químicos na água. E o tribunal ordenou que parassem. A ARMCO Steel respondeu que, "Se tivermos que parar de despejar produtos químicos na água, teríamos que fechar esta instalação." Assim, o presidente da ARMCO Steel enviou uma carta a Richard Nixon para reclamar da EPA, e ela alegava que a aplicação desses padrões federais de qualidade da água contrariava a promessa de Nixon de que a indústria não seria penalizada por esses novos padrões ambientais. Para fazer cumprir os padrões de qualidade da água, eles teriam que demitir mais de duzentos trabalhadores. A administração de Richard Nixon ficou muito nervosa, o desemprego estava um pouco alto. Ficaria muito mal se a agência federal que ele criou para resolver esta questão de opinião pública, com a qual ele não se preocupava muito, fosse causar mais desemprego. Assim, Richard Nixon telefonou à EPA e pediu para suspender a aplicação da lei da qualidade da água para poderem negociar. No entanto os funcionários regionais da EPA souberam que a ARMCO Steel havia planejado demitir aquelas duzentas pessoas, mesmo antes da decisão da EPA. Então eles descobriram que a EPA realmente não tinha nada a ver com os planos da ARMCO Steel de aumentar o desemprego. Mas então o Washington Star descobriu documentos provando que a ARMCO Steel fez contribuições de campanha significativas para o governo Nixon, e argumentou que o governo Nixon ao se aliar à ARMCO era completamente inapropriado, porque havia um conflito de interesses. A administração Nixon ficou tão envergonhada que foi forçada a negociar um acordo com a ARMCO, que concordou em seguir as diretrizes da EPA para o tratamento de resíduos. E isso levantou muitas questões sobre a EPA. Essa novíssima agência de bebês que poderia ser fundida sobre quem realmente controlava o que eles faziam. JUSTIN: Na época da Guerra Árabe-Israelense e do embargo da OPEP, o Congresso estava buscando qualquer informação que pudesse encontrar sobre a invasão de Watergate. Informação que acabaria por levar, e esta é uma história muito simplificada, à renúncia de Richard Nixon. Curiosamente, não havia nenhum tipo de precedente de como um presidente renunciava. Então ele escreveu uma carta para alguém que ainda está vivo hoje, seu secretário de Estado... MAURA: Gerald - JUSTIN: Não, não Gerald - MAURA: Ele morreu. JUSTIN: Não, Henry Kissinger. (risos) Sim, a Ford está morta. Kissinger ainda está vivo. Mas sim, ele escreveu uma carta para Kissinger dizendo: "Estou saindo". E não havia precedente, mas era uma coisa meio interessante. Mas em 74, Nixon estava fora e Gerald Ford é o presidente JUSTIN: Então Nixon renuncia em 1974, Ford é o presidente. Nenhum deles foi capaz de colocar em funcionamento esse programa de energia único e unificado em nível de gabinete. Era Carter. Em 4 de agosto de 1977, com apenas sete ou oito meses de presidência, Carter conseguiu que o Congresso aprovasse o Departamento de Energia. E não é que começa a história do CDERA. Mas esse é o tipo de contexto, certo? Portanto, meados dos anos 70 foi um período em que a política energética estava sendo embaralhada entre muitos departamentos diferentes. Mas aquele que começou a assumir a liderança e meio que começou a se transformar nos primeiros dias do governo Carter no Departamento de Energia foi essa organização chamada Agência de Pesquisa e Desenvolvimento de Energia. ERDA para abreviar. MAURA: ERDA. JUSTINO: Sim. E é aqui que começa a história do CDERA. Portanto, temos o pano de fundo político. Vamos pular para a ciência, certo? MAURA: Em suas palavras, vamos mergulhar. JUSTIN: Então a história do CDERA. Mencionado no início do episódio que significa Programa de Pesquisa e Avaliação dos Efeitos do Dióxido de Carbono. É um acrónimo um pouco desajeitado. MAURA: Bem, eles não adotaram a abordagem da NASA de encontrar o acrônimo primeiro e depois escolher o título do programa para encaixá-lo. JUSTIN: Não, eu gostaria que tivessem. E o nome mudou várias vezes também, o que tornou difícil escrever qualquer coisa sobre isso. Mas esse é um território familiar para um historiador dos anos 19... basicamente qualquer coisa depois do New Deal. Com esse nome, Programa de Pesquisa e Avaliação dos Efeitos do Dióxido de Carbono, o que eles realmente queriam era a relação entre os combustíveis fósseis e as mudanças climáticas. E isso assumiu uma importância especial no rescaldo destas crises energéticas. Então, lembramos que o governo Carter foi uma época de experimentação com fontes alternativas de combustível, certo? Carter colocou painéis solares no telhado da Casa Branca. Que não eram para geração de eletricidade, pelo que me lembro. Eles eram para aquecimento de água, na verdade. MAURA: Ah, interessante. JUSTIN: Sim, sim, o que é bem legal. Reagan imediatamente os tirou, e (risos) isso é uma espécie de representação do que vai acontecer com o CDERA no futuro. MAURA: Uma alegoria. JUSTIN: Uma alegoria. Mas a ERDA, a Agência de Pesquisa e Desenvolvimento de Energia, essa coisa que meio que se transformou no Departamento de Energia sob Carter, eles assumiram a liderança em impulsionar novas fontes de energia; nuclear, solar, eólica e geotérmica, coisas que não eram realmente comercialmente viáveis no 1970. Eles assumiram a responsabilidade pelo desenvolvimento. Mas, após essas crises energéticas, eles também foram instruídos, em parte, a descobrir como fazer melhor uso dos combustíveis fósseis. Este país tem carvão abundante e ainda tem petróleo, e a ERDA também foi incumbida de tentar descobrir como confiar mais nessas coisas para que os EUA não dependessem tanto do petróleo estrangeiro. MAURA: Então era mais uma questão de defesa nacional, de podermos ser independentes desses países com os quais estamos potencialmente a entrar em guerra? JUSTIN: E isso é retórica que ainda vemos hoje. Certo, nossa dependência do petróleo estrangeiro. Isso é algo que Bush enfatizou... Ambos enfatizaram. Clinton, Obama... é o problema perene na história da energia americana. E o ERDA foi visto como uma maneira potencial de desenvolver melhor as fontes de combustível americanas. Isso nos leva ao jovem cientista Michael McCracken, que em 1975 trabalhava no Lawrence Livermore National Laboratory em Berkeley, CA. McCracken ainda está vivo hoje e fez muitos trabalhos realmente importantes tanto na pesquisa do clima quanto na defesa de uma melhor política climática neste país. E ele estava realmente preocupado com a proposta da ERDA de depender mais fortemente dos recursos de combustíveis fósseis. Michael McCracken escreve a seu colega da ERDA, para expressar algumas de suas preocupações sobre a proposta de depender mais fortemente do carvão e do petróleo produzidos nos Estados Unidos. Ele escreve, "ERDA está propondo e muitos executivos de serviços públicos estão pedindo que os recursos de carvão deste país sejam rapidamente desenvolvidos para servir como a espinha dorsal dos recursos energéticos dos Estados Unidos pelo menos nos próximos 100 anos." Neste ponto, estamos em 2022, significa metade do caminho. Mas nesta conjuntura crucial no planejamento de energia, parece não ter havido nenhuma avaliação crítica em que as implicações e consequências da dependência contínua da combustão de combustíveis fósseis e o aumento resultante nas concentrações de dióxido de carbono tenham sido cuidadosamente consideradas. MAURA: Interessante. Então, ele está dizendo que é preciso trabalhar mais sobre as consequências do aumento da utilização de combustíveis fósseis? JUSTINO: Certo. E isso é representativo em que ponto estava a pesquisa sobre mudanças climáticas na época. As consequências da pesquisa de combustíveis fósseis não foram muito bem compreendidas. As consequências futuras ainda não estavam previstas. Mas McCracken está expressando um senso de precaução. Portanto, a ciência ainda está meio que congelada. Indivíduos com formação em várias disciplinas, meteorologia, física atmosférica, química atmosférica, geofísica. Eles estão começando a se reunir e conversar sobre quais podem ser as implicações do uso de combustíveis fósseis no futuro. Mas eles simplesmente não sabem neste momento. MAURA: E eu gosto do que você disse, que pessoas de toda a área científica estavam se unindo, porque na época não havia um campo na ciência dedicada ao clima, como ocorre hoje. JUSTIN: E é por isso que acho que a história do CDERA é importante. E vamos entrar nisso no decorrer do episódio, mas (risos) marca esse momento em que cientistas com diferentes formações em diferentes campos se uniram para realmente se envolver com a questão das mudanças climáticas antropogênicas. Ele conclui a carta com: "Escrevo esta carta para pedir que os efeitos do dióxido de carbono sejam considerados na avaliação da estratégia energética para a próxima geração." Então, aqui está McCracken, escrevendo para seu colega da ERDA dizendo: "Olha, não sabemos necessariamente o que vai acontecer com os combustíveis fósseis, mas é melhor investigarmos e pesquisarmos isso para que possamos ter certeza de que estamos protegendo a próxima geração." Logo após a ERDA receber a carta, os cientistas dessa divisão começam a entrar em contato com seus colegas. Um deles é William Elliot, a pessoa que reuniu esses documentos. Para isso, fazem circular uma proposta com a seguinte pergunta: viável criar um programa de investigação sobre combustíveis fósseis e alterações climáticas? Tendo em conta que sabemos que os seus efeitos poderão não se fazer notar durante algumas décadas". Elliot volta a escrever à ERDA para resumir os resultados desse processo de revisão por pares e escreve que, aproximadamente uma dúzia de cientistas consultados, todos disseram: "Sim, vale a pena desenvolver um programa de investigação sobre combustíveis fósseis e alterações climáticas. Vale a pena estudá-lo, porque simplesmente não conhecemos os efeitos". MAURA: Hummm. JUSTIN: Elliot escreveu: “Um entrevistado chamou o problema de 'o impacto climático mais importante que o país enfrenta'. E vários outros enfatizaram as sérias lacunas em nosso conhecimento. Um deles disse que a possibilidade dos efeitos do CO2 era tão séria que a energia nuclear deveria ser usada em seu lugar." MAURA: Uau. E a audiência pública também foi isso, ou foi apenas nas comunicações entre cientistas? JUSTIN: Na verdade, são apenas cientistas conversando entre si. Mas esta carta foi enviada em 1975, 47 anos atrás. E temos cientistas na época dizendo: "Isso é realmente sério e precisamos estudá-lo". E estudá-lo eles fizeram. MAURA: Então, na época, a ciência não havia descoberto que o que estava acontecendo era exatamente a causa das alterações climáticas e que as alterações climáticas seriam ruins. O que você está dizendo é que os cientistas sentiram que algo estava acontecendo e que seria irresponsável aumentar o uso de combustíveis fósseis sem olhar para as possíveis consequências. JUSTIN: sempre uma discrepância entre o que os cientistas falam e o que o público em geral tem conhecimento, e isso tem a ver com uma série de fatos. Tem a ver com o ritmo a que a investigação científica acontece. Pode demorar anos, pode demorar décadas para se obter conclusões. E isso é certamente verdade no que respeita às alterações climáticas. Como falamos no último episódio, o primeiro artigo sobre alterações climáticas antropogênicas foi publicado em 1896 por Svante Arrhenius. Portanto, um período entre o momento em que a ciência é feita e o momento em que o público toma conhecimento dela. Dentro dos círculos científicos, sim, vemos provas de que alguns destes cientistas falavam em termos terríveis sobre a ameaça das alterações climáticas decorrentes da utilização de combustíveis fósseis. Mais uma vez, no início da década de 1970, uma proposta circulou na comunidade científica. A ideia era criar um programa de investigação que pudesse estudar os combustíveis fósseis e as alterações climáticas. E, por unanimidade, os entrevistados disseram "vamos construir". Não vamos indicar a dimensão da obra. Não vamos falar sobre o que cobrir. Mas devem criá- lo. Vale a pena analisar esta questão. Então, William Elliot. MAURA: A pessoa cuja correspondência você leu. JUSTIN: Esta pessoa, cuja correspondência eu li, que era físico atmosférico na NOAA, mas agora está na ERDA, procura seu colega Lester Machta, um meteorologista proeminente, David Slade, que também estava na ERDA, mas esteve na Divisão de Pesquisa Biomédica e Ambiental com a AEC. E outras figuras. E eles decidem que o próximo passo deve ser um workshop. E eles começam a organizar no verão de 1976 um workshop a ser realizado em Fort Lauderdale, FL. Enquanto eles estão construindo esse tipo de workshop, eles decidem entrar em contato com alguns dos proeminentes climatologistas europeus, e o que eles descobrem logo é que os europeus também estavam organizando uma conferência a ser realizada duas semanas depois, em março de 77, em um tema semelhante: a relação entre os combustíveis fósseis e as mudanças climáticas. MAURA: Isso é interessante. Assim, independentemente, cientistas americanos e europeus chegaram à mesma conclusão, que eles realmente precisam observar os efeitos do aumento do dióxido de carbono na atmosfera. JUSTIN: E eu trago isso apenas para dizer que esta não era apenas uma história americana. Este é um tipo de momento de acordo internacional. Esse algo precisa ser estudado sobre combustíveis fósseis e mudanças climáticas. É importante notar que no final dos anos 70, além desse esforço americano, havia uma crescente conscientização internacional sobre os perigos que as mudanças climáticas poderiam representar. E a partir disso, eles desenvolveram um plano preliminar de como construir o Programa de Pesquisa e Avaliação dos Efeitos do Dióxido de Carbono. MAURA: CERA. JUSTIN: CERA. David Sedaris, certo? MAURA: (risos) Um comediante famoso. JUSTIN: Um comediante famoso. Portanto, é o verão de 1977 e grandes mudanças ocorrendo na burocracia federal. Em 4 de agosto de 1977, foi formado o Departamento de Energia, que foi o ponto culminante desses esforços sobre os quais falamos anteriormente nas administrações de Nixon e Ford, para construir uma agência unificada e coordenada capaz de lidar com a política energética. E neste ponto, talvez devêssemos apresentar algumas dessas figuras importantes no CDERA. Mencionamos no início do episódio que este podcast é baseado nos artigos de William P. Elliot, que era um físico atmosférico. Primeiro localizado em NOAA, mas depois se mudando para ERDA, que mais tarde seria absorvido pelo Departamento de Energia. Temos Lester Magda, que foi um preeminente meteorologista americano do pós-guerra e parte do Laboratório de Recursos Aéreos na época. E ele foi uma figura importante na organização dos esforços por trás do CDERA. Slade foi realmente fundamental para fazer a conferência de Miami Beach decolar. Depois de todos os seus esforços, foi decidido que seria ele a liderar o que viria a ser a CDERA. E durante o resto da sua história, tanto quanto sei, até à administração Reagan, Slade liderou a CDERA. Esta é uma breve biografia de algumas das figuras que foram fundamentais na construção do CDERA. E, em meados de 1977, vemos nas cartas trocadas entre os cientistas que, para alguns deles, a questão dos combustíveis fósseis, do dióxido de carbono e das alterações climáticas, eram questões que se relacionavam e eram muito preocupantes. E eu quero ler um trecho de uma carta de Elliot para seu colega, Ralph Rotty, também um organizador da conferência de Miami Beach, porque acho que nesta carta você tem uma noção de como esses dois cientistas que estavam cientes da questões relacionadas com as mudanças climáticas antropogênica, a entenderam em termos realmente modernos e familiares aos ouvintes de hoje. Então, Maura, se estiver tudo bem para você, posso apenas ler algumas dessas citações? MAURA: Não. (risos) JUSTIN: Tudo bem, então vamos seguir em frente, para - MAURA: (risos) Tudo bem, vá em frente, vá em frente. JUSTIN: Tudo bem, então este é Elliot, novamente no verão de 1977. “Salvo o desenvolvimento inesperado de métodos de remoção do CO2 do ar, a única maneira de reagir à constatação de que as alterações climáticas conduzirão, de fato, a grandes convulsões sociais é reduzir drasticamente o consumo de combustíveis fósseis (ou mudança radical nas práticas de uso da terra, caso seja demonstrado ser uma fonte significativa de CO2). A única alternativa será conviver com as mudanças. A redução do uso de combustível fóssil acontecerá, acredito, se uma fonte de energia não produtora de CO2 estiver disponível para substituir os combustíveis fósseis” Então, nesse primeiro parágrafo, ouvimos como Elliot pensou que a situação era terrível. E ele continua a escrever: " Não importa o quanto estejamos convencidos de que as previsões de mudanças climáticas são basicamente corretas, elas se basearão em simulações de computador: até que sejam verificadas por observações, sempre serão suspeitas. Nenhuma quantidade de discursos convencerá o público a baixar seu padrão de vida agora, porque as pessoas sentirão um aumento de alguns graus em 50 anos. Além disso, nenhum político apoiará medidas draconianas que, na ausência de combustíveis alternativos, resultariam em perturbações econômicas internas tão grandes quanto as hipotéticas que poderão ocorrer posteriormente”. MAURA: As pessoas vão duvidar dos modelos climáticos até que haja evidências para apoiá-los, o que requer um certo tempo de espera, porque se você está prevendo o futuro, tem que esperar até o futuro para verificar. JUSTIN: Certo. E vou usar um dos meus clichês menos favoritos aqui. Mas o futuro é agora. Este é o futuro sobre o qual Elliot estava escrevendo. Aqui estamos 45 anos depois, lendo essas palavras e entendendo como esse cientista em particular, achava sobre a terrível situação que a mudança climática representava. E conclui sua carta . . . no último parágrafo ele escreve: "Como eu disse, não tenho esperança de que qualquer quantidade de pesquisa convença o mundo em mudar seu caminho, a menos que sejam encontrados combustíveis substitutos e mesmo questionáveis. Se, de fato, nenhuma ação mundial para reduzir o uso de combustíveis fósseis, talvez seja melhor concentrar a investigação na melhor forma de viver com as consequências, em vez de, como Cassandra, fazer profecias em que ninguém acredita”. NTD (Na mitologia grega, Cassandra, é uma profetisa do deus Apolo que possuía o dom de anunciar profecias nas quais ninguém acreditava, sendo por isso considerada louca.) MAURA: Isso é tão interessante. Então, ao invés de tentar parar a mudança climática introduzindo combustível alternativo, ele está dizendo que precisamos aprender a lidar com os efeitos da mudança climática. Então, como seria isso? JUSTIN: Bem, essa é uma pergunta difícil de responder. E eu realmente não tenho uma resposta para isso agora. Mas, isso nos leva a entender como o CDERA foi organizado, porque não foi construído apenas para entender as mudanças climáticas como era então, em 1977. Ele também foi construído para tentar descobrir como suavizar as mudanças climáticas futuras e talvez recuar de uma dependência excessiva de combustíveis fósseis que apenas agravaria o problema. Então, vamos ver como o CDERA realmente funcionava. Assim, cerca de 9 meses após a conferência de Miami Beach, Elliot, Mackta e outros começam a circular um rascunho do plano para o Programa de Pesquisa de Dióxido de Carbono, a ser organizado e financiado pelo Departamento de Energia. Como mencionei antes, David Slade seria o chefe do escritório. Ele seria o diretor, responsável por toda a logística. E ele trabalharia com algo chamado Direção Científica. Este é um corpo de cientistas credenciados que revisariam quaisquer solicitações de financiamento, garantiriam que o programa estivesse operando como deveria e garantiriam que todos os programas de pesquisa componentes estivessem trabalhando em direção às suas conclusões em tempo hábil. Abaixo da Diretoria Científica, esses cientistas também estão construindo um painel que pode pesquisar como as mudanças climáticas afetarão a sociedade, a economia, as situações políticas. Essas são coisas que Elliot insinuou em sua carta a Rotty. Certo, essa mudança climática não é apenas um problema na atmosfera, quilômetros acima da superfície da Terra. É algo que vai nos afetar aqui mesmo. garantiria que o programa estivesse funcionando como deveria e garantiria que todos os programas de pesquisa componentes estivessem trabalhando para chegar às suas conclusões em tempo hábil. Abaixo da Diretoria Científica, esses cientistas também estão construindo um painel que pode pesquisar como as mudanças climáticas afetarão a sociedade, a economia, as situações políticas. Essas são coisas que Elliot insinuou em sua carta a Rotty. Certo, essa mudança climática não é apenas um problema na atmosfera, quilômetros acima da superfície da Terra. É algo que vai nos afetar aqui mesmo. garantiria que o programa estivesse funcionando como deveria e garantiria que todos os programas de pesquisa componentes estivessem trabalhando para chegar às suas conclusões em tempo hábil. Abaixo da Diretoria Científica, esses cientistas também estão construindo um painel que pode pesquisar como as mudanças climáticas afetarão a sociedade, a economia, as situações políticas. Essas são coisas que Elliot insinuou em sua carta a Rotty. Certo, essa mudança climática não é apenas um problema na atmosfera, quilômetros acima da superfície da Terra. É algo que vai nos afetar aqui mesmo. MAURA: Mudança climática em escala lenta. JUSTINO: Certo. Eu suponho. (ambos riem) MAURA: Certo. Mas eles estão olhando para uma abordagem holística (JUSTIN: Exatamente.) para o problema. JUSTIN: Bem, o gabinete é assim. Temos o David Slade como diretor do gabinete, a trabalhar com outras figuras do Departamento de Energia para pôr o programa a funcionar. Temos a Direção Científica, que foi incumbida de desenvolver o programa de investigação científica e de analisar as propostas de financiamento, e (risos) temos os cinco painéis. Cada um deles está encarregado de um programa de investigação diferente. MAURA: Em que ponto estamos agora, Justin? JUSTIN: Tudo bem. Então agora é 1979. O CDERA está funcionando e está funcionando muito bem. Em 1980, eles produziram um importante relatório resumindo o estado da ciência da mudança climática como eles a viam naquele momento. Foi intitulado: "Parte um: o ciclo global do carbono e os efeitos climáticos do aumento do dióxido de carbono." E conforme indicado pelo título, esta foi uma parte de uma série de várias partes. Eles anteciparam três partes no final. A primeira parte basicamente descrevia como o Departamento de Energia poderia continuar a aproveitar os sucessos do CDERA para realmente continuar implementando este programa. E o relatório carece muito da linguagem que vemos entre os cientistas, em sua correspondência pessoal. É um documento bastante familiar. A linguagem é equilibrada, não é particularmente alarmante. E eles basicamente dizem que o aumento do dióxido de carbono pode ser um problema. O que precisamos é de mais pesquisas para entender a gravidade desse problema. MAURA: Isso destaca a disparidade entre como os cientistas conversam entre si e o público quando se trata dos efeitos imediatos e perigosos da mudança climática. JUSTINO: Certo. Porque os cientistas da época simplesmente não concordavam sobre quais seriam os efeitos da mudança climática. Você teve alguns que estavam um pouco mais preocupados. Alguns dizem que isso pode ser motivo de preocupação, mas precisamos de mais pesquisas. E, claro, nos 45 anos seguintes, eles fizeram muitas pesquisas durante esse tempo. A linguagem dos relatórios oficiais, coisas do IPCC, ficou mais terrível. Então agora nos encontramos no ano de 1980. E como historiador, sei o que está por vir. E acho que esses cientistas também. MAURA: Então não sou historiadora, Justin. O que está por vir? JUSTIN: Bem, você sabe que Carter cumpriu um mandato. E atrás dele estava Ronald Wilson Reagan, o cowboy de Hollywood. Então, em novembro de 1980, Ronald Reagan é eleito e, durante sua campanha, ele disse em algumas ocasiões: "Planejo fechar o Departamento de Energia". Em março, apenas dois meses depois de assumir o cargo, Reagan apresentou um orçamento que cortou US$ 344 milhões do Departamento de Energia, resultando em grandes demissões em laboratórios nacionais e cortes no orçamento do CDERA. MAURA: Isso faz parte da pressão de Ronald Reagan por um governo menor. JUSTINO: Certo. Portanto, a pesquisa do CDERA ficou fora do novo e estreito foco da política do Escritório de Ciência e Tecnologia. Então o CDERA estava sendo fechado, e alguns dos cientistas que estão de fora, que não estão a par do que está acontecendo no Departamento de Energia, estão buscando informações sobre isso. Como vimos, em todas as etapas do processo de formação do CDERA, esses cientistas foram notavelmente transparentes. Eles estavam abertos um com o outro. Eles não apenas solicitaram feedback, mas agiram de acordo com ele. E é assim que se faz ciência. É uma troca honesta de ideias e um esforço constante para melhorar essas ideias por meio da comunicação com seus colegas. Mas, de repente, percebe-se o silêncio de David Slade. Antes tão entusiasmado com este programa. Portanto, este foi um momento em que alguns cientistas viram que a questão da mudança climática antropogênica estava se tornando mais terrível. Ao invés de esperar até que os efeitos fossem percebidos, eles tiveram que agir, Em vez de esperar até que os efeitos fossem visíveis, tinham de agir imediatamente, para entender o que estava acontecendo. E eles chegaram bem longe. Eles conseguiram um escritório dedicado ao estudo das mudanças climáticas no Departamento de Energia. Mas as eleições nos Estados Unidos têm consequências e, de repente, e para os cientistas, talvez, de forma bastante arbitrária, o dinheiro que eles tinham para financiar esse esforço organizado de pesquisa em grande escala sobre as mudanças climáticas se foi. MAURA: Certo. E não apenas se foi, mas se foi abruptamente, sem transferência de poder ou responsabilidade. JUSTIN: Então, isso reúne muitas tensões das abordagens do governo dos anos 80 para grandes projetos. E eu acho que representa um pivô, né? Conversamos no início do episódio sobre Nixon e o quanto ele era oportunista, oportunista como ele era e membro do partido republicano, né, esse partido que acredita em governo contido, ele viu que havia espaço para o governo fazer as coisas. Coordenar políticas, implementar novas políticas, pesquisar alternativas, e foi isso que ele fez com a EPA e foi o que tentou fazer com o Departamento de Energia, o que nunca conseguiu, é claro. Eles vieram duas administrações depois sob Carter. Mas com Reagan, no início dos anos 1980, você uma rejeição dessa ideia. Uma rejeição da ideia de que o governo pode realizar pesquisas sobre algo tão grande e complexo quanto o clima. E o CDERA é uma das vítimas dessa forma de governar. E como David Burns escreveu a Roger Revelle, e como Gore reiterou mais tarde durante a audiência no Congresso, isso seria um grande revés para a pesquisa sobre mudanças climáticas nos Estados Unidos. MAURA: Então, devido ao seu curto tempo de vida, Justin, o que o CDERA realizou? JUSTIN: Bem, eu acho algumas coisas. Em primeiro lugar, eles tiveram a publicação da Parte Um. Certo, essa tentativa de investigar, ou definir uma agenda para investigar as mudanças climáticas. Eu acho que é realmente significativo em sua formação, no entanto. Até que ponto as pessoas, figuras de destaque nesta espécie de ciências climatológistas, meteorologistas, físicos atmosféricos e químicos atmosféricos, como Machta, McCracken e Elliot, se uniram para tentar descobrir um programa de pesquisa. Acho que isso foi importante, porque no início do episódio, no final dos anos 60 e início dos anos 70, e como falamos no último episódio, a ciência do clima era domínio de um punhado de indivíduos. Esses cientistas realmente obstinados que estavam investigando, você sabe, aspectos particulares do clima. Mas porque eles eram apenas humanos, pessoas individuais trabalhando, elas realmente não conseguiam entender toda a complexidade da mudança climática. E o CDERA representou uma tentativa de contornar esse problema, reunindo cientistas de diferentes especialidades em uma série de agendas de pesquisa relacionadas. A maneira como os cientistas falam com o público é diferente da maneira como falam uns com os outros. A questão da mudança climática, como Elliot escreveu, como McCracken escreveu, como outros escreveram, foi bastante terrível, ou eles pensaram que poderia ser bastante terrível, 45 anos atrás. Quase 50 anos atrás, no caso da carta inicial de McCracken para Angleman. E acho que devemos prestar atenção a isso, porque coloca as questões contemporâneas sobre as mudanças climáticas em perspectiva. Eu acho que do outro lado, o que vemos também é que esse foi um campo de teste para alguns dos argumentos que mais tarde seriam usados entre não-cientistas. Contra a ciência das mudanças climáticas no interesse da negação das mudanças climáticas. É aqui que o tipo de batalha ideológica começa a tomar forma. MAURA: Quase como uma rodada de treino. JUSTINO: Certo. E mostra que ideologia e política, essas coisas podem mudar drasticamente. Novamente, no início da década você tinha Nixon, que era, segundo todos os relatos, uma espécie de político do “governo mínimo”, mas até ele pensou que talvez houvesse espaço para alguma pesquisa básica sobre energia. Ou o governo federal deveria desempenhar um papel mais coordenado na implementação da política. Ao mesmo tempo, porém, as administrações podem ser inconstantes, e o grande sucesso da adesão dos EUA aos Acordos de Paris em 2015 foi obviamente anulado nas próximas eleições. Com a entrada de Trump, os EUA se retiraram de seus compromissos de Paris e se retiraram de um acordo internacional. Uma espécie de estrutura que foi elaborada para enfrentar a mudança climática e mitigar seus piores efeitos. Mas isso foi' a primeira vez que uma eleição importava em termos de política climática. O que vemos é que isso também ocorre no final da década de 1970. Como Reagan cortou o orçamento de agências como CDERA e outros programas que se concentravam no estudo do clima. Nas palavras de David Burns, atrasou a agenda de pesquisas sobre mudanças climáticas no país. MAURA: E acho importante na conclusão deste episódio falar sobre a negação do clima moderno. Nós meio que tocamos nisso anteriormente, mas é realmente esse ciclo vicioso de ciência de qualidade com imensa revisão por pares, certo, e pessoas que têm algum tipo de motivação para atacá-lo. Como falamos no episódio anterior, às vezes as pessoas pensavam que uma mudança no clima poderia ser benéfica. Eu acho que o governo é um navio realmente lento, e faz curvas e não dúvida de que Reagan fechando o CDERA realmente teve impactos de longo prazo no meio ambiente, mas o poder da burocracia durante a era Trump manteve o navio funcionando a direção certa. Você sabe, não mudou tudo. Na verdade, o navio está se movendo muito devagar. Mas também acho que esta é uma história da “boa ciência” acontecendo e, enquanto ela continuar a acontecer, temos motivos para otimismo. A boa ciência está acontecendo hoje. tantas pessoas interessadas em ciência do clima. tantos bons cientistas trabalhando nisso. Existem tantas ferramentas e tantas opções para as pessoas se posicionarem e fazerem uma mudança em suas vidas pessoais, inclusive votando. Não acho que essa seja uma história que nos motivos para desistir. Acho que esta é uma história que prova que as pessoas são importantes e que falar sobre ciência do clima é muito importante. Muito obrigado por se juntar a nós hoje. Existem tantas ferramentas e tantas opções para as pessoas se posicionarem e fazerem uma mudança em suas vidas pessoais, inclusive votando. Não acho que essa seja uma história que nos motivos para desistir. Muito obrigado por se juntar a nós hoje. JUSTIN: Para saber mais sobre nossa discussão e encontrar fotos relacionadas, postagens em blog e transcrições para este episódio, confira nosso site. MAURA: Também um agradecimento hoje ao nosso guia turístico e diretor associado de coleções e serviços da biblioteca, Allison Rein. JUSTIN: Este episódio foi criado, pesquisado e escrito por Maura Shapiro e Justin Shapiro. MAURA: Allison Rein é nossa produtora executiva, com produção e edição de áudio de Kerry Thompson. JUSTIN: E um agradecimento especial à maravilhosa equipe da Niels Bohr Library and Archives and Center for History of Physics por nos apoiar em todas as nossas necessidades de pesquisa. MAURA: A Initial Conditions é generosamente patrocinada pela Alfred P. Sloan Foundation. JUSTIN: Eu sou Justin Shapiro. MAURA: E eu sou Maura Shapiro. JUSTIN: E você está ouvindo Initial Conditions.
Leitura adicional
Interview of Lester Machta by Spencer Weart with William Elliott on 1991 April 25, Niels Bohr Library & Archives, American Institute of Physics, College Park, MD USA, w w w . a i p . o r g / h i s t o r y - p r o g r a m s / n i e l s - b o h r - l i b r a r y / o r a l - histories/31417 Like Elliott, Machta was closely involved in the formation and operation of CDERA. Soon after the inauguration of Ronald Reagan, Machta and Elliott were asked to step away from the program. Here Machta describes the state of climate science in the 1960s-1980s. Interview of William Elliott by Spencer Weart with Diane Gaffen on 1991 April 24, Niels Bohr Library & Archives, American Institute of Physics, College Park, MD USA, w w w . a i p . o r g / h i s t o r y - p r o g r a m s / n i e l s - b o h r - l i b r a r y / o r a l - histories/5092 (accessed July 13th, 2022). In this oral history Elliott describes his background and career. Pertinent to this episode, Elliott also provides a history of CDERA and its operation. Elliott was closely involved with the carbon dioxide research effort and his papers constituted most of the research material for this episode. Notas Special thanks to our guest, Sir Roland Jackson of the Royal Institute. Kerry Thomspon of Thompson House Productions produced this show. Allison Rein is executive producer. Initial Conditions: A Physics History Podcast is generously sponsored by the Alfred P. Sloan Foundation. Fontes e coleções usadas Weart, Spencer. The Discovery of Global Warming: A Hypertext History of How Scientists Came to (Partly) Understand the Problem of Climate Change. Center for History of Physics at the American Institute of Physics, https://history.aip.org/climate/index.htm (accessed June, 2022). William P. Elliott papers on carbon dioxide and climate change. American Institute of Physics, Niels Bohr Library & Archives, College Park, MD 20740, USA. Justin Shapiro, Coordenadora de Podcast e Divulgação Veja todos os artigos de Justin Shapiro
Episódio 3: Crise de Energia e Mudanças Climáticas na década de 1970

Crise de Energia e Mudanças Climáticas

na década de 1970

Ciência e Cutura na escola
Condições iniciais
Crise de Energia e Mudanças Climáticas na década de 1970 Condições iniciais: Um Podcast de História da Física
Cartas de Einstein ao Presidente Roosevelt - 1939
Carta de Einstein a Born - 1926
Carta de Einstein a Born - 1944
O princípio da Incerteza de Heisenberg - Henrique Fleming
Ciência e Weltanschauung - a Álgebra como Ciência Árabe - L. Jean Lauand
A contribuição de Einstein à Física - Giorgio Moscati
Antes de Newton Maria Stokes - AIP
Einstein: Novas formas de pensar Emílio Gino Segré
Símbolo e Realidade - Max Born
Um passeio pelas interações fundamentais na natureza Maria Stokes - AIP
Um Caminhada Através do Tempo
Episódio 1: Eunice Foote
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Episódio 3: Ciência das Mudanças Climáticas na década de 1970
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Episódio 7: A presença afro-americana na física
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Episódio 8: Uma entrevista com o Dr. Ronald Mickens
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Episódio 9: O Inesperado Herói da Luz
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Episódio 10: O Newton que você não conhecia
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Episódio 11: O Legado do Almagesto de Ptolomeu
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