© CIÊNCIA-CULTURA.COM - Responsável - Ricardo Pante
Símbolo e Realidade
Max Born.
Professor
de
toda
uma
série
de
sumidades
em
física
atômica,
entre
as
quais
Heisemberg
e
o
Oppenheimer,
Max
Born
recebeu,
em
1954,
o
Prêmio
Nobel
de
Física
daquele
ano,
por
ter
inventado
uma
nova
maneira
de
pensar
sobre
os
fenômenos
naturais.
Sob
sua
direção
realizou-se
em
1920
uma
revolução
científica
comparável
à
Teoria
da
Relatividade.
Partindo
das
premissas
de
Kant
na
"
Crítica
da
Razão
Pura",
Born
procura
mostrar
através
deste
trabalho
que
as
experiências
sensoriais
do
indivíduo
transformam-se
em
conhecimento
objetivo
por
intermédio
dos
símbolos
como
parte
essencial
do
método.
1. Por que a ciência é abstrata e matemática?
Se
alguém
que
não
é
físico,
químico
ou
astrônomo
passar
os
olhos
por
este
livro
ou
qualquer
outro
que
trate
dea
tais
ciências,
ficará
impressionado
com
a
quantidade
de
símbolos
matemáticos
e
de
outras
naturezas
e
com
a
escassez
de
descrições
de
fenômenos
naturais.
Até
mesmo
os
instrumentos
de
observação
são
apenas
imbolicamente
indicados
por
meio
de
diagramas.
E
,
contudo,
o
livro
pretende
tratar
das
ciências
naturais.
Onde,
neste
acúmulo
de
fórmulas,
encontra-se
a
natureza
viva
?
De
que
modo
os
símbolos
físicos
e
químicos
relacionam-se
com
aa
realidade
experimentada
através
da percepção dos sentidos ?
Até
o
próprio
cientista
poderá
eventualmente
ponderar
acerca
das
razões
que
o
levam
a
abordar
a
natureza
desse
modo
abstrato
e
formalista,
com
a
ajuda
dos
símbolos.
A
opinião
mais
corrente
é
que
o
emprego
dos
símbolos
é
apenas
uma
questão
de
conveniência,
uma
espécie
de
taquigrafia
para
trabalhar
e
dominar
a
abundância
de
material.
Penso,
porém,
que
o
problema
é
mais
complexo.
Já
aludi
a
ele
em
outro
trabalho,
ao
discutir
como
a
ciência
transforma
as
experiências
sensoriais
do
indivíduo
em
conhecimento
objetivo.
Desde
que
escrevi
aquelas
linhas,
passei
a
considerar
esta
questão
mais
detalhadamente
e
convenci-me
de
que
os
símbolos
são
uma
parte
essencial
do
método
que
visa
a
compreender
a
realidade
física
subjacente
aos
fenômenos. Tentarei explicar esta idéia a seguir.
2. Realismo ingênuo
A
realidade,
para
uma
pessoa
simplória
e
inculta,
é
aquilo
que
ela
sente
e
percebe.
A
existência
real
das
coisas
que
a
cercam
parece-lhe
tão
segura
com
as
suas
sensações
de
dor,
alegria
ou
esperança.
Pode
ser
que
uma
ilusão
de
ótica
venha
revelar-lhe
que
uma
percepção
pode
dar
margem
a
juízos
duvidosos
ou
mesmo
manifestamente
errôneos
acerca
de
fatos
reais.Ma
isso
nunca
passa,
na
superfície
da
consciência,
de
uma
curiosa
e divertida exceção.
Esta
atitude
é
chamada
de
realismo
ingênuo.
A
grande
maioria
das
pessoas
conserva
esta
mentalidade
por
toda
a
vida,
muito
embora
possam
aprender
a
distinguir
entre
a
experiência
subjetiva,
como
o
prazer,
a
dor,
a
epectativa,
a
frustração
e
as
experiências
objetivas
que
envolvem as coisas do mundo exterior.
Mas,
com
certas
pessoas,
alguma
coisa
acontece
que
as
afeta
profundamente
e
as
torna
céticas.
No
meu
caso,
ocorreu do seguinte modo.
Eu
tinha
um
primo
mais
velho
que
estudava
na
universidade,
enquanto
eu
ainda
estava
no
colégio.
Além
das
conferências
sobre
química,
ele
seguia
também
um
curso
de
filosofia
que
lhe
causava
impressão.
Certa
vez,
ele
perguntou-me
de
improvisto:
"
O
que
você
quer
dar
a
entender
exatamente
quandi
diz
que
esta
planta
é
verde
ou
que
o
céu
é
azul
?"
Considerei
a
pergunta
um
tanto
supérflua
e
respondi:
"Digo
verde
ou
azul
somente
0porque
é
assim
que
vejo
tais
cores,
exatamente
como
você".
Isso,
porém,
não
o
satisfez:
"Eistem
pessoas
daltônicas
que
vêem
as
cores
de
modo
diferente;
alguns,
por
exemplo,
não
podem
distinguir
o
vermelho
e
o
verde".
Então,
levando-me
para
um
canto,
explicou-me
que
não
havia
qualquer
meio
de
determinar
o
que
uma
outra
pessoa
percebe
e
que
até
mesmo
a
afirmação
"ele
percebe
o
mesmo
que
eu"
não
tinha
qualquer
sentido
claro.
Assim,
tornou-se
patente
para
mim
que
todas
as
coisas
são
essencialmente
subjetivas
-
todas,
sem
exceção. Foi um choque para mim.
O
problema
não
era
distinguir
entre
o
subjetivo
e
o
objetivo,
mas
conceber
um
meio
de
emancipar-se
do
subjetivo
e
chegar
a
proposições
objetivas.
Quero
dizer
desde
já
que
não
encontrei
qualquer
resposta
satisfatória
e
essa
questão
em
nenhum
tratado
filosófico.
Mas,
ocupando-me
com
a
física
e
ciências
correlatas,
cheguei,
perto
do
fim
da
vida,
a
uma
solução
que,
em
certa
medida, parece-me aceitável.
3. Kant
Naquele
tempo
distante,
sendo
um
rapazinho,
eu
seguia
o
meu
primo
e
menor,
que
me
aconselhou
a
ler
Kant.
Mais
tarde,
aprendi
que
o
problema
-
a
maneira
pela
qual
o
conhecimento
objetivo
se
origina
das
percepções
sensoriais
do
indivíduo
e
que
significa
este
conhecimento-
era
muito
mais
antigo;
que,
por
exemplo,
a
doutrina
das
idéias
de
Platão
era
uma
formulação
antiga,
seguida
de
diversas
especulações,
dos
filósofos
antigos
e
medievais
até
os
precursores
imediatos
de
Kant,
os
empiristas
ingleses
Locke,
Berkeley
e
Hume.
Não
pretendo,
contudo,
discorrer
sobre
a
história
da
filosofia;
quero
dizer
apenas
umas
poucas
palavras
sobre
Kant,
já
que
ele
influenciou
o
pensamento
dos
homens
até
nossos
dias
e
que
pretendo
valer-me
de
parte
de
sua
terminologia.
Cito
uma
passagem
da
Crítica
da
Razão
Pura,
de
Kant
("Estética
transcendental"):
"
Os
objetivos
nos
são
dados
por
meio
de
impressões
sensoriais,
eles
produzem
nossas
percepções.
São,
então,
subsumidos
pela
razão,
que
produz
conceitos".
Assim
Kant
sugere
que
os
objetos
da
percepção
são
os
mesmos
para
os
indivíduos
e
que
os
conceitos
ideados
pela
razão
são
moldados
da
mesma
forma
por
todos
os
indivíduos.
De
acordo
com
Kant,
todo
conhecimento
refere-se
aos
fenômenos,
mas
não
é
determinado
unicamente
pela
experiência
(a
posteriori)
mas
também
pela
estrutura
da
nossa
mente
(
a
priori).
As
formas
a
priori
da
nossa
percepção
são
o
espaço
e
o
tempo;
as
formas
a
priori
da
razão
são
chamadas
categorias que inclui, por exemplo, a causalidade.
A
questão
de
saber
se
além
do
mundo
dos
fenômenos
há
um
outro
mundo
dos
fenômenos
de
objetos
que
existem
por
si
(números)
é,
tanto
quanto
posso
ver,
deixadas
sem
rsposta
por
Kant.
Ele
se
refere
à
"coisa
em
si"
mas
a
declara
incognoscível.
Cito
uma
passagem
do
livro
de
Bertrans
Russel,
Wisdom
of
the
West
(Macdonald,
Londres, 1957); na pág. 241, ele afirma:
"Pela
teoria
Kantiana,
é
impo´ssível
fazer
sentir
a
experiência
de
uma
coisa
em
si,
uma
vez
que
todas
as
experiências
se
realizam
com
o
concurso
do
espaço,
do
tempo
e
das
categorias.
Podemos,
quando
muito,
inferir
que
tais
coisas
existem
a
partir
da
fonte
externa
de
impressões
por
ele
postulada.
Estritamente
falando,
nem
mesmo
isso
é
permissível,
já
que
não
dispomos
de
um
meio
independente
para
descobrir
que
tais
fontes
existem,
e
mesmo
que
dispuséssemos,
não
poderíamos
afirmar
serem
elas
a
causa
das
nossas
impressões
sensoriais.
Pois,
se
falamos
em
causalidade,
já
nos
encontramos
dentro
da
malha
de
conceitos
a
priori
que
operam no interior do entendimento".
O
conceito
vago
de
"
coisa
em
si"
é
geralmente
considrerado
um
ponto
fraco
da
doutrina
de
Kant.
Tem-se
que
supor
algo
assim
para
compreender
como
as
percepções
sensoriais
e
suas
elaborações
conceituais
feitas
por
indivíduos
isoladamente
podem
conduzir
a
proposições
objetivas,
válidas
para
todos
os
indivíduos.
Mas
essa
condição
preliminar
de
todo
conhecimento
objetivo é ela própria declarada incognoscível por Kant.
Tentarei
mostrar
como
é
possível
fugir
desse
dilema
através de métodos científicos de pensamento.
Antes,
porém,
quero
fazer
um
breve
resumo
das
atitudes
em
relação
a
este
problema,
tomadas
por
sistemas filosóficos posteriores a Kant.
4. Sistemas filosóficos posteriores
Não
posso
demorar-me
na
pré-história
do
problema
de
como
experiências
subjetivas
são
transformadas
em
conhecimento
objetivo,
mas
apenas
observar
que
ele
já
havia
sido
vagamente
discutido
por
Platão,
através
de
seu
conhecido
símile
da
caverna,
e,
mais
extensamente,
por
filósofos
posteriores,
em
particular
o
pensador
cético
David
Hume.
Os
filósofos
posteriores
a
Kant
assumiram
diversas atitudes em relação a ele.
Existem
alguns
sistemas
filosóficos
que
admitem
como
real
apenas
o
mundo
do
indivíduo,
isolado,
o
ipse.
Na
minha
juventude,
um
livro
alemão
da
autoria
de
Stirner,
O
Único
e
sua
Propriedade
(Der
Einzige
und
sein
Eigentum),
era
amplamente
lido;
como
revela
o
título,
ele
adota
este
ponto
de
vista
"solipsista".
O
fato
de
me
lembrar do título revela que o livro causou-me impressão.
Muito
mais
amplamente
aceita
é
a
opinião,
aparentemente
partilhada
por
Kant,
de
que
´[e
algo
evidente
por
si
e
que
prescinde
de
qualquer
demonstração,
serem
idênitcas
as
percepções
sensoriais
de
diferentes
indivíduos,
consistindo
o
problema
apenas
em
investigar
esse
mundo
comum
dos
fenômenos.
Tal
visão
é
adotada
pelos
assim
chamados
sistemas
idealistas,
que
culminaram
em
Hegel,
e
por
muitos
outros,
entre
os
quais
a
"fenomenologia"
de
Husserl,
a
cujas
aulas
assisti
há
sessenta
anos
em
anos
em
Gottingen.
Ele
ensinava
que
o
conhecimento
podia
ser
obtido
através
de
um
processo
mental
denominado
"intuição
da
essência"
(Wesenschau).
Isso,
porem,
não
me
satisfez.
A
escola
do
positivismo
lógico,
que
tem
suas
raízes
na
obra
do
físico
e
filósofo
Ernst
Mach
e
é
amplamente
aceita
hoje
em
dia,
prega
uma
dou-
trina
menos
obscura
porém
ainda
mais
radical.
Somente
as
impressões
sensoriais
imediatas
são
tidas
como
reais;
tudo
o
mais,
todo
o
universo
conceitual
da
vida
cotidiana
e
da
ciência
é
encarado
como
não
tendo
outro
propósito
que
não
o
de
constituir
conexões
lógicas
entre
as
impressões
sensoriais.
0
filósofo
americano
Henry
Margenau
introduziu
o
termo
"construções"
("constructs")
para
designar
tudo
isso.
Nas
interpretações
mais
radicais,
esta
teoria
significa
a
negação
da
existência
de
um
mundo
exterior
ou,
em
ultima
instancia,
a
negação
de
sua
cognoscibilidade.
Na
vida
pratica,
um
adepto
desta
doutrina
dificilmente
agiria
como
se
não
existisse
mundo
exterior
algum.
Todas
estas
teorias
fundamentam-se
na
premissa
de
que
o
mundo
das
percepções
sensoriais
e
o
"mesmo"
para
todos
os
indivíduos.
0
que
isso
significa
e
deixado em aberto.
0
"materialismo"
do
bloco
comunista
das
nações
do
Leste
classifica
todas
estas
teorias
de
"idealistas"
e
a
elas
se
opõe
violentamente.
Sustenta,
sem
provas
naturalmente
e
tão
só
como
um
axioma,
existir
uma
realidade
independente
do
sujeito.
Marx
e
Engels
parecem
considerar
isso
como
o
realista
ingênuo:
a
matéria
é
fundamental;
a
percepção
da
mente
e
uma
de
suas
manifestações.
Esse
"materialismo
mecanicista",
entretanto,
não
se
conciliou
facilmente
com
os
progressos
da
física.
Pois
nela
as
concepções
primitivas
da
matéria
desapareceram
para
dar
lugar
ao
conceito
de
"campo"
e,
eventualmente,
a
idéias
ainda
mais
abstratas.
Por
isso,
Lenin
inventou
o
"materialismo
dialético",
em
que
o
antigo
termo
"matéria"
é
preservado,
porém
compreendido
de
modo
tão
genérico
que
nenhum
dos
seus
significados
se
preserva
(tal
como
aconteceu
com
a
sua
utilização
de
outras
palavras,
"democracia",
por
exemplo).
0
axioma
básico
e
"a
existência
de
um
mundo
exterior
real,
objetivamente
cognoscível".
Sendo
a
filosofia
de
Lenin
uma
espécie
de
religião
oficial
no
Leste,
um
problema
que
ocupou
e
atormentou
a
mente
de
tantos
pensadores
tornou-se
um
artigo
de
fé,
zelado
pelo
poder do Estado.
Assim
sendo,
qual
e
a
opinião
dos
físicos
ou,
mais
geralmente,
dos
cientistas
acerca
do
problema
da
realidade?
Quero
crer
que
a
maioria
deles
são
realistas
ingênuos
que
não
quebram
a
cabeça
com
sutilezas
filosóficas.
Contentam-se
com
observar
um
fenômeno,
medi-lo
e
descreve-lo
em
seu
idioma
característico.
Na
medida
em
que
tem
de
lidar
com
instrumentos
e
sistemas
experimentais,
eles
se
valem
da
linguagem
comum
ornamentada
por
termos
técnicos
adequados,
como
e
de
praxe em toda atividade.
Mas
tão
logo
passam
a
teorizar,
isto
e,
a
interpretar
suas
observações,
eles
se
utilizam
de
um
outro
meio
de
comunicação.
Já
na
mecânica
de
Newton,
a
primeira
teoria
física
no
sentido
moderno
da
expressão,
aparecem
conceitos
que
não
correspondem
a
coisas
elementares,
tais
como
força,
massa,
energia.
Com
o
progresso
das
investigações,
essa
tendência
tornou-se
cada
vez
mais
acentuada.
Na
teoria
do
eletromagnetismo
de
Maxwell,
desenvolveu-se
o
conceito
de
campo,
inteiramente
estranho
ao
mundo
das
coisas
perceptíveis.
Leis
quantitativas
expressas
por
fórmulas
matemáticas,
como
as
equações
de
Maxwell,
tornaram-se
cada
vez
mais
predominantes.
0
mesmo
se
verificou
com
a
teoria
da
relatividade,
a
física
atômica,
a
química
moderna.
Eventualmente,
na
mecânica
quântica,
deparamo-nos
com
um
caso
em
que
o
formalismo
matemático
foi
desenvolvido
ate
o
limite
e
com
sucesso
antes
que
uma
interpretação
vazada
nas
palavras
da
linguagem
comum
fosse
encontrada,
e
mesmo
hoje
em
dia
isso
ainda
não
se
acha definitivamente estabelecido.
0
que
se
passa
aqui?
Na
física,
as
formulas
matemáticas
não
são
um
fim
em
si
mesmo
como
na
matemática
pura,
mas
símbolos
para
alguma
espécie
de
realidade
que
se
situa
além
do
nível
das
experiências
cotidianas.
Asseguro
que
esse
fato
se
acha
estreitamente
ligado
a
questão:
como
é
possível
alcançar
um
conhecimento
objetivo
a
partir
de
experiências
subjetivas?
5. Métodos de pensamentos na física
Proponho
abordar
este
problema
com
os
métodos
de
pensamento
utilizados
pelos
físicos.
Somente
uma
pequena
parte
destes
métodos
e
deriva-
da
de
sistemas
filosóficos.
Eles
foram
desenvolvidos
justamente
porque
a
maneira
tradicional
de
pensar
dos
filósofos
fracassou
ao
ser
aplicada
a
física
moderna.
A
sua
eficácia
deve-se
ao
fato
de
que
eles
se
mostraram
bem
sucedidos.
Quero
dizer
que
não
apenas
eles
contribuíram
para
a
compreensão
dos
fenômenos
naturais
como
também
conduziram
a
descoberta
de
novos,
muitas
vezes
impressionantes,
fenômenos
e
ao
domínio
do
homem
sobre a natureza.
À
reflexão
que
proponho,
entretanto,
não
cabe
o
rótulo
de
"empirismo",
tão
desdenhado
pelos
metafísicos.
As
regras
de
pensamento
utilizadas
pelos
físicos
não
derivam
da
experiência,
são
idéias
puras,
invenções
de
grandes
pensadores.
Entretanto,
elas
são
comprovadas
num
campo
extremamente
vasto
da
experiência.
Por
essa
razão,
não
pretendo
tratar
da
filosofia
da
ciência,
mas
considerar
a
filosofia
de
um
ponto
de
vista
científico.
Estou
certo
de
que
os
metafísicos
farão
objeções
a
isso,
mas não posso deixar de fazê-lo.
Para
começar,
enumerarei
alguns
destes
métodos
de
pensamento e discutirei suas origens e resultados.
A. 'Decidibilidade"
Proponho
a
expressão
"decidibilidade"
(embora
não
exista
tal
palavra
no
dicionário)
para
uma
regra
fundamental
do
pensamento
cientifico:
usar
um
conceito
somente
quando
for
decisória
sua
aplicação
ou
não
a
um
determinado caso.
Quando
surgiram
dificuldades
aparentemente
insuperáveis
nos
campos
da
eletrodinâmica
e
da
óptica
dos
corpos
em
movimento,
Einstein
descobriu
que
elas
poderiam
ser
reduzidas
a
suposição
de
que
o
conceito
de
simultaneidade
de
eventos
em
lugares
diferentes
tem
um
sentido
absoluto.
0
que,
explicou
ele,
não
era
o
caso,
devido
ao
fato
de
que
a
velocidade
da
luz
usada
como
sinalização
é
finita;
com
a
ajuda
de
recursos
da
física,
pode-se
apenas
estabelecer
uma
simultaneidade
relativa
com
respeito
a
um
sistema
particular
de
coordenadas
(inercial).
Esta
concepção
conduziu
a
teoria
da
relatividade
restrita
e
a
uma
nova
doutrina
do
espaço
e
do
tempo.
As
concepções
de
espaço
e
tempo
de
Kant
como
formas
a
priori
da
intuição
foram,
finalmente,
refutadas.
Na
verdade,
as
dúvidas
nesse
sentido
haviam
surgido
muito
antes.
Pouco
tempo
depois
de
Kant,
as
geometrias
não-euclidianas
haviam
sido
descobertas
como
possibilidades
lógicas
por
Gauss,
Bolyai
Lobatchefski.
Gauss
procurou
verificar
experimentalmente
se
a
geometria
euclidiana
estava
correta
medindo
os
ângulos
do
triângulo
formado
pelos
cumes
de
três
morros
alemães
(Brocken,
Inselsberg,
Hohe
Hagen).
Não
encontrou
um
desvio
da
soma
dos
ângulos
em
relação
ao
valor
euclidiano
de
180º.
Seu
sucessor,
Riemann,
acolheu
a
idéia
de
que
a
geometria
era
parte
da
realidade
empírica
e
desenvolveu
uma
grandiosa
generalização
em
que
a
noção
de
um
espaço
curvo
foi
introduzida
e
trabalhada com rigor matemático.
Na
teoria
da
gravitação
de
Einstein,
habitualmente
chamada
de
relatividade
generalizada,
o
principio
da
"decidibilidade"
foi
novamente
usado.
Einstein
partiu
do
fato,
bem
estabelecido
experimentalmente,
de
que,
num
campo
gravitacional,
a
aceleração
de
todos
os
corpos
e
uniforme,
independentemente
de
suas
massas.
Um
observador
num
cubículo
fechado
não
pode,
portanto,
decidir
se
a
aceleração
de
um
corpo
em
relação
ao
cubículo
é
devida
ao
campo
gravitacional
ou
a
uma
aceleração
do
cubículo
na
direção
oposta.
A
partir
deste
simples
argumento,
desenvolveu-se
a
colossal
estrutura
da
teoria
da
relatividade
generalizada.
0
principal
instrumento
matemático
foi
a
geometria
de
Riemann,
acima
mencionada,
aplicada
a
um
espaço
quadridimensional,
ou
seja,
uma
combinação
do
espaço
e
do tempo comuns.
Menciono
tudo
isso
a
fim
de
ilustrar
o
poder
e
a
fecundidade
do
principio
da
"decidibilidade".
Um
outro
resultado
bem
sucedido
deste
principio
pode
ser
encontrado
na
mecânica
quântica.
Após
um
esplêndido
início,
a
teoria
de
Bohr
relativa
ao
movimento
orbital
dos
elétrons
no
átomo
deparou-se
com
dificuldades.
Heisenberg
observou
que
a
teoria
lidava
com
quantidades
essencialmente
não
observáveis
(órbitas
eletrónicas
de
dimensões
e
períodos
definidos)
e
esboçou
uma
nova
teoria
que
se
utilizava
apenas
de
conceitos
cuja
validade
fosse
empiricamente
comprovável.
A
nova
mecânica,
de
cujo
desenvolvimento
eu
participei,
descartou
uma
outra
das
categorias
a
priori
de
Kant:
a
causalidade.
Na
física
clássica,
a
causalidade
sempre
fora
interpretada
como
determinismo
(e
Kant,
indubitavelmente,
também
a
interpretou
como
tal).
A
nova
mecânica
quântica
não
era
determinista,
mas
estatística
(ponto
sobre
o
qual
voltarei).
Seu
sucesso
em
todos os ramos da física esta fora de duvida.
Considero
razoável
aplicar
o
principio
de
"decidibilidade"
também
ao
problema
filosófico
da
origem de uma imagem mental do mundo objetivo.
B. Comparabilidade. Símbolos
0
ponto
de
que
partimos
era
a
interrogação
cética:
como
é
possível
inferir
de
um
mundo
subjetivo
de
experiências
a
existência
de
um
mundo
exterior
objetivo?
Na
verdade,
esta
inferência
é
inata
e
tão
natural
que
duvidar
dela
parece
mais
um
absurdo.
Mas
a
duvida
existe
e
todos
os
esforços
rumo
a
uma
solução,
seja
do
tipo
"coisa
em
si"
de
Kant
ou
dogma
de
Lenin,
são
insatisfatórios
porque
violam
o
principio
de
"decidibilidade".
Agora,
a
impossibilidade
de
decidir
se
o
verde
que
eu
enxergo
e
o
mesmo
verde
que
você
enxerga
se
deve
ao
esforço
de
chegar
a
concordar
com
uma
única
impressão
sensorial. Não há duvida alguma de que isso é impossível.
Mas
para
duas
impressões
do
mesmo
órgão
sensorial,
por
exemplo,
duas
cores,
existem
proposições
decisórias
e
comunicáveis,
objetivamente
comprováveis:
elas
se
referem
a
comparação
de
duas
impressões,
em
particular
no
que
se
refere
a
sua
igualdade
ou
desigualdade
(em
vez
de
igual
e
desigual,
seria
melhor
dizer
distinguível
e
indistinguível;
mas
tal
refinamento
psicológico
ano
vem
ao
caso
nestas
considerações
lógicas).
Não
resta
qualquer
dúvida
de
que
dois
indivíduos
podem
chegar
a
um
acordo
acerca
de
tais
comparações.
Embora
não
me
seja
possível
descrever
para
outra
pessoa
o
que
percebo
quando
digo
que
uma
coisa
é
verde,
podemos
ambos
constatar
e
concordar
que
duas
folhas
que
a
mim
parecem
apresentar
a
mesma
coloração,
causam
nele
também
a
mesma
impressão.
Além
da
"igualdade",
existem
ou
trás
relações
de
pares
comunicáveis
e
objetivas;
sobretudo,
as
do
tipo
mais-
menos,
por
exemplo,
claro-escuro,
forte-
fraco,
quente-frio,
duro-mole
etc.
Mas
não
necessitamos
discutir
estas
possibilidades.
A
existência
de
propriedades
comunicáveis relativas aos pares e o suficiente.
Na
física,
este
principio
de
objetivação
e
conhecido
e
praticado
sistematicamente.
Cores,
sons
e
ate
mesmo
formas
são
considerados
ano
em
separado,
mas
aos
pares.
Todo
iniciante
aprende
o
chamado
método
zero
em
óptica,
por
exemplo,
segundo
o
qual
um
instrumento
e
de
tal
forma
ajustado
que
a
diferença
preceptiva
entre
dois
campos
visuais
(em
brilho,
coloração,
saturação)
desaparecer.A
leitura
de
uma
escala
significa
a
observação
de
uma
"igualdade"
geométrica,
uma
coincidência
entre
o
ponteiro
e
uma
linha
da
escala.
Grande
parte
da
física
experimental
consiste
nessa
espécie de leitura de escala.
0
fato
de
serem
possíveis
proposições
objetivas
através
da
comparação
de
pares
e
de
enorme
importância
por
ser
a
raiz
da
fala
e
da
escrita
e
do
mais
poderoso
instrumento
de
pensamento,
a
matemática.
Proponho
que
se
utilize
o
termo
"símbolos"
para
designar
todos estes meios de comunicação entre os indivíduos.
Os
símbolos
são
mais
facilmente
reprodutíveis,
signos
visuais
ou
acústicos
ou
sinais
cuja
figura
exata
não
tem
qualquer
importância,
bastando-lhes
uma
reprodução
tosca.
Se
escrevo
(ou
pronuncio)
"A''
e
uma
outra
pessoa
também
escreve
(ou
pronuncia)
"A",
cada
um
perceberá
o
seu
próprio
"A"
e
o
do
outro
como
iguais,
óptica
e
acusticamente.
0
que
importa
e
a
igualdade
aproximada
ou
uma
certa
semelhança
-
o
aspecto
topológico,
diria
o
matemático
-
não
particularidades
como
a
altura
da
voz,
um
floreio
ou
ornamento
qualquer
da
escrita
ou
da
impressão.
Os
símbolos
são
portadores
da
comunicação
entre
os
indivíduos,
sendo,
portanto,
decisivos
para
a
viabilidade
do conhecimento objetivo.
C. Correspondência. Coordenação
Em
suas
Maximen
und
Reflektionen
("Máximas
e
Reflexões''),
Goethe
afirma
o
seguinte:
"Existe
uma
certa
regularidade
desconhecida
no
objeto
que
corresponde
a
regularidade desconhecida no sujeito".
Cito
isso
não
apenas
por
sua
relação
com
a
nossa
discussão
em
torno
da
subjetividade
e
da
objetividade,
mas
também
por
causa
da
palavra
"corresponde"
.
Goethe,
com
seu
dom
de
adivinhação,
utilizou
um
conceito
a
que
se
pode
chamar
Urbegriff
(conceito
primário)
de
todo
saber,
compreensão,
entendimento.
Digo
"primário",
traduzindo
a
silaba
alemã
Ur,
que
o
próprio
Goethe
emprega
em
muitos
casos
semelhantes:
"planta
primaria"
(Urpflanze),
na
sua
doutrina
das
metamorfoses;
"fenômeno
primário"
(Urphanomen),
na
sua
teoria
das
cores.
Em
vez
de
"corresponde",
tornou-se
corrente
o
uso
da
palavra
"coordena",
que
significa
fazer
as coisas corresponderem.
A
criança
aprende
a
falar
significa:
a
criança
aprende
a
coordenar
palavras
e
sentenças
em
relação
a
coisas,
pessoas,
ações,
percepções.
A
escrita
e
a
coordenação
de
símbolos
vi-
suais
relativos
a
esses
fenômenos
ou
as
palavras
correspondentes.
A
contagem
e
a
coordenação
dos
numerais,
"um,
dois,
três,
...",
aprendidos
de
cor,
em
relação
a
uma
seqüência
de
coisas
similares.
A
matemática
moderna
estendeu
este
princípio
a
conjuntos
infinitos
de
coisas
através
da
chamada
"teoria
dos
conjuntos"
(Mengenlehre),
introduzida
por
Georg.
Cantor,
que
demonstrou,
por
exemplo,
que
ano
se
pode
estabelecer
uma
correspondência
mutua
do
tipo
biunívoco
entre
os
pontos
de
uma
linha
(finita)
e
o
conjunto
de
todos
os
números
inteiros
(1,
2,
...
até
ao
infinito);
o
que
significa
que
existem
infinitos
conjuntos
de
"números" diferentes.
Na
geometria,
os
pontos
no
espaço
relacionam-se
a
grupos
de
números
chamados
"coordenadas".
Assim,
para
cada
fato
geométrico
corresponde
um
outro
analítico,
ou
seja,
um
teorema
no
domínio
dos
números.
A
característica
essencial
da
matemática
não
são
os
números,
mas
a
noção
de
coordenação
(2).
Existem
doutrinas
matemáticas
extensivas
e
fundamentais,
como
a
teoria
dos
grupos,
em
que
os
números
desempenham
papel
insignificante.
Na
física,
a
primeira
descoberta
não
puramente
mecânica
mas
já
propriamente
física
e
um
exemplo
perfeito
de
coordenação,
ou
seja,
a
descoberta
por
Pitágoras
de
que
os
intervalos
naturais
na
musica,
oitava,
quinta,
quarta
etc.,
correspondem
as
divisões
de
uma
corda
vibratória
segundo
proporções
simples,
2/1,
3/2,
.
4/3
etc.
Na
verdade,
existe
uma
dupla
correspondência
entre
as
percepções
do
ouvido
(intervalos
musicais),
do
olho
ou
dos
músculos
(comprimento da corda) e os números.
A
medida
da
intensidade
do
calor
(temperatura)
por
meio
de
um
termômetro
é
a
coordenação
da
percepção
do
calor
a
uma
quantidade
geométrica
(o
comprimento
da
coluna
de
mercúrio,
a
posição
da
agulha
de
um
galvanômetro)
e
desta,
por
sua
vez,
novamente
a
um
numero (valor da escala).
A
química
coordena
as
substâncias
através
de
combinações
de
símbolos
que
são
abreviações
dos
nomes
de
um
certo
numero
de
substancias
elementares
(átomos).
A
raiz
histórica
desse
procedimento
e
o
fato
de
que,
através
da
coordenação
dos
pesos
atômicos
aos
símbolos
dos
elementos,
pode-se
chegar
a
ler
os
pesos
moleculares,
a
partir
da
combinação
de
símbolos
atômicos
que
os
representam,
e
através
da
coordenação
das
valências
aos
símbolos
dos
átomos,
podem-se
prever
as
possibilidades
de
reações.
Posteriormente,
este
método
elementar
de
descrição
das
cadeias
químicas
foi
incorporado pela teoria atômica.
D. Estruturas
Esta
correspondência
entre
as
impressões
sensoriais
e
os
símbolos
estabeleceu-se
em
todos
os
campos
da
experiência.
Ela
é
suficiente
para
as
necessidades
da
vida
cotidiana:
as
palavras
e
sentenças
de
uma
linguagem,
seja
falada
ou
escrita,
correspondentes
a
percepções,
emoções
etc.,
são
aprendidas
e
utilizadas
sem
maiores
questionamentos
(realismo
ingênuo).
Assim,
a
imagem
mental
do
mundo
é
formada
pelo
homem
comum
e
apurada pela literatura.
A
ciência
vai
um
passo
adiante.
Não
sei
se
o
que
vou
dizer
se
aplica
a
todas
as
ciências
e
humanidades.
Quero
falar
apenas
das
ciências
exatas
que
conheço.
Nelas,
são
utilizados
símbolos
matemáticos,
os
quais
possuem
uma
particularidade: revelam as estruturas.
A
matemática
consiste
justamente
na
descoberta
e
investigação
das
estruturas
de
pensamento
que
existem
ocultas
nos
símbolos
matemáticos.
A
entidade
matemática
mais
simples,
a
série
de
números
inteiros
1,
2,
3,
...,
consiste
em
símbolos
combinados
de
acordo
com
certas
regras,
os
axiomas
aritméticos.
A
mais
importante
destas
regras
é
a
da
coordenação
interna:
a
cada
número
inteiro
segue-se
um
outro.
Estas
regras
determinam
um
vasto
número
de
estruturas,
a
exemplo
dos
números
primos,
com
suas
propriedades
especiais
e
sua
complicada
distribuição,
os
teoremas
de
reciprocidade
dos
restos
quadráticos
etc.
A
geometria
cuida
de
estruturas
especiais
que
se
manifestam
analiticamente
como
invariantes
em
transformação.
A
teoria
dos
grupos
trata
de
estruturas
que
surgem
quando
certas
séries
de
operações
são
repetidas,
tais
como
as
permutações
de
conjuntos
de
letras
ou
as
operações
de
simetria
como
as
rotações de imagens refletidas no espelho e outras.
Essas
estruturas
são
estruturas
do
pensamento
puro.
A
transição
para
a
realidade
é
levada
a
cabo
pela
física
teórica,
que
correlaciona
os
símbolos
aos
fenômenos
observados.
Quando
isso
é
possível,
as
estruturas
ocultas
são
coordenadas
aos
fenômenos;
são
precisamente
essas
estruturas
que
os
físicos
julgam
ser
a
realidade
objetiva
subjacente aos fenômenos subjetivos.
É
impossível
descrever
este
processo
em
sua
enorme
diversidade.
Só
se
pode
salientar
um
ponto
de
vista
histórico:
desde
Newton,
as
estruturas
contidas
nas
equações
diferenciais
tem
sido
utilizadas
e
se
tornaram
familiares.
A
razão
disso
é
que
elas
possibilitam
uma
ligação
direta
com
experiências
de
fatos
comuns
da
vida
cotidiana.
A
mecânica
de
Galileu
partiu
destas
experiências.
A
seguir,
Newton
generalizou
de
tal
forma
os
conceitos
mecânicos
que
se
tornou
possível
aplicá-los
aos
corpos
celestes.
As
primeiras
teorias
ópticas
utilizaram
modelos
mecânicos.
Supunha-se
que
o
espaço
fosse
ocupado
por
uma
substância
denominada
éter
que
funcionava
como
condutora
de
vibrações,
conforme
as
leis
da
mecânica.
Até
mesmo
Maxwell
descobriu
e
verificou
as
suas
equações
de
campo
com
a
ajuda,
a
princípio,
de
um
mecanismo
oculto.
Nos
primeiros
tempos
da
teoria
atômica,
eram
utilizados
modelos
mecânicos;
na
teoria
cinética
dos
gases,
os
átomos
eram
tidos
por
bolinhas
elásticas
que
se
repeliam
uma
as
outras e as paredes do recipiente.
Muito
lentamente,
e
contra
uma
violenta
oposição,
difundiu-se
a
opinião
de
que
os
modelos
não
apenas
eram
desnecessários,
como
também
constituíam
um
obstáculo ao progresso.
0
primeiro
exemplo
importante
foi
o
tratamento
dispensado
por
Heinrich
Hertz
a
teoria
do
campo
eletromagnético
de
Maxwell.
Hertz
não
pode
ser
chamado
unicamente
de
teórico,
pois
a
ele
devemos
a
verificação
experimental
da
teoria
através
da
sua
descoberta
das
ondas
eletromagnéticas.
No
entanto,
ele
considerava
o
campo
eletromagnético
como
uma
entidade
em
si
que
havia
de
ser
descrita
sem
o
recurso
a
modelos mecânicos.
Desde
então,
o
desenvolvimento
prosseguiu
irresistivelmente
nesta
direção.
Um
fenômeno
natural
não
necessita
ser
reduzido
a
modelos
acessíveis
à
imaginação
ou
explicável
em
termos
mecânicos,
mas,
pelo
contrário,
possui
sua
própria
estrutura
matemática,
diretamente derivada da experiência.
Essa
mudança
de
perspectiva
foi
decisiva
quando
Planck
descobriu,
em
1900,
numa
pesquisa
sobre
a
irradiação
do
calor,
uma
nova
constante
da
natureza,
o
quantum
da
energia.
Isso
não
se
ajustava
totalmente
ao
sistema
da
mecânica
newtoniana
e
das
teorias
físicas
construídas
a
sua
imagem.
E
verdade
que
os
modelos
dos
movimentos
eletrônicos
nos
átomos
sugeridos
por
Niels
Bohr
eram
uma
microimitação
do
movimento
planetário.
No
entanto,
nem
todas
as
orbitas
eram
"permitidas",
mas
apenas
certos
estados
"estacionários"
caracterizados
por
"condições
quânticas"
não-mecânicas,
sendo
que
as
transições
entre
esses
estados,
os
"saltos
quânticos",
observavam
regras
que
não
encontram
qualquer
analogia
na
mecânica.
Quando
estes
progressos
culminaram
no
estabelecimento
da
mecânica
quântica,
os
modelos
mecânicos
e
com
eles
a
descrição
causal
da
física
clássica
conheceram o seu fim.
Assim,
a
investigação
física
adquiriu
uma
liberdade
necessária
para
manipular
uma
quantidade
crescente
de
observações
e
medições.
Tentamos
encontrar
a
matemática
adequada
a
um
certo
domínio
da
experiência,
a
seguir
investigamos
a
sua
estrutura
e
a
consideramos
como
representativa
da
realidade
física,
quer
ela
se
conforme
aos
fatos
estabelecidos
ou
não.
A
título
de
exemplo,
menciono
o
espaço
curvo
do
macrocosmo
(cosmologia)
e
os
átomos,
núcleos
e
partículas
elementares
do
microcosmo,
que
quase
nada
tem de comum com o ambiente que nos e familiar.
Não
obstante,
uma
liberdade
ainda
maior
teve
de
ser
conquistada
antes
que
a
física
pudesse
reivindicar
o
direito
de
chamar
de
estruturas
as
imagens
da
realidade
que se encontram alem dos fenômenos.
E. Probabilidade
A
filosofia
sempre
se
mostrou
e
ainda
se
mostra
inclinada
a
emitir
juízos
definitivos,
categóricos.
A
ciência
foi
fortemente
influenciada
por
esta
tendência.
Os
primeiros
físicos,
por
exemplo,
consideravam
o
determinismo
da
mecânica
newtoniana
um
mérito
extraordinário.
Mas
já
no
século
XVIII
o
conceito
de
probabilidade
aparece
na
física.
Na
tentativa
de
estabelecer
uma
teoria
molecular
dos
gases,
quantidades
verificáveis,
tais
como
a
pressão,
foram
concebidas
como
termos
médios
de
colisões
moleculares.
No
século
XIX,
a
teoria
cinética
dos
gases
desenvolveu-se
ao
máximo,
seguida
pela
mecânica
estatística
aplicável
a
todas
as
substancias
gasosas,
líquidas
e
sólidas.
0
conceito
de
probabilidade
passou
a
ser
aplicado
sistematicamente
e
foi
acolhido
pelo
sistema
da física.
Este
procedimento
foi
em
geral
justificado
em
face
da
incapacidade
humana
de
lidar
com
números
muito
grandes
de
partículas
segundo
métodos
rigorosos;
no
entanto,
o
processo
elementar,
tal
como
a
colisão
de
dois
átomos,
era
suposto
obedecer
as
leis
da
física
clássica
e
determinista.
Após
a
descoberta
da
mecânica
quântica,
esta
suposição
tornou-se
obsoleta.
Os
processos
elementares
não
obedecem
a
leis
deterministas
e
sim
estatísticas,
conforme
a
interpretação
estatística
da
mecânica
quântica.
Estou
convencido
de
que
noções
como
as
de
certeza
absoluta,
precisão
absoluta,
verdade
última
etc.,
são
ilusões que devem ser excluídas da ciência.
A
partir
do
conhecimento
restrito
do
presente
estado
de
um
sistema,
pode-se,
com
o
auxilio
de
uma
teoria,
deduzir
conjeturas
e
suposições
liga-
das
a
uma
situação
futura,
expressas
em
termos
de
probabilidade.
Todo
enunciado
de
probabilidade
pode
ser,
do
ponto
de
vista
da teoria usada, certo ou errado.
Esta
indefinição
das
regras
do
pensamento
parece-me
ser
o
maior
beneficio
que
a
ciência
moderna
nos
proporcionou.
Pois
a
crença
de
que
existe
somente
uma
verdade
e
que
uma
só
pessoa
se
acharia
de
posse
dela
parece-me
ser
a
causa
mais
profunda
de
tudo
o
que
ha
de ruim no mundo.
6. Aplicação ao problema do mundo externo
Antes
de
arrematar
estas
considerações,
gostaria
de
recordar
nosso
ponto
de
partida,
qual
seja,
o
choque
experimentado
por
toda
pessoa
imaginosa
ao
se
dar
conta
de
que
uma
impressão
sensorial
isolada
não
é
comunicável,
e
daí
ser
ela
puramente
subjetiva.
Quem
quer
que
não
tenha
passado
por
esta
experiência
julgará
sofística
toda
essa
discussão.
Em
certo
sentido,
isso
e
correto.
Pois
o
realismo
ingênuo
é
uma
atitude
natural
que
corresponde
a
situação
biológica
da
raça
humana
bem
como
do
mundo
animal.
Uma
abelha
reconhece
as
flores
por
suas
cores
e
aromas
sem
necessitar
de
qualquer
filosofia.
Na
medida
em
que
nos
restringimos
aos
dados
da
vida
cotidiana,
o
problema
da
objetividade
não
é
mais
que
um
produto
de
uma
elucubração
filosófica inconseqüente.
Na
ciência,
contudo,
as
coisas
são
diferentes.
Nela,
há
que
se
lidar
freqüentemente
com
fenômenos
que
ultrapassam
a
experiência
cotidiana.
Aquilo
que
se
vê
através
de
um
microscópio
de
alta
potência,
aquilo
que
se
percebe
com
o
auxilio
de
um
telescópio,
de
um
espectroscópio
ou
de
um
dos
vários
dispositivos
eletrônicos
de
amplificação
é
incompreensível
sem
uma
teoria;
é
preciso
interpretar.
Seja
nos
domínios
mais
ínfimos
como
nos
mais
vastos,
no
do
átomo
ou
no
das
estrelas,
deparamo-nos
com
fenômenos
que
não
se
assemelham
ao
aspecto
habitual
do
nosso
meio
e
que
somente
podem
ser
descritos
com
o
auxílio
de
conceitos
abstratos.
Nela,
não
se
pode
eludir
o
problema
da
existência
de
um
mundo
objetivo,
independente
do
observador, além dos fenômenos.
Não
creio
que
essa
questão
possa
ser
respondida
categoricamente
através
do
pensamento
lógico.
Mas
ela
pode
ser
resolvida
se
nos
valermos
da
liberdade
de
considerar
como
errado
um
enunciado
extremamente
improvável.
A
suposição
de
que
a
coincidência
de
estruturas,
reveladas
pelo
uso
de
órgãos
dos
sentidos
diferentes
e
comunicável
de
um
indivíduo
a
outro,
não
passa
de
uma
causalidade e é improvável no mais alto grau.
É
este
o
procedimento
normal
do
raciocínio
científico,
não
só
da
ciência
como
também
de
qualquer
pesquisa.
Um
arqueólogo,
por
exemplo,
ao
descobrir
em
dois
países
diferentes
vestígios
de
cerâmica
de
formato
idêntico,
concluirá
que
isso
não
pode
ser
uma
casualidade,
mas
pelo
contrario,
revelador
de
uma
origem comum.
Não
temo
em
identificar
essas
estruturas
bem
definidas
à
"coisa
em
si"
de
Kant.
As
objeções
mencionadas
anteriormente
na
formulação
de
Bertrand
Russell
não
possuem
nenhuma
validade
do
nosso
ponto
de
vista.
Elas
consistem
no
seguinte:
a
existência
da
"coisa
em
si"
e
postulada
porque
se
necessita
de
uma
causa
externa
para
compreender
como
indivíduos
diferentes
experimentam
o
"mesmo"
fenômeno;
a
categoria
da
causalidade,
entretanto,
só
tem
sentido
dentro
do
domínio
do
fenômeno.
De
qualquer
modo,
o
conceito
de
causalidade
é
um
resquício
de
maneiras
antigas
de
pensar,
tendo
sido
substituído
hoje
em
dia
pelo
processo
de
coordenação,
conforme
descrevemos
anteriormente.
Este
procedimento
conduz
a
estruturas
comunicáveis,
controláveis
e,
por
isso,
objetivas.
É
justo
que
se
refira
a
elas
pela
expressão
antiga
"coisa
em
si".
Elas
são
forma
pura,
isentas
de
quaisquer
propriedades
sensoriais.
E
tudo o que podemos desejar e esperar.
0
resultado,
naturalmente,
é
contraditório
à
concepção
tradicional
da
"coisa
em
si"
de
Kant.
Hegel,
por
exemplo,
afirma
na
Enciclopédia
da
Filosofia,
§
44:
"A
coisa
em
si...
significa
que
o
objeto,
bem
como
tudo
aquilo
que
se
refere
a
consciência,
ao
sentimento,
à
emoção,
tanto
quanto
todas
as
emoções,
é
abstraído.
É
fácil
ver
o
que
resta
-
a
abstração
perfeita,
o
vazio
completo,
algo,
precisamente,
de
um
'outro
mundo'
(Jenseits)..."
Se
os
objetos
da
física
moderna,
principalmente
os
da
física
atômica,
são
identificados
a
"coisa
em
si"
de
Kant,
pode-se
concordar
com
Hegel
que
eles
são
uma
"abstração
perfeita".
Mas
que
eles
sejam
perfeitamente
vazios,
algo
de
um
outro
mundo,
não
corresponde
aos
fatos.
Que
se
pense
na
sua
utilização
prática
para
fabricar
coisas
como
máquinas,
aeroplanos,
reatores
nucleares,
plásticos,
computadores
eletrônicos
e
assim
por
diante
ad
infinitum.
Pode
acontecer
que
as
pesquisas
nucleares
possibilitem
a
transferência
do
ser
humano
para
o
"outro
mundo".
Contudo,
Hegel
não
o
concebia
nem
podia
prevê-lo.
7. Retorno às imagens.
Os
sistemas
de
fórmulas,
na
física,
não
representam
necessariamente
coisas
concebíveis,
familiares
através
da
experiência.
Não
obstante,
eles
são
derivados
da
experiência,
por
intermédio
da
abstração,
e
são
continuamente
verificados
pela
experimentação.
Por
outro
lado,
os
instrumentos
utilizados
pelos
físicos
são
feitos
de
materiais
conhecidos
e
podem
ser
descritos
em
linguagem
comum.
Os
resultados
obtidos
com
o
auxílio
de
tais
instrumentos,
chapas
fotográficas,
tabelas
de
figuras
e
curvas,
são
também
desse
tipo.
0
traço
de
gotículas
numa
câmara
de
expansão
de
Wilson
sugere
a
trajetória
de
uma
partícula;
uma
distribuição
regular
de
zonas
escuras
numa
chapa
fotográfica
sugere
uma
interferência
de
ondas.
Tais
interpretações
não
podem
ser
descartadas
sem
prejuízo
da
intuição,
que
é
a
fonte
das
investigações,
e
sem
tornar
a
comunicação
entre
as
ciências mais difícil.
Por
conseguinte,
os
físicos
são
propensos
a
descrever
o
conteúdo
de
suas
fórmulas
abstratas,
tanto
quanto
possível,
nos
termos
da
linguagem
comum,
por
meio
de
conceitos
baseados
na
intuição.
As
dificuldades
específicas
encontradas
nesse
campo
tem
sido
abordadas
pela
Escola
de
Copenhague,
sob
a
direção
de
Niels
Bohr.
Bohr
demonstrou
ser
possível
descrever
os
processos
atômicos
por
meio
dos
conceitos
"clássicos",
desde
que
se
desista
de
investigar
simultaneamente
todas
as
propriedades
de
um
sistema
físico.
Sistemas
experimentais
diferentes,
mutuamente
excludentes
embora
complementares,
são
requeridos.
0
experimentador
conta
com
a
escolha
de
qual
deles
empregar.
Assim,
reintroduz-
se
uma
tendência
subjetiva
na
física
que
não
se
pode
desconsiderar.
Outra
perda
de
objetividade
é
devida
ao
fato
de
que
a
teoria
emite
apenas
prognósticos
prováveis,
o
que
da
margem
a
expectativas
graduais.
Do
nosso
ponto
de
vista,
em
que
a
subjetividade
é
primaria
e
a
possibilidade
de
conheci-
mento
objetivo
é
problemática,
não
é
de
surpreender
que
não
seja
possível
uma
separação
rigorosa
entre
sujeito
e
objeto
quando
se
tenta
expressar
o
formalismo
matemático com o auxílio de imagens.
0
princípio
da
complementaridade
de
Bohr
é
um
outro
método
novo
de
pensamento.
Descoberto
pela
física,
ele
encontra
aplicação
em
muitos
outros
campos.
Trata-se
de
mais
uma
indefinição
dos
métodos
de
pensamento
tradicionais
que
promete
importantes
resultados.
Isso,
porém, ultrapassa os limites destas considerações.
Desejo
mencionar
que
o
último
setor
das
pesquisas
físicas,
a
teoria
das
partículas
elementares,
permanece
ainda
inteiramente
em
abstrato.
Embora
ela
gere
prognósticos
precisos
e
verificáveis,
os
próprios
processos
elementares
dificilmente
são
apreendidos
pela
intuição.
0
conteúdo
da
fórmula
universal
de
Heisenberg
parece-me
até
agora
ser
uma
"coisa
em
si"
abstrata
e
sem
correlação imediata com as impressões sensoriais.
Nessa
altura,
poder-se
-á
observar
que
a
volta
para
o
abstrato
parece
ser
uma
tendência
evidente
do
nosso
tempo.
Podemos
constatá-la
também
na
arte,
principalmente
na
pintura
e
na
escultura
abstratas.
Mas
tal
paralelo
é
apenas
aparente.
Pois,
a
meu
ver,
os
pintores
modernos
evitam
as
associações
e
interpretações
intelectuais
e
.
se
concentram
no
apelo
as
ópticas.
0
físico,
por
sua
vez,
se
vale
das
percepções
dos
sentidos
para
construir
um
mundo
intelectual.
A
palavra
"abstrato" refere-se nos dois casos a intenções opostas.
Entretanto,
nos,
cientistas,
devemos
ter
sempre
em
mente
que
toda
experiência
baseia-se
nos
sentidos.
0
teórico
que,
absorto
por
suas
fórmulas,
esquece-se
dos
fenômenos
que
ele
almeja
explicar
não
é
um
verdadeiro
cientista,
físico
ou
químico,
e
se,
nos
seus
livros,
ele
se
distancia
da
beleza
e
da
diversidade
da
natureza,
eu
o
teria
na
conta
de
um
pobre
idiota.
No
presente,
observamos
um
equilíbrio
razoável
entre
a
experimentação
e
a
teoria,
entre
a
realidade
sensorial
e
a
intelectual,
e
devemos
cuidar
para
que
ele
seja
preservado.
Devemos
tomar
cuidado
também
para
que
o
pensamento
científico
em
termos
abstratos
não
se
estenda
a
outros
domínios
nos
quais
ele
não
é
aplicável.
Os
valores
humanos
e
éticos
não
podem
ser
fundamentados
no
pensamento
científico.
É
verdade
que
Kant
tentou
edificar
um
sistema
ético
com
base
no
modelo
das
categorias,
introduzindo
o
seu
"imperativo
categórico".
Mas
a
validade
desse
postulado
não
é
"decidível",
no
sentido
da
palavra
por
nós
definido.
Ele
não
requer
mais
que
a
aceitação
e
a
crença.
Por
mais
atraente
e
satisfatório
que
o
pensamento
abstrato
possa
ser
para
o
cientista,
por
mais
valiosos
que
sejam
os
seus
resultados
para
o
aspecto
material
da
nossa
civilização,
é
bastante
perigoso
aplicar
estes
métodos
fora
do
seu
contexto,
aplicá-los
a
religião,
a
Ética,
a
arte,
a
literatura
e
a todas as humanidades.
Desse
modo,
a
minha
digressão
pela
filosofia
pretendeu
não
ser
apenas
uma
ilustração
sobre
o
fundamento
da
ciência,
mas
também
uma
exortação
no
sentido
de
restringir
os
métodos
científicos
aquele
domínio a que de fato pertencem.
NOTAS
1.
Esta
é
a
tradução
para
o
inglês
de
uma
conferência
pronunciada
na
Alemanha
durante
o
encontro
anual
dos
Laureados
Nobel
,
em
Lindau, Bodensee, em 24 de junho de 1964.
2.
Talvez
não
seja
supérfluo
observar
aqui
que
as
idéias
correntes
acerca
da
essência
da
matemática
são
um
tanto
errôneas.
Por
exemplo,
repete-se
muitas
vezes
que
a
totalidade
da
matemática
é
uma
tautologia,
isto
é,
algo
evidente
por
si,
se
propriamente
considerado.
Esta
opinião
é
expressa
pelo
distinto
biólogo
e
Prêmio
Nobel
P.
B.
Medawar,
em
seu
livro
The
Uniqueness
of
the
Individual,
p.
15
(Methuen
&
Co.,
Londres).
A
verdade
é
que
a
matemática
só
se
inicia
com
o
estabelecimento
e
a
demonstração
de
teoremas
para
conjuntos
infinitos.
Assim,
1
+
2
+
3
+
4
=
10,
não
é
um
teorema
matemático,
mas
um
fato
trivial
e
verificável.
Já
1+
2+
3
...
n
=
1/2n
(n+
1)
para
todos
os
valores
n
=
1,
2,
...
(sem
fim)
é
um
teorema
matemático
simples
de
ser
provado,
o
que,
porem,
só
pode
ser
feito
com
o
auxilio
de
um
princípio
que
não
revela
da
lógica
comum
(o
chamado principio da indução completa).
3.
A
interpretação
determinista
da
mecânica
newtoniana
é
na
verdade
uma
idealização
injustificada,
como
Brillouin
e
eu
provamos
cada
um
por
seu
lado.
Ela
se
baseia
na
idéia
de
medições
absolutamente
precisas,
suposição
que
obviamente
não
tem
nenhum
sentido
físico.
Não
é
difícil
traduzir
a
mecânica
clássica
em
termos
estatísticos.
4.
Aqui,
aplico
a
regra
lógica
do
"terceiro
excluso
"
(tertium
non
datur).
Tem
sido
investigado
o
problema,
particularmente
com
respeito
a
teoria
dos
quanta,
da
viabilidade
de
se
estabelecer
uma
"lógica
trinária",
quando
entre
"certo"
e
"errado"
existe
uma
terceira
possibilidade "indeterminada". Mas eu não posso discuti-lo aqui.
Fonte: Humanidades - Vol 1 - nº2 - pag 160 -169.
Max Born foi um físico e matemático alemão, que foi
fundamental para o desenvolvimento da mecânica
quântica. Também fez contribuições à física do estado
sólido e óptica e supervisionou o trabalho de vários físicos
notáveis nas décadas de 1920 e 1930. Ganhou em 1954 o Prêmio Nobel
de Física por sua "investigação fundamental na Mecânica
Quântica, especialmente na interpretação estatística da
função de ondas".
Fonte - Wikipedia