Boa parte das imagens utilizadas neste site pertencem a terceiros, que gentilmente permitiram sua utilização, assim sendo não posso autorizar a utilização das imagens deste site. © CIÊNCIA-CULTURA.COM - Responsável - Ricardo Pante
Leitura
Episódio 5: Einstein estava errado?
Condições iniciais

O

que

é

pseudociência?

A

resposta

é

mais

difícil

do

que

você

imagina.

Podemos

aprender

muito

mais

sobre

o

que

é

a

ciência,

como

ela

é

praticada

e

o

que

envolve

a

produção

de

novos

conhecimentos

científicos

a

partir

da

pseudociência.

Baseado

no

trabalho

do

historiador

da

ciência

Michael

Gordin

e

em

duas

coleções

da

Niels

Bohr

Library

&

Archives,

este

episódio

examina

rejeições

pseudocientíficas

e

elaborações

sobre

a

teoria

da

relatividade.

Alguns

dos

pseudocientistas

que

analisamos

pensavam

que

Einstein

estava

completamente

errado

que

ele

perdeu

alguma

informação

vital

ou

que

sua

teoria

é

simplesmente

muito

confusa

e

pouco

intuitiva

para

entender.

Outros

indivíduos

incluídos

nessas

coleções

concordam

com

Einstein,

mas

empurram

a

relatividade

em

direções

interessantes.

Alguém

tenta

defender

um

universo

de

6.000

anos.

Outro

nos

diz

como

construir

uma

máquina

do

tempo

para

apresentar

Muhammad

Ali

a

Thomas

Edison.

Concluímos

com

Ralph

Hartley,

um

cientista

praticante

e

talentoso.

Hartley

nasceu

oito

anos

depois

de

Einstein

e

nunca

aceitou

a

teoria

da

relatividade,

oferecendo,

em

vez

disso,

uma

explicação

muito

mais

antiga

de

como

a

gravidade

funciona.

Através

dessas

histórias,

aprenderemos sobre o que constitui ciência legítima e como ela é praticada.

Transcrição da gravação
Justin Shapiro
Maura Shapiro
Allison Rein
Sobre a Equipe de Podcasts
Postagem do blog: Ex LIbris Universum
Palestrantes: Maura Shapiro, Justin Shapiro e Allison JUSTIN: Estamos entre as prateleiras da Biblioteca e Arquivos Niels Bohr, e nossa diretora associada de coleções e serviços da biblioteca, Allison Rein, está se mudando... MAURA: --como num passe de mágica. JUSTIN: --uma longa parede formada por prateleiras que se movimentam, repletas de livros e documentos, enquanto elas descem, procuramos uma coleção especial. ALLISON: E é engraçado, porque essas prateleiras rolantes são do tipo que geralmente são movidas por grandes manivelas circulares, o que é apropriado devido ao nosso assunto de hoje. (risada) JUSTIN: Falando em excêntricos. ALLISON: Ok, então estamos aqui para ver algo interessante, Justin. O que estamos vendo hoje? JUSTIN: É a coleção de Alex Harvey sobre teorias excêntricas. Prefiro chamar de pseudociência. Não estou familiarizado com o termo "Crank" em física. Maura, quão amplamente usado é o termo "Crank" ? MAURA: Não é muito usado porque as pessoas não costumam falar sobre excêntricos, mas é usado como alguém que meio que está preso a uma teoria ultrapassada, e isso é meio que uma linha direta para muitos dos pseudocientistas que estão representados nesta coleção, certo? JUSTIN: Sim, eu diria que está certo, mas você sabe, eu não sei, minha reação instintiva é que soa meio irônico, e eu gosto de pseudociência….. bem, tem a palavra ciência nela, e este episódio é muito sobre a relação entre ciência e pseudociência. ALLISON: É um pouco como um comentário editorial chamar essa coleção de materiais "excêntricos", é uma espécie de amostra do que eles pensavam, apenas pelo título da coleção. MAURA: Definitivamente tem um tom zombeteiro. sim ela dá esta conotação mesmo. MAURA: Eu sou Maura Shapiro. JUSTIN: E eu sou Justin Shapiro. ALLISON: E eu sou Allison Rein, a guia turística pela Biblioteca e Arquivos Niels Bohr. MAURA: E este é o Initial Conditions, um podcast de história da física. JUSTIN: Todo problema de física começa com um conjunto de condições iniciais que fornecem o contexto para que a física aconteça. MAURA: Da mesma forma, em “Condições iniciais”, forneceremos o contexto em que as descobertas da física acontecem. Vamos mergulhar na história por trás da ciência de pessoas, lugares e eventos que foram negligenciados e amplamente esquecidos. JUSTIN: E hoje estamos investigando o que podemos aprender com o que alguns chamam de "teorias excêntricas", porém chamaremos de pseudociência. MAURA: Por que você não explica para nós? JUSTIN: Tudo bem, vou estabelecer três condições iniciais para você. Você está pronta? MAURA: Estou pronta. JUSTINO: Ótimo. O primeiro, são os novos desenvolvimentos na física no século XX. Foi um grande século para a física, certo? E quero falar sobre um dos maiores desenvolvimentos na área: a teoria da relatividade. MAURA: Ok... JUSTIN: E eu quero falar um pouco sobre como a relatividade reformulou esta área. Não olhando para os cientistas tradicionais, mas olhando mais para os pseudocientistas. MAURA: Portanto, uma condição inicial é como os pseudocientistas responderam à teoria da relatividade. JUSTIN: Certo. Então isso é absolutamente correto. Então, veremos a teoria da relatividade e as mudanças que ela trouxe ao campo da física, bem como a reação dos pseudocientistas. Ora, a pseudociência sempre foi uma condição para fazer ciência. Certo? Desde que a ciência existe, existem pessoas que se aproximam da ciência, mas não a entendem bem. E eu quero falar um pouco sobre o que eles fazem e o que não acertam no século 20, especialmente à teoria da relatividade. MAURA: Está bem, já percebi. Mais concretamente, a segunda condição inicial é a tendência humana para tentar fazer ciência mas com algumas falhas. JUSTIN: Exatamente. Dito isto, vamos lá começar. MAURA: Incrível. JUSTIN: Hoje, vamos tentar definir o termo "pseudociência". E uma boa introdução à história da pseudociência e à definição do termo, são dois livros de Michael Gordin, um historiador da ciência da Universidade de Princeton. Esses dois livros são On the Fringe, or Science Meets Pseudoscience, and The Pseudoscience Wars, on Immanuel Velikovsky and the Birth of the Modern Fringe. Nesses livros, Gordin define a pseudociência como uma categoria em sentido negativo. Para ele, é mais fácil definir pseudociência com base no que os próprios cientistas chamam de pseudociência. E o que descobrimos é que, historicamente, o termo pseudociência tem sido usado de forma diferente pelos cientistas em diferentes momentos para excluir ideias e teorias que eles consideram não científicas por várias razões. MAURA: Portanto, estudar teorias excêntricas e pseudociência pode revelar onde está o alcance da ciência aceitável. O que está fora dela. E dessa forma, podemos medir a temperatura da ciência e entender onde as pessoas estão se esforçando para se encaixar. JUSTIN: E as pessoas estão no centro disso. A ciência é uma atividade social. Existem melhores práticas, normas e padrões profissionais que os cientistas devem seguir para chegar a conclusões aceitáveis ​​para outros cientistas. MAURA: Para diferenciar entre ciência legítima e pseudociência, hoje falaremos sobre exemplos que claramente estão fora dos limites aceitaveis da ciência. No entanto, como observaremos no final de nossa discussão, as fronteiras entre ciência e pseudociência são permeáveis ​​e, às vezes, a linha entre ciência, pseudociência e teorias excêntricas não são claras. JUSTIN: Além dos dois livros que mencionei pouco, este episódio também é enriquecido pelos arquivos da Niels Bohr Library. Em particular, existem duas coleções sobre as quais falaremos logo a seguir. A primeira é uma coleção de teorias excêntricas. Estes eram manuscritos e livros que foram enviados para Alex Harvey, um físico do Queens College, que falaremos dentro de alguns instantes. A outra coleção é chamada de Ralph Hartley Papers, e essa é bem interessante, mas vamos guardar isso para um pouco mais adiante no episódio. Como mencionei, um desses livros de Michael Gordin é intitulado "The Pseudoscience Wars: Immanuel Velikovsky and the Birth of the Modern Fringe". E neste livro, Gordin estava interessado em uma pessoa chamado Immanuel Velikovsky, que era uma figura realmente interessante. Ele não é mais um nome familiar, mas nas décadas de 1960, 1970, você poderia mencioná-lo e isso causaria espanto ou desaprovação, especialmente entre as pessoas interessadas em ciência. Portanto, quero falar sobre Velikovsky, que considero um modelo de pseudocientista e que foi muito ativo nas décadas de 1950, 1960 e 1970. Ele realmente entrou em cena de uma maneira importante, com o livro chamado Worlds in Collision (NTD - no Brasil: Mundos Em Colisão), publicado em 1950. Mas foram os debates sobre a publicação desse livro que acabaram tornando conhecido. MAURA: O que tinha no livro? JUSTIN: Então, Velikovsky pode ter se considerado mais um historiador do que um cientista, mas com o tempo, suas ideias e a maneira como ele as defendia, mudaram em resposta à comunidade científica. Então, Worlds in Collision foi realmente controverso. Basicamente, vou resumir o livro da melhor maneira possível, mas Velikovsky acreditava que o planeta Vênus realmente se originou como um cometa massivo que passou muito perto da Terra. E agora digo que Velikovsky era um historiador, porque ele diz que o trânsito daquele cometa causou todo tipo de coisas que podemos ler na Bíblia. MAURA: Ah. (risos) JUSTIN: A destruição de Sodoma e Gamora, a história da Arca de Noé e o Grande Dilúvio. Tudo isso, disse ele, foram catástrofes causadas por Vênus interrompendo a órbita da Terra. E até fogo chovendo do céu, ele disse que este cometa tinha petróleo que ele precipitou na Terra, e se incendiou quando atingiu a atmosfera da Terra. E ele acreditava que todas as crises mencionadas na Bíblia se correlacionavam com o trânsito desse enorme cometa, que então se estacionou entre a Terra e Mercúrio como o segundo planeta depois do sol, Vênus. MAURA: Hum, tudo bem. Existem algumas coisas científicas que até eu consigo identificar. Eu vou perguntar. Então as pessoas acreditaram nele? JUSTIN: Não inicialmente. Os cientistas, quando estão a trabalhar nas suas ideias, passam cópias do que querem publicar, certo? E a comunidade revisa. E Velikovsky queria muito que este manuscrito fosse publicado pela Macmillan. Na época, a Macmillan era uma das principais editoras de livros didáticos de ciência e, fazendo a devida análise, a Macmillan fez circular cópias do manuscrito entre os cientistas. Velikovsky também distribuiu alguns rascunhos por conta própria. Foi nesse momento, o momento do que poderíamos chamar de revisão pelos pares, que Velikovsky realmente ganhou uma espécie de notoriedade nos círculos científicos. As provas circularam e os cientistas foram unânimes em dizer: "Isto não está de acordo com o que sabemos sobre física ou astronomia". E pressionaram a Macmillan a não publicar o livro, e a Macmillan acabou por o deixar de lado. Mas foi escolhido pela Doubleday. E tornou-se imediatamente um bestseller. MAURA: E por que isso? JUSTIN: Foi a controvérsia por detrás da publicação do livro que deu fama a Velikovsky. MAURA: Toda propaganda é bem-vinda. JUSTIN: Para Velikovsky, certamente. Mas ele não parou com suas ideias. Velikovsky continuou a refinar suas ideias e continuou a publicar livros sobre esse tipo de interseção entre ciência e história bíblica. E ele continuou a interagir com os cientistas, embora essas interações se tornassem cada vez mais frustrantes para os cientistas envolvidos. Na verdade, ele brigou com Carl Sagan na reunião de 1974 da Associação Americana para o Avanço da Ciência. MAURA: Fiquei curioso, porque presumi que os cometas eram menores que Vênus, mas acabei de pesquisar "maior cometa descoberto", e o maior cometa descoberto tem 500 trilhões de toneladas e 137 km de largura. Portanto, para contextualizar, é maior do que o estado americano de Rhode Island. Vênus (risos) é um pouco maior que isso. O diâmetro de Vênus tem mais de 12.000 km. E a massa de Vênus é quase 5 x 10 21 toneladas (4,867 × 10 24 kg ). Portanto, nunca vimos um cometa grande o suficiente para ser Vênus, basicamente. (risos) JUSTIN: Você está respondendo da mesma forma que os cientistas da época fizeram. Mas isso não impediu Velikovsky. Curiosamente, ele comprou uma casa em Princeton e se correspondeu com Einstein de tempos em tempos, até a morte deste último, em meados da década de 1950. Mas Velikovsky desenvolveu de facto estas instituições e estas formas de produzir conhecimento que são familiares a um cientista, mas que estavam orientadas para a produção de pseudociência. Acabou por atrair uma série de pessoas envolvidas na contracultura que o viam como um rebelde contra a ciência vigente, que, como falámos no último episódio, era um tema muito quente (ambos riem) na época. MAURA: Cada episódio tem que ter uma referência ao tópico atual. JUSTIN: Claro. Mas Velikovsky atraiu uma série de pensadores mais jovens que o viam como um rebelde contra o establishment, e Velikovsky começou a ser citado pelos cientistas em jornais, então Velikovsky realmente desenvolveu esse campo de estudo como algo paralelo à ciência, certo? Algo que realmente não se cruzava com a ciência moderna e suas conclusões ou suposições ou o conhecimento que ela gerava. Mas parecia muito com a forma como a ciência é feita. MAURA: Então Velikovsky personificou os cientistas adotando as armadilhas retóricas e estruturais que a ciência tradicional possui e, por meio disso, ganhou seguidores. O tempo todo sendo descartado por cientistas como um pseudocientista. E mais do que isso, sua rejeição da ciência convencional até facilitou sua ascensão. Mas suas suposições estavam incorretas. Ainda assim, ele se tornou uma figura popular, apesar do trabalho de todos os cientistas para desmascarar seu próprio trabalho. JUSTINO: Claro. As coleções que descreveremos nos próximos minutos nunca alcançaram a popularidade ou reconhecimento que Velikovsky teve. Existem algumas características que os pseudocientistas compartilham com Velikovsky, no entanto…….e talvez o mais óbvio seja a alta estima que eles têm de si mesmos. Eles também procuram tornar as leis da física mais intuitivas. Muitas vezes falhando espetacularmente. Ao tentar tornar a física mais intuitiva, eles também apresentaram suposições que foram rejeitadas de imediato pelos cientistas tradicionais, assim como os argumentos e a cronologia adotada por Velikovsky em seu livro Mundos Em Colisão. Agora, antes de prosseguirmos, quero mencionar mais uma coisa sobre estas coleções, a existência de uma conexão entre os arquivos de Alex Harvey, esta caixa que temos aqui, cheia dessas teorias excêntricas, com Immanuel Velikovsky. Alex Harvey era o presidente do Queens College em Queens, Nova York, departamento de física. Seu antecessor foi Edward Thorndike, que foi um dos primeiros revisores de Mundos em Colisão, sobre o qual escreveu que "a física não é boa". Talvez Harvey tenha herdado o interesse de Thorndike pela pseudociência. MAURA: Então Harvey não era um pseudocientista, apenas curioso sobre o assunto? JUSTIN: Certo, e nas coleções, ele tem esses postits em alguns dos manuscritos que dizem: "Jogue fora, teoria excêntrica." Mas, por alguma razão, ele nunca teve tempo para isso, e agora nós os temos na AIP. MAURA: Por esse motivo o podcast torna-se melhor. Mas essa coleção em si é bem interessante né, porque contém tantos artigos publicados e inéditos. E, geralmente, os artigos publicados são encontrados em bibliotecas, e os não publicados são mantidos em arquivos. JUSTIN: E isso é algo que nossa guia turística, Allison Rein, diretora associada da Niels Bohr Library and Archives-- MAURA: (risos) No Instituto Americano de Física. JUSTIN: O Instituto Americano de Física indicou quando eu estava examinando esta coleção. São livros e esses manuscritos datilografados. MAURA: Então por que isso? JUSTIN: Bem, os livros da coleção são interessantes. A maioria deles foi publicada por esta editora chamada Vantage Press, que agora é uma “vanity press” que não existe mais. Uma “vanity press” é uma editora onde você pode pagar, como autor, para publicar seu livro. E eles fornecem cópias impressas, cópias em brochura, sobrecapas nas cópias impressas, fotos do autor, todo esse tipo de coisa por uma pequena taxa de provavelmente alguns milhares de dólares. E assim parece um livro real, lê-se como um livro real, e as ideias dentro são certamente reais. que eles não são científicos. Mas, nesses casos, a pseudociência meio que adota a apresentação e o formato de ideias científicas realmente poderosas. Como um meio de aumentar sua própria legitimidade. A coleção Alex Harvey está organizada cronologicamente, mas o que parece unir a coleção, e isso faz sentido dado o histórico de Harvey, é a primeira condição inicial: um interesse entre os autores na relatividade. Alguns a defendem, a maioria argumenta contra, e alguns a adaptam a seus próprios propósitos. E três temas importantes nos manuscritos desta coleção que gostaríamos de destacar. MAURA: A primeira é que a teoria da relatividade não é intuitiva. Depende de matemática complicada e geralmente é diferente de como experimentamos o mundo diariamente. Em segundo lugar, esses pseudocientistas acreditavam que, como a teoria da relatividade não é intuitiva, ela é, portanto, incorreta. E que eles devem substituí-lo por uma teoria própria. Alguns recorrem a teorias mais antigas e desatualizadas para explicar o universo, enquanto outros apenas complicam ainda mais a matemática. E, às vezes, a teoria da relatividade pode realmente ser usada com, é claro, matemática complicada adicional para fazer coisas milagrosas, como provar a existência de Deus, verificar as histórias da Bíblia ou construir uma máquina do tempo. JUSTIN: Quase todos os manuscritos nas coleções, então, abordam as leis da física com a suposição de que algo deu fundamentalmente errado no século 20. E, por sua vez, esses escritores usam suposições que vão contra a física contemporânea. MAURA: Não nada de errado em usar suposições. Os cientistas fazem isso o tempo todo. Mas quando os cientistas usam suposições, eles geralmente são examinados por sua comunidade e, mesmo que não o tenham feito, o processo de revisão por pares destina-se a verificar se os cientistas não estão construindo teorias ou chegando a conclusões com base em premissas errôneas. JUSTIN: Os pseudocientistas aqui pareciam trabalhar predominantemente como indivíduos, fora da comunidade e do processo de revisão por pares. Sua falta de participação na comunidade científica, com uma exceção, torna o que eles fazem e como pensam fundamentalmente diferente de como os cientistas tradicionais trabalham. MAURA: Com essa introdução em mente, você pode me falar um pouco sobre essa coleção? JUSTIN: Ficaria feliz. Como mencionei anteriormente, esses manuscritos não foram submetidos à revisão por pares. Tanto quanto os autores esperavam que Harvey ou qualquer outra pessoa os tratasse com credibilidade. Além disso, essas teorias estão carregadas de suposições e conclusões que derrubariam a física como a conhecemos. Eles atuam completamente fora de como funciona a física, que se baseia no conhecimento estabelecido. Vamos começar com a primeira categoria: teorias que abordam a natureza não intuitiva da teoria da relatividade. MAURA: Em 1905, Albert Einstein apresentou a teoria da relatividade especial, onde as leis da física são idênticas em todos os referenciais inerciais (NDT - referenciais sem aceleração ), e a velocidade da luz no vácuo é constante. JUSTIN: Mais ou menos como um limite de velocidade cosmológico. MAURA: Exatamente. Na verdade, essa teoria é bastante direta, e a matemática por trás dela é acessível até mesmo para um estudante de física do segundo ano. JUSTIN: Então, não para mim. MAURA: Talvez não, mas apesar de sua simplicidade para pessoas que têm algumas aulas de matemática, ainda tem alguns resultados malucos. Dois eventos que aparecem simultaneamente para um observador podem ocorrer em momentos diferentes para outro observador em outro referencial. todo o efeito de dilatação do tempo, que leva ao paradoxo dos gêmeos, onde as pessoas aparentemente envelhecem de maneira diferente, porque o tempo é uma experiência relativa. também a contração do comprimento, o que significa que, ao viajar próximo à velocidade da luz, você parecerá um pouco mais magro. E assim esses efeitos malucos eram difíceis de aceitar pela velha guarda da física, e eles hesitavam em adotar essa teoria. JUSTIN: Como ouviremos no final deste episódio. MAURA: Mas dez anos depois, Albert Einstein publicou a teoria geral da relatividade, que reinventa a gravidade como resultado de um espaço-tempo curvo. E esta foi uma grande mudança de paradigma. Por cerca de 300 anos, os físicos aceitaram a ideia de gravidade proposta por Newton. A matemática da relatividade especial é incrivelmente complicada. É ditado por um conjunto de equações diferenciais não lineares, o que basicamente significa que são muito difíceis de resolver, mesmo com graus avançados em matemática. E essa teoria era difícil de aceitar para muitos, por causa de quão complicada é….. JUSTIN: E pouco intuitivo. MAURA: --é, exatamente! Ainda assim, levou a muitas previsões verificadas, como lentes gravitacionais, a precessão da órbita de Mercúrio e o desvio gravitacional para o vermelho. No entanto, é uma teoria incompleta. E é incompatível com a mecânica quântica, que, como a relatividade geral, é significativamente complicada, muito pouco intuitiva, mas também foi verificada experimentalmente. JUSTIN: Vamos então falar de alguns destes pseudocientistas e da forma como reagem à teoria da relatividade. Quero começar com o primeiro manuscrito da coleção, intitulado "The Theory of Microgravitational Forces", de Ramesh Kumar Agarwal. Sem data e dactilografado num volume encadernado, tem apenas algumas dezenas de páginas. Agarwal escreve na introdução do seu manuscrito que, "A minha teoria da microgravidade é uma teoria radical da física fundamental. É uma modificação e um avanço da teoria de campo da gravidade que tem um impacto profundo em quase todos os ramos da física moderna. Nos seus resultados, refuta grosseiramente as duas teorias da relatividade de Einstein. Este conflito com as teorias de Einstein colocou a minha teoria num círculo vicioso, na medida em que a formulação matemática exata da minha teoria é possível com total ignorância da relatividade einsteiniana, o que uma mente habituada a pensar em termos de relatividade einsteiniana, como é provável que seja a maioria dos físicos atuais, pode achar difícil de digerir, e a relatividade einsteiniana pode ser absoluta e definitivamente refutada com a compreensão da minha teoria da microgravidade." MAURA: Uau, essa é uma teoria enorme se ele estiver certo. JUSTIN: Sim, basicamente o que ele está dizendo é que Einstein está totalmente errado e ele está totalmente certo. Mas a teoria por trás disso não é muito importante. Ele basicamente apenas diz que a gravidade é inerente a todo objeto que existe no espaço. MAURA: Mmhmm, tudo bem. JUSTIN: O que quero chamar a atenção aqui é a maneira como Agarwal apresenta suas reivindicações. Ele prepara os físicos para se surpreenderem com suas teorias, alegando que eles podem não estar acostumados com ideias tão brilhantes, que estão profundamente comprometidos com a relatividade einsteiniana. Agarwal tem um desentendimento com Einstein e conclui sua teoria das forças micro gravitacionais escrevendo que, e passo a citar, "a relatividade einsteiniana é um fracasso miserável na frente cosmológica". MAURA: Isso é muito duro. JUSTIN: É bem duro, é bem condenatório, mas esse é um refrão comum entre alguns dos teóricos excêntricos. Veja James Carter, por exemplo. Maura, sei que você leu um pouco sobre Carter. MAURA: Sim, Margaret Wertheim, uma escritora científica australiana, segue James Carter em seu livro "Physics on the Fringe: Smoke Rings, Circlons, and Alternative Theories of Everything". Neste livro, ela adota uma abordagem muito simpática ao chamado “teórico à margem da ciência” e explica as suas ideias e, mais importante ainda, as suas motivações e as motivações de pseudocientistas semelhantes. JUSTIN: Não precisamos perder muito tempo com o Carter. Veja o livro que a Maura recomendou, de Margaret Wertheim. Carter e Agarwal desprezam abertamente Einstein. Esta é, naturalmente, uma caraterística não habitual quando se fala da comunidade científica em geral. Os cientistas evitam frequentemente ataques ad hominem e discutem ideias de forma cordial e cooperativa. As críticas, pelo menos as críticas duras, dirigidas a indivíduos e não às suas ideias, são comuns nos pseudocientistas. A Biblioteca e Arquivos Niels Bohr possui o que pode ser a única cópia de um manuscrito de James Carter existente em uma biblioteca conhecida. Carter publicou apenas dez cópias de seu manuscrito, conforme ele escreve na página de direitos autorais. Este livro é intitulado "Por que Einstein era um tolo ignorante". Mas, talvez devido a limitações de espaço, o título impresso na lombada diz: "Why Einstein was an Ignorant F." MAURA: Ok Justin, esse não é exatamente o título inteiro. O título completo é: "Why Einstein was an Ignorant Fool: How Einstein, Being Ignorant of Today's of Experimental Physics Was Able to Fool “the World into Believing Many Impossible Things Like Infinite Fields, Massless Photons, Downward-Pointing Gravity, Equivalent Momentum in Force, and an Instantaneous, Expanding Big Bang Singularity Instead of Living Universe Duality." (em tradução livre - "Porque é que Einstein era um tolo ignorante: Como Einstein, sendo ignorante da Física Experimental de hoje, foi capaz de enganar o mundo, levando-o a acreditar em muitas coisas impossíveis, como campos infinitos, fotões sem massa, gravidade apontada para baixo, momento equivalente em força em um instante, e uma singularidade instantânea e expansão do Big Bang em vez de uma dualidade do universo vivo.") JUSTIN: Podemos dizer pelo título que esses pseudocientistas gostam de pegar termos emprestados da física, mas muitas vezes os usam mal ou os interpretam de maneiras estranhas. Tanto para Agarwal quanto para Carter, há tentativas de usar a linguagem para colocar um verniz de legitimidade sobre seu trabalho. MAURA: No trabalho de Carter, ele olha para o nível quântico, afirmando que os métodos tradicionais da física atômica são imprecisos. Ele propôs que, em vez disso, existe algo chamado circlons, que em sua mente faz mais sentido. E isso é realmente semelhante a uma ideia mais antiga de como o universo funcionava antes da mecânica quântica. E isso foi sustentado por muitos cientistas do século 19, como Lord Kelvin ou Peter Guthrie Tait. Embora eu não tenha certeza de que Carter esteja ciente disso. Mas esse é outro padrão comum nas teorias marginais e excêntricas. Uma reversão para entendimentos muito, muito mais antigos da física. JUSTIN: Isso mesmo. E eu disse pouco que não vamos gastar muito tempo com Carter, embora ele seja uma figura realmente interessante por si só. E direi que seu livro apresenta alguns belos desenhos dessas pequenas criaturas diabólicas observando fótons de cima e de baixo em uma torre, que ele rotulou de "Jefferson Tower". O ilustrador da contracapa também teve o cuidado de dar a eles sapatos de cores diferentes. MAURA: Um belo toque. JUSTIN: Um toque legal, sim. MAURA: Agarwal e Carter desprezam Einstein, e eles voltam aos "bons velhos tempos" quando Newton comandava o show. JUSTIN: Então Agarwal e Carter argumentam que a relatividade einsteiniana é muito pouco intuitiva para fazer sentido. Eles oferecem teorias alternativas da física em seu lugar, mas ao examinar a coleção de Harvey, encontrei um “teórico excêntrico” que, em sua tentativa de criar um conjunto de leis físicas melhor do que Einstein, na verdade criou algo incrivelmente complexo e talvez até mesmo menos intuitivo que a relatividade. MAURA: Estou ansiosa para saber o que é isso. JUSTIN: Então está tudo no título. Em 1990, Dante S. Cusi publicou "Experiment and Logic: The Science of Interpretational Physics" pela Vantage Press. E o livro traz uma foto muito interessante de Dante S. Cusi na contracapa, onde ele se parece muito com Junior Soprano da série para TV, The Sopranos? MAURA: Eu não vi o programa. JUSTIN: É um dos meus programas de TV favoritos. o vi provavelmente seis ou sete vezes e, acredite, ele se parece com um desses personagens principais. Mas isso não é importante hoje. O que a capa revela, além dessa grande foto de Dante S. Cusi, é que ele também acreditava que Einstein estava errado. Ao contrário de [Carter] e Agarwal, no entanto, Cusi acreditava que Newton também poderia estar incorreto. E nesta sobrecapa, ele faz algumas perguntas importantes como: "Newton e Einstein estavam errados? Suas teorias são baseadas em falsas suposições sobre a natureza da matéria, energia, espaço e tempo? E o que essas equações misteriosas têm a ver com o mundo real?" MAURA: Todas as perguntas para as quais quero a resposta. JUSTIN: Bem, boa sorte, se você está lendo este livro. Cusi sugere uma alternativa à física clássica e relativista no que ele chama de "física interpretativa, uma abordagem de bom senso que busca explicar eventos naturais em termos que a mente humana possa compreender". Finalmente, este trabalho foi motivado pela incapacidade de Cusi de entender como a física explicava os fenômenos naturais. E é importante notar aqui que ele viveu a revolução relativista. Escrevendo que, "Quando mais tarde, no nível universitário, o ensino se tornou centrado na teoria da relatividade e no eletromagnetismo, minha desilusão se aprofundou ainda mais e se tornou quase uma obsessão. Fundamentalmente porque eu não tinha como entender por que os experimentos resultaram da maneira que eles fizeram." MAURA: Não culpe o físico, culpe a física. JUSTINO: Sim. Se alguma vez você não entendeu nada, provavelmente é porque está errado e você está certo. E foi isso que aprendi com muitos desses físicos. MAURA: (risos) Se toda vez que eu dissesse: "Não entendo, a física deve estar errada", durante uma aula de física... eu teria tantos, tantos livros publicados pela Vantage Press. (NTD - A Vantage Press era uma editora independente com sede nos Estados Unidos. A empresa foi fundada em 1949 e encerrou suas operações no final de 2012. A Vantage era a maior “editora de vaidade” ou “imprensa de vaidade”, em inglês vanity press, muitas vezes chamada de prestadora de serviço, é uma editora onde qualquer pessoa pode pagar para publicar um livro. O termo "vanity press" é frequentemente usado de forma pejorativa nos Estados Unidos, dando a entender que um autor que usa tal serviço está publicando por vaidade.) Wikepedia JUSTINO: Sim. Bem, é algo como $ 2-5000 para publicar com eles, e eles também não existem mais. MAURA: Uma oportunidade perdida, então. JUSTIN: Sim, tenho certeza de que existem outras “vanity press” que você pode encontrar para divulgar suas ideias. MAURA: (risos) Então, de volta a Cusi. JUSTIN: De volta ao Cusi. Então ele, você sabe, essa física interpretativa, ele tenta uma teoria diferente, e depois a relatividade e a física clássica. E você sabe que isso é indicado por ele dizendo que Newton e Einstein talvez estivessem errados. Então, vamos ouvir quais são as ideias de Cusi em suas próprias palavras. Neste livro, o Sr. Cusi argumenta que energia é matéria. Que um único sistema de energia, o "imus", permeia todo o universo e que existe uma ordem fundamental na natureza que unifica os fenômenos aparentemente mais diversos. Dessa forma, o modelo de Cusi é tudo menos senso comum, mas, mais importante, devemos lembrar aqui que Cusi estava respondendo à revolução relativista. Ele escreveu que o encontrou durante a faculdade, e sua falta de intuição o incomodou desde então. MAURA: Então, Justin, falamos sobre como a relatividade não é intuitiva e, por causa disso, deve estar incorreta. Mas você também mencionou como alguns pseudocientistas realmente utilizam a relatividade para provar a existência de um Deus ou para realizar milagres. JUSTIN: É realmente incrível, a maneira como eles entendem a relatividade. E isso entra na terceira categoria que você mencionou anteriormente, ou seja, existem alguns teóricos marginais que usam a relatividade para demonstrar a existência de um criador. Quase sempre um Deus cristão em sua concepção. Então aqui está um exemplo. é um manuscrito de James H. Wiborg intitulado "Theoria Primarius". Vemos que ele pega emprestado o título latino do início do período moderno, imitando o "Principia Mathematica" de Newtown de 1687. E obrigado Maura, você me corrigiu na minha pronúncia no podcast. MAURA: Sim, eu não poderia deixar que as palavras de Newton fossem massacradas. JUSTIN: Não, não, e nós falaremos sobre ele no futuro, eu acho, em um episódio futuro. Mas então eu quero obtê-lo agora, e eu aprecio isso. E novamente, a linguagem é muito importante aqui. Muitos desses teóricos marginais emprestam o estilo de autoridades científicas legítimas, talvez por costume, porque muitos desses teóricos estão familiarizados com pelo menos um pouco das pessoas que afirmam refutar, ou talvez como um meio de dar ao seu trabalho um senso de legitimidade. Então vamos ouvir nas próprias palavras de Wiborg. Ele escreve: "Este livro foi escrito como resultado de curiosidade e desconforto. Curiosidade sobre espaço e tempo e o design subjacente do universo. Desconforto sobre a grande e confusa complexidade deste projeto como a física moderna tentou descrevê-lo." E enquanto ele chama seu modelo de simples, é mais uma vez incrivelmente complexo e demonstrado por meio de matemática tediosa e muito difícil de seguir. MAURA: É quase como se estivessem errados. (risos) JUSTIN: Quase. Mas é realmente incrível como eles se propuseram a tornar essas teorias mais intuitivas, mas acaba saindo pela culatra de uma maneira realmente importante. E Wiborg encerra seu manuscrito escrevendo: Para encerrar, caro leitor, lembre-se de que tudo o que foi desenvolvido e apresentado neste artigo é apenas sobre um modelo simples, mas esse modelo parece fornecer um fundamento lógico e racional para a física do espaço, tempo e partículas. Talvez deus não jogue dados, afinal." MAURA: O que, claro, é uma referência à citação de Einstein sobre seu próprio desconforto com a mecânica quântica. JUSTIN: Ele continua, "Em nosso modelo, consideramos cinco dimensões. Três de espaço, uma de tempo e uma de inércia. Mas falhamos em considerar a dimensão do pensamento ou a MENTE DE DEUS." MAURA: Em maiúsculas. (risos) JUSTIN: E eu digo assim porque está em letras maiúsculas, exatamente. MAURA: Uau. Então, neste ponto, estou me perguntando se alguém gosta da relatividade como está? JUSTIN: Então Einstein tem dois defensores na coleção. Ao contrário de Wiborg, eles concordam com os princípios básicos da relatividade. Como Wiborg, eles concluem que, de fato, sua compreensão da física demonstra que Deus é real e tem autoridade sobre o universo. E o primeiro desses defensores é alguém chamado Barry Setterfield, e seu manuscrito é intitulado "A velocidade da luz e a idade do universo", publicado em 1982. Setterfield é bastante conhecido nos círculos de criacionistas e céticos. Ele é um jovem criacionista da Terra, tomando o texto da Bíblia como verdade oficial e acreditando que o universo foi de fato criado cerca de 6.000 anos atrás. Ele demonstra outra característica dos teóricos excêntricos: uma tendência de retroceder a partir de certas conclusões. O que poderíamos chamar de pensamento teleológico (NDT - A teleologia é uma doutrina que estuda os fins últimos da sociedade, humanidade e natureza). E neste manuscrito, ele apresenta sua teoria do decaimento C. Ou seja, essa luz de fato viaja a uma velocidade constante pelo universo, mas também essa velocidade constante tem diminuído a uma taxa uniforme. Considerando o decaimento C, argumenta Setterfield, é possível datar o universo por volta a 4125 aC com uma variação de mais ou menos cerca de 175 anos. MAURA: E a constante C refere-se à velocidade da luz. É assim que é representado na física. Mas eu amo que ele use o princípio mais fundamental das constantes que mudam. JUSTIN: Sim, uma coisa que sabemos sobre constantes é que elas mudam constantemente. MAURA: (risos) É. JUSTIN: E neste caso, diminua constantemente a velocidade. Setterfield conclui seu manuscrito escrevendo que, "Segue-se do exame minucioso da fórmula relevante que o universo está entrando em colapso em direção à destruição total como uma bola de fogo, assim como as escrituras predizem." Como é conveniente que sua matemática se ajuste à idade bíblica do universo com tanta precisão. Outro defensor de Einstein e um dos meus favoritos é um homem chamado Joseph Bonkowski. Bonkowski escreveu o manuscrito com meu título favorito: "The Theory of Relativity 2, How to Build a Time Machine". MAURA: A sequência que não sabíamos que precisávamos. JUSTIN: Mas estamos felizes por termos. MAURA: (risos) Claro. JUSTIN: A extensão do que ele deve a Einstein está indicada no título. Bonkowski escreveu uma continuação da teoria da relatividade. Então vamos ouvir nas próprias palavras de Bonkowski. Ele escreve na introdução: minha esperança com este texto provar o início do universo, mostrar à humanidade como construir uma máquina do tempo, um raio de encolhimento, transformar ferro em ouro, resolver a crise energética, relacionar a mecânica quântica com a início do universo, olhar mais de perto os átomos e a luz, fazer um novo mapa da galáxia e também responder a muitas das perguntas que o homem tem atualmente sobre o nosso universo." MAURA: Isso é ambicioso. JUSTIN: Parece uma teoria realmente abrangente. Mas os métodos usados ​​por Bonkowski eram difíceis de entender. Seu plano para construir uma máquina do tempo envolvia a criação de um buraco negro na Terra. E como ele disse, "Tudo o que temos que fazer para fazer um buraco negro na Terra é descobrir como adicionar espaço ao espaço ou talvez espaço quadrado ou espaço à 10ª potência ou à milionésima potência. Se tivermos espaço elevado o suficiente para fazer o tempo retroceder, teremos uma grande explosão de antimatéria semelhante à que deu início a esta galáxia." MAURA: Assim como... Neste ponto, isso não é nem mesmo usar o jargão científico para soar legítimo. É assim que as pessoas falam em filmes de super-heróis. Como eu tenho certeza que eles citaram isso nos Vingadores para falsificar a ciência e criar buracos de minhoca ou qualquer outra coisa. JUSTIN: Sim, você não viu que Bonkowski ganhou o Oscar de melhor roteiro por The Avengers 7: The Adventures of Time Squared Man? MAURA: Quer saber, eu perdi o Oscar esse ano, então. JUSTIN: Ah. Algo aconteceu ali, não sei o quê. As pessoas estavam falando sobre isso, no entanto. De acordo com Bonkowski, a maneira de produzir um buraco negro é tão simples que é uma maravilha que os cientistas não tenham pensado nisso antes. Ele escreve: "Tudo o que temos a fazer é construir uma sala pequena e uma grande sem peso, como nossos astronautas usam no treinamento espacial". Maura, você conhece a sala sem peso que os astronautas usam no treinamento espacial, certo? MAURA: Sim, bem, na verdade não devemos falar sobre isso. É um segredo. Algumas pessoas acreditam que os astronautas usam aviões que despencam para simular a gravidade zero ou que os astronautas treinam em piscinas, mas não. Na verdade, existe uma sala sem peso ultrassecreta que a NASA usa. JUSTIN: Você já viu um desses aviões? MAURA: Não tenho liberdade para discutir. JUSTIN: Ok, entendi. Bonkowski poderia escrever para a quinta temporada de Stranger Things. MAURA: (risos) JUSTIN: De qualquer forma, temos esses quartos sem peso, e Bonkowski diz: "Tudo o que temos a fazer é ligar os dois, e o interior do quarto menor agora tem espaço mais espaço, ou espaço ao quadrado, e assim como um buraco negro, o tempo reagirá de forma diferente aqui. Temos uma máquina do tempo, ou um buraco negro, ou ambos." MAURA: E quer saber? Adoro que ele nos peça para experimentar sem saber se criamos um buraco negro. JUSTIN: Apenas tente. MAURA: Experimenta. Porque não? Qual é a pior coisa que pode acontecer? JUSTIN: Sim, bem, ele disse uma grande explosão de antimatéria, semelhante ao que deu início ao universo, mas tanto faz. Quer dizer, vamos ficar bem. MAURA: E então temos um novo universo. Tipo, e daí? JUSTIN: Isso mesmo. Então vamos ouvir como Bonkowski diz que podemos usar este novo universo, ou este buraco negro ou máquina do tempo ou ambos. MAURA: Ou ambos, sim. (risos) JUSTIN: Ele escreve: "Os militares podem manter exércitos inteiros em tempo de paz até a hora de lutar. Um boxeador de ponta que é tão bom que derrotou todo mundo e está pensando em se aposentar porque não ninguém para lutar pode sentar em um dos quartos até que alguém de qualidade venha lutar com ele. Eu sei que se esta tecnologia estivesse aqui 200 anos, eu não me importaria de ver Muhammad Ali lutar contra Joe Lewis, ou conversar com Thomas Edison, Einstein, FDR, etc. As possibilidades são infinitas." MAURA: Isso é tão específico. JUSTIN: (risos) Eu sei, é muito engraçado na verdade. MAURA: Como se tudo o que eu desejasse para uma máquina do tempo fosse ver Muhammad Ali e Joe Lewis lutando. JUSTIN: Certo, ou ver Muhammad Ali falar com Thomas Edison. MAURA: Quer saber, eu estava presumindo que na verdade ele queria falar com Thomas Edison, Einstein, FDR. Mas sim, talvez (risos) ele pense que Muhammad Ali se daria bem com eles também. Quem pode dizer? JUSTINO: Sim. Ele escreve: "Eu não me importaria de ver Muhammad Ali lutar contra Joe Lewis, ou conversar com Thomas Edison, Einstein, FDR, etc." Não sei o que Muhammad Ali e Thomas Edison teriam a dizer um ao outro, mas... MAURA: (risos) JUSTIN: O que me surpreendeu é que o fascinante manuscrito de Bonkowski termina com um discurso sobre a natureza de Deus, e como suas ideias sobre relatividade, cosmologia e as leis da física realmente demonstram que é possível unificar-se com deus. Mas quero destacar novamente alguns dos temas aqui e defender por que coleções como essas são importantes. MAURA: Então, o primeiro tema é que há uma ênfase na teoria da relatividade com a maioria dos autores negando que ela seja verdadeira ou válida. JUSTIN: Em muitos casos, os autores propõem teorias alternativas que realmente fazem sentido. Claro, estou brincando. MAURA: É. (risos) Entendi. JUSTIN: bom, obrigado. Agora, alguém como Dante Cusi, que foi para a escola quando a relatividade foi aceita entre os cientistas, mostra como leva tempo para que n ovos paradigmas se tornem conhecimento padrão, mas outros autores aqui que continuam a sustentar que Einstein simplesmente não faz sentido. MAURA: E o segundo tema é que, nesses casos, esses pensadores marginais elaboram novas teorias que consideram mais aceitáveis. JUSTIN: Esta é uma tentativa de ciência legítima, mas que nunca passaria na revisão por pares, porque as suposições são muito estranhas. A revisão por pares existe para permitir algum grau de flexibilidade. Algumas novas ideias e questões precisam ser abordadas, caso contrário, como a ciência continua a evoluir? Mas a revisão por pares também filtra as teorias que se desviam muito do conhecimento aceito. MAURA: Alguns desses autores até trabalham de trás para frente a partir de suas conclusões. Isto ocorre especialmente nos casos daqueles autores que querem usar as leis da física para provar a existência de deus. JUSTIN: Bonkowski é um caso atípico aqui, porque ele não usa matemática, mas Wiborg e Setterfield querem defender uma cosmologia cristã. Às vezes, eles fazem suposições estranhas para fazer isso, como a crença de Setterfield em uma velocidade de decaimento uniforme da luz. Portanto, esses são os três temas da coleção de Alex Harvey: desacordo fundamental com Einstein, na maioria dos casos, tentativas de construir modelos mais simples e intuitivos que geralmente saem pela culatra, e usar a linguagem e as metodologias da física para trabalhar de trás para frente a partir de conclusões. Então isso é um pouco sobre os pensadores cujas ideias se afastam significativamente do que pensam os cientistas. São pessoas que, em sua maioria, careciam de treinamento científico formal. Acho que Agarwal pode ser uma exceção. Mas outra coleção nos Arquivos da NBL que foi criada por um cientista real chamado Ralph Hartley. MAURA: Quem foi Ralph Hartley? JUSTIN: Hartley foi um pesquisador de eletrônica que contribuiu para o surgimento da teoria da informação. A maior parte de sua carreira foi passada trabalhando para Bell Labs. Ele nasceu em 1888, apenas nove anos depois de Albert Einstein. Como consequência, durante sua educação e carreira, ele viveu a época em que surgiram as teorias da relatividade de Einstein e, com o tempo, tornou-se o entendimento consensual entre os físicos. Mas Hartley nunca aceitou esse consenso. Ele não estava convencido de que as ideias de Einstein faziam sentido. Em vez disso, Hartley defendeu a ideia mais antiga de um éter luminífero, que era comumente aceito no século 19 como uma explicação de como a luz se propagava através do espaço vazio. Ele nunca abandonou essa ideia, mesmo depois que a relatividade se tornou o mainstream. MAURA: O interessante é que ele nasceu um ano depois de um experimento famoso, o experimento de Michelson-Morley, que acabou provando que a luz viaja no vácuo. Mas mesmo os criadores do experimento de Michelson-Morley se apegaram firmemente à ideia do éter luminífero. Até então, não havia ondas sem meios. As ondas foram definidas como perturbações em um meio, então a luz que os físicos observaram, agindo como uma onda, viajaria naturalmente em um meio. Dizer que a luz viaja sem um meio teria sido tão sem sentido quanto dizer que um barco poderia flutuar sem água. Fazia sentido, então, que demorassem muitos anos para os físicos se sentirem à vontade para abandonar o éter luminífero. Mesmo o físico por trás do experimento que condenou qualquer chance de um éter, Albert Michelson, nunca desistiu de sua existência. Mas uma nova onda de físicos nos anos 1900 não sentiam nenhuma lealdade ao meio que nunca foi observado. E eles estavam confortáveis ​​seguindo em frente sem ele. O que é bom, porque não há evidências disso. JUSTINO: Certo. E com Einstein, não é como se uma nova ideia científica simplesmente surgisse em sua cabeça e fosse imediatamente adotada por todos. A comunidade científica examina, critica, mais frequentemente critica e ajuda a fortalecer a ideia original. É um processo social. Mas para algo tão revolucionário quanto a relatividade, foi necessária uma mudança geracional para realmente se tornar um conhecimento estabelecido. E quero enfatizar aqui que Hartley não era um cientista fora do meio científico, apenas porque se apegava à ideia do éter luminífero. Chamá-lo assim denegriria o importante trabalho que ele realizou no campo da eletrônica e da teoria da informação. Mas ele mostra o que acontece quando as teorias científicas vão além dos cientistas. No final de sua carreira, Hartley teimosamente manteve a ideia do éter e continuou tentando convencer seus colegas de que Einstein estava errado. MAURA: Parece-me que ele fez parte da geração que abraçou a relatividade, e ainda deve ter feito isso no início de sua carreira na física quando o trabalho de Einstein ganhou força. Então, quando ele começou a questionar a relatividade? JUSTIN: A primeira evidência do desacordo de Hartley com a teoria da relatividade vem de um relatório técnico fortemente editado que data de 1928. No manuscrito, em sua caligrafia, ele se referiu à teoria da relatividade, escrevendo: "Tal identidade provavelmente não teria sido alcançada por um raciocínio a priori. Nesse sentido, então estamos justificados em dizer que tal interpretação física das equações assumidas não está de acordo com nossas ideias intuitivas. Na medida em que existe esta condição quanto à interpretação física das equações, esta imagem da natureza do universo a que conduzem é insatisfatória.” MAURA: O que Hartley desenvolveria e continuaria promovendo até sua morte em 1970, foi uma visão mecânica da gravidade. A qual colocava o éter firmemente no centro da questão de como os corpos interagiam no espaço. Tornando a ação à distância desnecessária. JUSTIN: Hartley se apegou às idéias mais antigas da mecânica newtoniana e aos modelos eletromagnéticos de James Clerk Maxwell. Ele acreditava que a relatividade era um modelo desnecessário e incorreto. MAURA: O que é interessante com... James Clerk Maxwell, era que ele acreditava no éter quando fez seus modelos eletromagnéticos. Mas o seu modelo funcionava mesmo sem o éter. Portanto, foi uma batalha interessante, porque as pessoas diziam: "Bem, Maxwell acreditava no éter e fez essas equações corretas". Percebendo então que as equações não precisam do éter para serem bem-sucedidas. JUSTIN: Então, essas são ideias mais antigas e que não são totalmente inúteis para a física ou erradas, pela teoria da relatividade. Mas eles são o que Hartley teimosamente defendeu, a defesa da existência do éter, contra evidências crescentes da precisão da teoria da relatividade. E nas décadas seguintes, Hartley refinou o modelo do éter, referindo-se a ele em seu trabalho posterior como um "líquido turbulento e sem dissipação". Ainda assim, este era o mesmo éter do século XIX. Apenas com algum refinamento da matemática por trás disso. E ao longo das décadas de 1940, 50 e 60, Hartley continuou tentando publicar suas conclusões em vários periódicos importantes. Raramente alcançando o estágio de revisão por pares e muitas vezes sendo rejeitado pelos editores da revista. Aqui está uma resposta de John Tate, que em 1946 era o editor da Physical Review. Ele escreveu para Hartley,"Esta reversão para uma teoria mecânica do éter, descarta todos os outros sucessos conhecidos da teoria de Maxwell e da relatividade especial por causa dos termos não lineares. Parece-me que as não linearidades, se desejado, poderiam ser introduzidas nas equações de Maxwell sem invocar o estranho éter e sem arrastá-lo nos indesejados termos de primeiro tipo." MAURA: E as coisas não lineares do primeiro tipo, é como um jargão matemático, se você estiver se perguntando do que ele está falando. JUSTINO: Certo. E isso mesmo. O que Tate está dizendo é que as teorias de Hartley são muito antiquadas. MAURA: Sim…… E os periódicos agem como árbitros da ciência para o bem ou para o mal. Eles dizem o que é publicado e o que não é. Em nosso último episódio, falamos sobre como alguns artigos que foram impedidos de serem publicados, o que pode ter sido benéfico para a comunidade científica. Mas as revistas científicas também impedem que artigos com premissas erradas se espalhem em pé de igualdade com as publicações válidas. JUSTIN: Apesar de ser bloqueado pelas revistas nas quais tentou publicar suas teorias, Hartley encontrou alguns aliados na comunidade científica. Mas na década de 1950, o novo paradigma relativista foi estabelecido, e a relatividade geral não ia a lugar nenhum. Ao enviar outro rascunho de suas ideias para a Physical Review em 1953, Hartley recebeu uma rejeição contundente dos editores, que escreveram: "Eu não aconselharia a The Physical Review abrir agora uma discussão sobre a relatividade, especialmente quando a teoria alternativa proposta neste artigo permanece tão vaga e imprecisa.” O segundo revisor também adotou um tom altamente crítico, escrevendo “O autor (Ralph Hartley), entendendo mal os resultados da campanha de Herbert Ives contra as transformações de Lorentz e a teoria da relatividade especial, argumenta erradamente que devemos regressar à mecânica clássica para um princípio de relatividade." Assim, com base em um mal-entendido alimentado pela luta teimosa de Herbert Ives contra Lorentz e Einstein, o autor propõe um passo que jogaria a física teórica bem de volta para dentro o século passado. MAURA: O que é perfeito, se você é um pseudocientista que gosta de viajar no tempo. JUSTIN: Como Joseph Bonkowski. MAURA: Exatamente. JUSTIN: Os nomes não são tão importantes aqui. O que é importante é que este segundo editor de jornal está apontando que Hartley estava se apegando teimosamente à ciência antiquada, ciência do século passado, como ele aponta. Hartley finalmente teve a chance de apresentar sua teoria a um público mais amplo em 1959, quatro anos após a morte de Einstein, quando seu artigo, "Uma teoria mecanicista da física extraatômica", foi publicado na Philosphy of Science. O título do jornal é importante aqui. Em várias de suas respostas, os editores de periódicos de física sugeriram que as ideias de Hartley poderiam ser mais adequadas para um periódico filosófico, em vez de periódicos que publicassem as pesquisas mais recentes e de ponta em física. MAURA: Então ele finalmente foi publicado. como suas ideias foram recebidas? JUSTIN: A publicação de Hartley foi bem recebida por vários indivíduos, como atestado pelo fato de que ele recebeu várias cartas de pessoas ao redor do mundo comemorando como suas teorias superaram Einstein, que estava errado, é claro. MAURA: Claro. JUSTIN: E ele ganhou algum reconhecimento por essa rejeição da relatividade geral. Ainda assim, a comunidade científica ignorou o modelo mecanicista de Hartley, cada vez mais cientistas pareciam dispostos em concordar com Hartley, porem nas décadas de 1930 e 1940. No final da década de 1950, a teoria relativista era dominante. Buscando alguns comentários sobre sua pesquisa, Hartley enviou o manuscrito para George Thompson, filho de JJ Thompson. O jovem Thomspon respondeu rápida e brevemente: "Muito obrigado por sua carta e reimpressão. O esquema que você sugere tem possibilidades, e eu gostaria de ter tempo para analisá-lo. Infelizmente, tenho tantas coisas para fazer no dia dia que torna impossivel analisá-lo." MAURA: Isso é muito educado. JUSTIN: Uma resposta muito educada, muito britânica. Hartley nunca foi um homem saudável e estava sujeito ao que ele chamava em suas cartas de "exaustão dos nervos", que o levava a ficar de cama por meses a fio. Ele morreu em 1970, provavelmente apegando-se à sua compreensão mecanicista do universo. MAURA: Em Hartley, temos o exemplo de um cientista talentoso que não conseguiu aceitar um novo paradigma científico. Ele se apegou às antigas teorias mecanicistas do universo e tentou, sem sucesso, atualizá-las para explicar a relatividade. As teorias de Hartley seriam aceitáveis ​​no final do século 19, talvez até seria um trabalho de ponta. Mas em meados do século 20, a teoria do éter estava fora de moda algum tempo. Ao permanecer comprometido com uma teoria científica antiquada, mesmo cientistas talentosos como Hartley podem fazer pseudociência. JUSTIN: Pensadores que estão a margem da ciência, não são apenas excêntricos. Eles podem nos ajudar a entender o que funciona no método científico e como ele funciona tanto para excluir teorias excêntricas quanto para impulsionar o campo da física. A revisão por pares e o componente social de fazer ciência nem sempre funcionam perfeitamente, mas têm sido muito bom em geral, para responder perguntas sobre o mundo natural. Na verdade, suas estruturas são invejáveis ​​o suficiente para serem emprestadas e reproduzidas por essas teóricos excêntricas, que tentam fazer com que físicos de boa reputação revisem seu trabalho e talvez até os ajudem a refinar suas ideias. Mesmo a linguagem e os métodos que os cientistas usam são emprestados por estes pensadores que trabalham à margem do mundo científico. MAURA: Muito obrigada por se juntar a nós hoje. MAURA: Também um agradecimento hoje ao nosso guia turístico e Diretor Associado de Coleções e Serviços de Bibliotecas da Biblioteca e Arquivos Niels Bohr, Allison Rein. JUSTIN: Este episódio foi criado, pesquisado e escrito por Maura Shapiro e Justin Shapiro. MAURA: Allison Rein é nossa produtora executiva, com produção e edição de áudio de Kerry Thompson. JUSTIN: Agradecimentos especiais à equipe maravilhosa do NBLA e do CHP por nos apoiar em todas as nossas necessidades de pesquisa. MAURA: A Initial Conditions é generosamente patrocinada pela Alfred P. Sloan Foundation.
Interview of Arlo Landolt by David DeVorkin on 1996 October 31, Niels Bohr Library & Archives, American Institute of Physics, College Park, MD USA, www.aip.org/history-programs/niels-bohr-library/oral-histories/5922 Landolt discusses how Worlds in Collision was advertised and made available to the general public. Landolt goes on to describe the different approaches to Velikovsky that were taken by Harlow Shapely and Cecilia Payne-Gaposchkin. He also discusses organizing the 1974 AAAS panel. Interview of Ivan King by David DeVorkin on 1977 July 18, Niels Bohr Library & Archives, American Institute of Physics, College Park, MD USA, www.aip.org/history-programs/niels-bohr-library/oral-histories/4706-1 In this interview, King discusses organizing the 1974 AAAS panel featuring Velikovsky and Sagan. King ended up presiding over that panel, ensuring that despite the tension in the room all parties involved conducted themselves professionally. King discusses the animosity the Velikovskians felt towards the established scientists on the panel. Velikovsky, Immanuel. Worlds in Collision, Delta edition. New York: Dell Publishing Co., Inc., 1965. Available on the Internet Archive at https://archive.org/details/B-001-014-474/page/n5/mode/2up (accessed August 16th, 2022). A free version of a later edition of Worlds in Collision. Even before it was published in 1950, Worlds in Collision sparked a major debate in the scientific community about how to address popular fringe science that would last for decades. To find out more about Velikovsky and pseudoscience, check out the bibliography for this episode's blog post or look at the Show Notes section below.
Fontes e coleções usadas
Alex Harvey collection on crank theories. American Institute of Physics, Niels Bohr Library & Archives, College Park, MD 20740, USA. Gordin, Michael D. On the Fringe: Where Science Meets Pseudoscience. New York: Oxford University Press, 2021. Gordin, Michael D. The Pseudoscience Wars: Immanuel Velikovsky and the Birth of the Modern Fringe. Chicago: University of Chicago Press, 2012. Ralph V. L. Hartley papers, 1920-1970. American Institute of Physics, Niels Bohr Library & Archives, College Park, MD 20740, USA. Velikovsky, Immanuel. Worlds in Collision, Delta edition. New York: Dell Publishing Co., Inc., 1965. Available on the Internet Archive at https://archive.org/details/B-001-014-474/page/n5/mode/2up (accessed August 16th, 2022). Justin Shapiro, Coordenadora de Podcast e Divulgação Veja todos os artigos de Justin Shapiro
Mostrar notas Kerry Thomspon of Thompson House Productions produced this show. Allison Rein is executive producer. Initial Conditions: A Physics History Podcast is generously sponsored by the Alfred P. Sloan Foundation.
Leitura adicional
Einstein estava errado?
Ciência e Cultura na escola
Condições iniciais
Einstein estava errado? Condições iniciais: Um Podcast de História da Física
Fechar Cartas de Einstein ao Presidente Roosevelt - 1939 Carta de Einstein a Born - 1926 Carta de Einstein a Born - 1944 O princípio da Incerteza de Heisenberg - Henrique Fleming Ciência e Weltanschauung - a Álgebra como Ciência Árabe - L. Jean Lauand A contribuição de Einstein à Física - Giorgio Moscati Antes de Newton Maria Stokes - AIP Einstein: Novas formas de pensar Emílio Gino Segré Símbolo e Realidade - Max Born Um passeio pelas interações fundamentais na natureza Maria Stokes - AIP Um Caminhada Através do Tempo Episódio 1: Eunice Foote Podcast episódio 1: Eunice Foote Episódio 2: Arrhenius, Callendar e Keeling Podcast episódio 2: Arrhenius, Callendar e Keeling Episódio 3: Ciência das Mudanças Climáticas na década de 1970 Podcast episódio 3:Ciência das Mudanças Climáticas na década de 1970 Episódio 4: Contracultura Quântica Podcast episódio 4: Contracultura Quântica Episódio 5: Einstein estava errado? Podcast episódio 5: Einstein estava errado? Episódio 7: A presença afro-americana na física Podcast episódio 7: A presença afro-americana na física Episódio 8: Uma entrevista com o Dr. Ronald Mickens Podcast episódio 8: Uma entrevista com o Dr. Ronald Mickens Episódio 9: O Inesperado Herói da Luz Podcast episódio 9: O Inesperado Herói da Luz Episódio 10: O Newton que você não conhecia Podcast episódio 10: O Newton que você não conhecia Episódio 11: O Legado do Almagesto de Ptolomeu Podcast episódio 11: O Legado do Almagesto de Ptolomeu
Índice dos textos
Boa parte das imagens utilizadas neste site pertencem a tercei-ros, que gentilmente permitiram sua utilização, assim sendo não posso autorizar a utilização destas imagens.
© CIÊNCIA-CULTURA.COM - Responsável - Ricardo Pante
Episódio 5: Einstein estava errado?
Condições iniciais

O

que

é

pseudociência?

A

resposta

é

mais

difícil

do

que

você

imagina.

Podemos

aprender

muito

mais

sobre

o

que

é

a

ciência,

como

ela

é

praticada

e

o

que

envolve

a

produção

de

novos

conhecimentos

científicos

a

partir

da

pseudociência.

Baseado

no

trabalho

do

historiador

da

ciência

Michael

Gordin

e

em

duas

coleções

da

Niels

Bohr

Library

&

Archives,

este

episódio

examina

rejeições

pseudocientíficas

e

elaborações

sobre

a

teoria

da

relatividade.

Alguns

dos

pseudocientistas

que

analisamos

pensavam

que

Einstein

estava

completamente

errado

que

ele

perdeu

alguma

informação

vital

ou

que

sua

teoria

é

simplesmente

muito

confusa

e

pouco

intuitiva

para

entender.

Outros

indivíduos

incluídos

nessas

coleções

concordam

com

Einstein,

mas

empurram

a

relatividade

em

direções

interessantes.

Alguém

tenta

defender

um

universo

de

6.000

anos.

Outro

nos

diz

como

construir

uma

máquina

do

tempo

para

apresentar

Muhammad

Ali

a

Thomas

Edison.

Concluímos

com

Ralph

Hartley,

um

cientista

praticante

e

talentoso.

Hartley

nasceu

oito

anos

depois

de

Einstein

e

nunca

aceitou

a

teoria

da

relatividade,

oferecendo,

em

vez

disso,

uma

explicação

muito

mais

antiga

de

como

a

gravidade

funciona.

Através

dessas

histórias,

aprenderemos

sobre

o

que

constitui

ciência

legítima e como ela é praticada.

Transcrição da gravação
Justin Shapiro
Maura Shapiro
Allison Rein
Sobre a Equipe de Podcasts
Postagem do blog: Ex LIbris Universum
Palestrantes: Maura Shapiro, Justin Shapiro e Allison JUSTIN: Estamos entre as prateleiras da Biblioteca e Arquivos Niels Bohr, e nossa diretora associada de coleções e serviços da biblioteca, Allison Rein, está se mudando... MAURA: --como num passe de mágica. JUSTIN: --uma longa parede formada por prateleiras que se movimentam, repletas de livros e documentos, enquanto elas descem, procuramos uma coleção especial. ALLISON: E é engraçado, porque essas prateleiras rolantes são do tipo que geralmente são movidas por grandes manivelas circulares, o que é apropriado devido ao nosso assunto de hoje. (risada) JUSTIN: Falando em excêntricos. ALLISON: Ok, então estamos aqui para ver algo interessante, Justin. O que estamos vendo hoje? JUSTIN: É a coleção de Alex Harvey sobre teorias excêntricas. Prefiro chamar de pseudociência. Não estou familiarizado com o termo "Crank" em física. Maura, quão amplamente usado é o termo "Crank" ? MAURA: Não é muito usado porque as pessoas não costumam falar sobre excêntricos, mas é usado como alguém que meio que está preso a uma teoria ultrapassada, e isso é meio que uma linha direta para muitos dos pseudocientistas que estão representados nesta coleção, certo? JUSTIN: Sim, eu diria que está certo, mas você sabe, eu não sei, minha reação instintiva é que soa meio irônico, e eu gosto de pseudociência….. bem, tem a palavra ciência nela, e este episódio é muito sobre a relação entre ciência e pseudociência. ALLISON: É um pouco como um comentário editorial chamar essa coleção de materiais "excêntricos", é uma espécie de amostra do que eles pensavam, apenas pelo título da coleção. MAURA: Definitivamente tem um tom zombeteiro. sim ela esta conotação mesmo. MAURA: Eu sou Maura Shapiro. JUSTIN: E eu sou Justin Shapiro. ALLISON: E eu sou Allison Rein, a guia turística pela Biblioteca e Arquivos Niels Bohr. MAURA: E este é o Initial Conditions, um podcast de história da física. JUSTIN: Todo problema de física começa com um conjunto de condições iniciais que fornecem o contexto para que a física aconteça. MAURA: Da mesma forma, em “Condições iniciais”, forneceremos o contexto em que as descobertas da física acontecem. Vamos mergulhar na história por trás da ciência de pessoas, lugares e eventos que foram negligenciados e amplamente esquecidos. JUSTIN: E hoje estamos investigando o que podemos aprender com o que alguns chamam de "teorias excêntricas", porém chamaremos de pseudociência. MAURA: Por que você não explica para nós? JUSTIN: Tudo bem, vou estabelecer três condições iniciais para você. Você está pronta? MAURA: Estou pronta. JUSTINO: Ótimo. O primeiro, são os novos desenvolvimentos na física no século XX. Foi um grande século para a física, certo? E quero falar sobre um dos maiores desenvolvimentos na área: a teoria da relatividade. MAURA: Ok... JUSTIN: E eu quero falar um pouco sobre como a relatividade reformulou esta área. Não olhando para os cientistas tradicionais, mas olhando mais para os pseudocientistas. MAURA: Portanto, uma condição inicial é como os pseudocientistas responderam à teoria da relatividade. JUSTIN: Certo. Então isso é absolutamente correto. Então, veremos a teoria da relatividade e as mudanças que ela trouxe ao campo da física, bem como a reação dos pseudocientistas. Ora, a pseudociência sempre foi uma condição para fazer ciência. Certo? Desde que a ciência existe, existem pessoas que se aproximam da ciência, mas não a entendem bem. E eu quero falar um pouco sobre o que eles fazem e o que não acertam no século 20, especialmente à teoria da relatividade. MAURA: Está bem, percebi. Mais concretamente, a segunda condição inicial é a tendência humana para tentar fazer ciência mas com algumas falhas. JUSTIN: Exatamente. Dito isto, vamos lá começar. MAURA: Incrível. JUSTIN: Hoje, vamos tentar definir o termo "pseudociência". E uma boa introdução à história da pseudociência e à definição do termo, são dois livros de Michael Gordin, um historiador da ciência da Universidade de Princeton. Esses dois livros são On the Fringe, or Science Meets Pseudoscience, and The Pseudoscience Wars, on Immanuel Velikovsky and the Birth of the Modern Fringe. Nesses livros, Gordin define a pseudociência como uma categoria em sentido negativo. Para ele, é mais fácil definir pseudociência com base no que os próprios cientistas chamam de pseudociência. E o que descobrimos é que, historicamente, o termo pseudociência tem sido usado de forma diferente pelos cientistas em diferentes momentos para excluir ideias e teorias que eles consideram não científicas por várias razões. MAURA: Portanto, estudar teorias excêntricas e pseudociência pode revelar onde está o alcance da ciência aceitável. O que está fora dela. E dessa forma, podemos medir a temperatura da ciência e entender onde as pessoas estão se esforçando para se encaixar. JUSTIN: E as pessoas estão no centro disso. A ciência é uma atividade social. Existem melhores práticas, normas e padrões profissionais que os cientistas devem seguir para chegar a conclusões aceitáveis ​​para outros cientistas. MAURA: Para diferenciar entre ciência legítima e pseudociência, hoje falaremos sobre exemplos que claramente estão fora dos limites aceitaveis da ciência. No entanto, como observaremos no final de nossa discussão, as fronteiras entre ciência e pseudociência são permeáveis ​​e, às vezes, a linha entre ciência, pseudociência e teorias excêntricas não são claras. JUSTIN: Além dos dois livros que mencionei pouco, este episódio também é enriquecido pelos arquivos da Niels Bohr Library. Em particular, existem duas coleções sobre as quais falaremos logo a seguir. A primeira é uma coleção de teorias excêntricas. Estes eram manuscritos e livros que foram enviados para Alex Harvey, um físico do Queens College, que falaremos dentro de alguns instantes. A outra coleção é chamada de Ralph Hartley Papers, e essa é bem interessante, mas vamos guardar isso para um pouco mais adiante no episódio. Como mencionei, um desses livros de Michael Gordin é intitulado "The Pseudoscience Wars: Immanuel Velikovsky and the Birth of the Modern Fringe". E neste livro, Gordin estava interessado em uma pessoa chamado Immanuel Velikovsky, que era uma figura realmente interessante. Ele não é mais um nome familiar, mas nas décadas de 1960, 1970, você poderia mencioná-lo e isso causaria espanto ou desaprovação, especialmente entre as pessoas interessadas em ciência. Portanto, quero falar sobre Velikovsky, que considero um modelo de pseudocientista e que foi muito ativo nas décadas de 1950, 1960 e 1970. Ele realmente entrou em cena de uma maneira importante, com o livro chamado Worlds in Collision (NTD - no Brasil: Mundos Em Colisão), publicado em 1950. Mas foram os debates sobre a publicação desse livro que acabaram tornando conhecido. MAURA: O que tinha no livro? JUSTIN: Então, Velikovsky pode ter se considerado mais um historiador do que um cientista, mas com o tempo, suas ideias e a maneira como ele as defendia, mudaram em resposta à comunidade científica. Então, Worlds in Collision foi realmente controverso. Basicamente, vou resumir o livro da melhor maneira possível, mas Velikovsky acreditava que o planeta Vênus realmente se originou como um cometa massivo que passou muito perto da Terra. E agora digo que Velikovsky era um historiador, porque ele diz que o trânsito daquele cometa causou todo tipo de coisas que podemos ler na Bíblia. MAURA: Ah. (risos) JUSTIN: A destruição de Sodoma e Gamora, a história da Arca de Noé e o Grande Dilúvio. Tudo isso, disse ele, foram catástrofes causadas por Vênus interrompendo a órbita da Terra. E até fogo chovendo do céu, ele disse que este cometa tinha petróleo que ele precipitou na Terra, e se incendiou quando atingiu a atmosfera da Terra. E ele acreditava que todas as crises mencionadas na Bíblia se correlacionavam com o trânsito desse enorme cometa, que então se estacionou entre a Terra e Mercúrio como o segundo planeta depois do sol, Vênus. MAURA: Hum, tudo bem. Existem algumas coisas científicas que até eu consigo identificar. Eu vou perguntar. Então as pessoas acreditaram nele? JUSTIN: Não inicialmente. Os cientistas, quando estão a trabalhar nas suas ideias, passam cópias do que querem publicar, certo? E a comunidade revisa. E Velikovsky queria muito que este manuscrito fosse publicado pela Macmillan. Na época, a Macmillan era uma das principais editoras de livros didáticos de ciência e, fazendo a devida análise, a Macmillan fez circular cópias do manuscrito entre os cientistas. Velikovsky também distribuiu alguns rascunhos por conta própria. Foi nesse momento, o momento do que poderíamos chamar de revisão pelos pares, que Velikovsky realmente ganhou uma espécie de notoriedade nos círculos científicos. As provas circularam e os cientistas foram unânimes em dizer: "Isto não está de acordo com o que sabemos sobre física ou astronomia". E pressionaram a Macmillan a não publicar o livro, e a Macmillan acabou por o deixar de lado. Mas foi escolhido pela Doubleday. E tornou-se imediatamente um bestseller. MAURA: E por que isso? JUSTIN: Foi a controvérsia por detrás da publicação do livro que deu fama a Velikovsky. MAURA: Toda propaganda é bem-vinda. JUSTIN: Para Velikovsky, certamente. Mas ele não parou com suas ideias. Velikovsky continuou a refinar suas ideias e continuou a publicar livros sobre esse tipo de interseção entre ciência e história bíblica. E ele continuou a interagir com os cientistas, embora essas interações se tornassem cada vez mais frustrantes para os cientistas envolvidos. Na verdade, ele brigou com Carl Sagan na reunião de 1974 da Associação Americana para o Avanço da Ciência. MAURA: Fiquei curioso, porque presumi que os cometas eram menores que Vênus, mas acabei de pesquisar "maior cometa descoberto", e o maior cometa descoberto tem 500 trilhões de toneladas e 137 km de largura. Portanto, para contextualizar, é maior do que o estado americano de Rhode Island. Vênus (risos) é um pouco maior que isso. O diâmetro de Vênus tem mais de 12.000 km. E a massa de Vênus é quase 5 x 10 21 toneladas (4,867 × 10 24 kg ). Portanto, nunca vimos um cometa grande o suficiente para ser Vênus, basicamente. (risos) JUSTIN: Você está respondendo da mesma forma que os cientistas da época fizeram. Mas isso não impediu Velikovsky. Curiosamente, ele comprou uma casa em Princeton e se correspondeu com Einstein de tempos em tempos, até a morte deste último, em meados da década de 1950. Mas Velikovsky desenvolveu de facto estas instituições e estas formas de produzir conhecimento que são familiares a um cientista, mas que estavam orientadas para a produção de pseudociência. Acabou por atrair uma série de pessoas envolvidas na contracultura que o viam como um rebelde contra a ciência vigente, que, como falámos no último episódio, era um tema muito quente (ambos riem) na época. MAURA: Cada episódio tem que ter uma referência ao tópico atual. JUSTIN: Claro. Mas Velikovsky atraiu uma série de pensadores mais jovens que o viam como um rebelde contra o establishment, e Velikovsky começou a ser citado pelos cientistas em jornais, então Velikovsky realmente desenvolveu esse campo de estudo como algo paralelo à ciência, certo? Algo que realmente não se cruzava com a ciência moderna e suas conclusões ou suposições ou o conhecimento que ela gerava. Mas parecia muito com a forma como a ciência é feita. MAURA: Então Velikovsky personificou os cientistas adotando as armadilhas retóricas e estruturais que a ciência tradicional possui e, por meio disso, ganhou seguidores. O tempo todo sendo descartado por cientistas como um pseudocientista. E mais do que isso, sua rejeição da ciência convencional até facilitou sua ascensão. Mas suas suposições estavam incorretas. Ainda assim, ele se tornou uma figura popular, apesar do trabalho de todos os cientistas para desmascarar seu próprio trabalho. JUSTINO: Claro. As coleções que descreveremos nos próximos minutos nunca alcançaram a popularidade ou reconhecimento que Velikovsky teve. Existem algumas características que os pseudocientistas compartilham com Velikovsky, no entanto…….e talvez o mais óbvio seja a alta estima que eles têm de si mesmos. Eles também procuram tornar as leis da física mais intuitivas. Muitas vezes falhando espetacularmente. Ao tentar tornar a física mais intuitiva, eles também apresentaram suposições que foram rejeitadas de imediato pelos cientistas tradicionais, assim como os argumentos e a cronologia adotada por Velikovsky em seu livro Mundos Em Colisão. Agora, antes de prosseguirmos, quero mencionar mais uma coisa sobre estas coleções, a existência de uma conexão entre os arquivos de Alex Harvey, esta caixa que temos aqui, cheia dessas teorias excêntricas, com Immanuel Velikovsky. Alex Harvey era o presidente do Queens College em Queens, Nova York, departamento de física. Seu antecessor foi Edward Thorndike, que foi um dos primeiros revisores de Mundos em Colisão, sobre o qual escreveu que "a física não é boa". Talvez Harvey tenha herdado o interesse de Thorndike pela pseudociência. MAURA: Então Harvey não era um pseudocientista, apenas curioso sobre o assunto? JUSTIN: Certo, e nas coleções, ele tem esses postits em alguns dos manuscritos que dizem: "Jogue fora, teoria excêntrica." Mas, por alguma razão, ele nunca teve tempo para isso, e agora nós os temos na AIP. MAURA: Por esse motivo o podcast torna-se melhor. Mas essa coleção em si é bem interessante né, porque contém tantos artigos publicados e inéditos. E, geralmente, os artigos publicados são encontrados em bibliotecas, e os não publicados são mantidos em arquivos. JUSTIN: E isso é algo que nossa guia turística, Allison Rein, diretora associada da Niels Bohr Library and Archives-- MAURA: (risos) No Instituto Americano de Física. JUSTIN: O Instituto Americano de Física indicou quando eu estava examinando esta coleção. São livros e esses manuscritos datilografados. MAURA: Então por que isso? JUSTIN: Bem, os livros da coleção são interessantes. A maioria deles foi publicada por esta editora chamada Vantage Press, que agora é uma “vanity press” que não existe mais. Uma “vanity press” é uma editora onde você pode pagar, como autor, para publicar seu livro. E eles fornecem cópias impressas, cópias em brochura, sobrecapas nas cópias impressas, fotos do autor, todo esse tipo de coisa por uma pequena taxa de provavelmente alguns milhares de dólares. E assim parece um livro real, lê-se como um livro real, e as ideias dentro são certamente reais. que eles não são científicos. Mas, nesses casos, a pseudociência meio que adota a apresentação e o formato de ideias científicas realmente poderosas. Como um meio de aumentar sua própria legitimidade. A coleção Alex Harvey está organizada cronologicamente, mas o que parece unir a coleção, e isso faz sentido dado o histórico de Harvey, é a primeira condição inicial: um interesse entre os autores na relatividade. Alguns a defendem, a maioria argumenta contra, e alguns a adaptam a seus próprios propósitos. E três temas importantes nos manuscritos desta coleção que gostaríamos de destacar. MAURA: A primeira é que a teoria da relatividade não é intuitiva. Depende de matemática complicada e geralmente é diferente de como experimentamos o mundo diariamente. Em segundo lugar, esses pseudocientistas acreditavam que, como a teoria da relatividade não é intuitiva, ela é, portanto, incorreta. E que eles devem substituí-lo por uma teoria própria. Alguns recorrem a teorias mais antigas e desatualizadas para explicar o universo, enquanto outros apenas complicam ainda mais a matemática. E, às vezes, a teoria da relatividade pode realmente ser usada com, é claro, matemática complicada adicional para fazer coisas milagrosas, como provar a existência de Deus, verificar as histórias da Bíblia ou construir uma máquina do tempo. JUSTIN: Quase todos os manuscritos nas coleções, então, abordam as leis da física com a suposição de que algo deu fundamentalmente errado no século 20. E, por sua vez, esses escritores usam suposições que vão contra a física contemporânea. MAURA: Não nada de errado em usar suposições. Os cientistas fazem isso o tempo todo. Mas quando os cientistas usam suposições, eles geralmente são examinados por sua comunidade e, mesmo que não o tenham feito, o processo de revisão por pares destina-se a verificar se os cientistas não estão construindo teorias ou chegando a conclusões com base em premissas errôneas. JUSTIN: Os pseudocientistas aqui pareciam trabalhar predominantemente como indivíduos, fora da comunidade e do processo de revisão por pares. Sua falta de participação na comunidade científica, com uma exceção, torna o que eles fazem e como pensam fundamentalmente diferente de como os cientistas tradicionais trabalham. MAURA: Com essa introdução em mente, você pode me falar um pouco sobre essa coleção? JUSTIN: Ficaria feliz. Como mencionei anteriormente, esses manuscritos não foram submetidos à revisão por pares. Tanto quanto os autores esperavam que Harvey ou qualquer outra pessoa os tratasse com credibilidade. Além disso, essas teorias estão carregadas de suposições e conclusões que derrubariam a física como a conhecemos. Eles atuam completamente fora de como funciona a física, que se baseia no conhecimento estabelecido. Vamos começar com a primeira categoria: teorias que abordam a natureza não intuitiva da teoria da relatividade. MAURA: Em 1905, Albert Einstein apresentou a teoria da relatividade especial, onde as leis da física são idênticas em todos os referenciais inerciais (NDT - referenciais sem aceleração ), e a velocidade da luz no vácuo é constante. JUSTIN: Mais ou menos como um limite de velocidade cosmológico. MAURA: Exatamente. Na verdade, essa teoria é bastante direta, e a matemática por trás dela é acessível até mesmo para um estudante de física do segundo ano. JUSTIN: Então, não para mim. MAURA: Talvez não, mas apesar de sua simplicidade para pessoas que têm algumas aulas de matemática, ainda tem alguns resultados malucos. Dois eventos que aparecem simultaneamente para um observador podem ocorrer em momentos diferentes para outro observador em outro referencial. todo o efeito de dilatação do tempo, que leva ao paradoxo dos gêmeos, onde as pessoas aparentemente envelhecem de maneira diferente, porque o tempo é uma experiência relativa. também a contração do comprimento, o que significa que, ao viajar próximo à velocidade da luz, você parecerá um pouco mais magro. E assim esses efeitos malucos eram difíceis de aceitar pela velha guarda da física, e eles hesitavam em adotar essa teoria. JUSTIN: Como ouviremos no final deste episódio. MAURA: Mas dez anos depois, Albert Einstein publicou a teoria geral da relatividade, que reinventa a gravidade como resultado de um espaço-tempo curvo. E esta foi uma grande mudança de paradigma. Por cerca de 300 anos, os físicos aceitaram a ideia de gravidade proposta por Newton. A matemática da relatividade especial é incrivelmente complicada. É ditado por um conjunto de equações diferenciais não lineares, o que basicamente significa que são muito difíceis de resolver, mesmo com graus avançados em matemática. E essa teoria era difícil de aceitar para muitos, por causa de quão complicada é….. JUSTIN: E pouco intuitivo. MAURA: --é, exatamente! Ainda assim, levou a muitas previsões verificadas, como lentes gravitacionais, a precessão da órbita de Mercúrio e o desvio gravitacional para o vermelho. No entanto, é uma teoria incompleta. E é incompatível com a mecânica quântica, que, como a relatividade geral, é significativamente complicada, muito pouco intuitiva, mas também foi verificada experimentalmente. JUSTIN: Vamos então falar de alguns destes pseudocientistas e da forma como reagem à teoria da relatividade. Quero começar com o primeiro manuscrito da coleção, intitulado "The Theory of Microgravitational Forces", de Ramesh Kumar Agarwal. Sem data e dactilografado num volume encadernado, tem apenas algumas dezenas de páginas. Agarwal escreve na introdução do seu manuscrito que, "A minha teoria da microgravidade é uma teoria radical da física fundamental. É uma modificação e um avanço da teoria de campo da gravidade que tem um impacto profundo em quase todos os ramos da física moderna. Nos seus resultados, refuta grosseiramente as duas teorias da relatividade de Einstein. Este conflito com as teorias de Einstein colocou a minha teoria num círculo vicioso, na medida em que a formulação matemática exata da minha teoria é possível com total ignorância da relatividade einsteiniana, o que uma mente habituada a pensar em termos de relatividade einsteiniana, como é provável que seja a maioria dos físicos atuais, pode achar difícil de digerir, e a relatividade einsteiniana pode ser absoluta e definitivamente refutada com a compreensão da minha teoria da microgravidade." MAURA: Uau, essa é uma teoria enorme se ele estiver certo. JUSTIN: Sim, basicamente o que ele está dizendo é que Einstein está totalmente errado e ele está totalmente certo. Mas a teoria por trás disso não é muito importante. Ele basicamente apenas diz que a gravidade é inerente a todo objeto que existe no espaço. MAURA: Mmhmm, tudo bem. JUSTIN: O que quero chamar a atenção aqui é a maneira como Agarwal apresenta suas reivindicações. Ele prepara os físicos para se surpreenderem com suas teorias, alegando que eles podem não estar acostumados com ideias tão brilhantes, que estão profundamente comprometidos com a relatividade einsteiniana. Agarwal tem um desentendimento com Einstein e conclui sua teoria das forças micro gravitacionais escrevendo que, e passo a citar, "a relatividade einsteiniana é um fracasso miserável na frente cosmológica". MAURA: Isso é muito duro. JUSTIN: É bem duro, é bem condenatório, mas esse é um refrão comum entre alguns dos teóricos excêntricos. Veja James Carter, por exemplo. Maura, sei que você leu um pouco sobre Carter. MAURA: Sim, Margaret Wertheim, uma escritora científica australiana, segue James Carter em seu livro "Physics on the Fringe: Smoke Rings, Circlons, and Alternative Theories of Everything". Neste livro, ela adota uma abordagem muito simpática ao chamado “teórico à margem da ciência” e explica as suas ideias e, mais importante ainda, as suas motivações e as motivações de pseudocientistas semelhantes. JUSTIN: Não precisamos perder muito tempo com o Carter. Veja o livro que a Maura recomendou, de Margaret Wertheim. Carter e Agarwal desprezam abertamente Einstein. Esta é, naturalmente, uma caraterística não habitual quando se fala da comunidade científica em geral. Os cientistas evitam frequentemente ataques ad hominem e discutem ideias de forma cordial e cooperativa. As críticas, pelo menos as críticas duras, dirigidas a indivíduos e não às suas ideias, são comuns nos pseudocientistas. A Biblioteca e Arquivos Niels Bohr possui o que pode ser a única cópia de um manuscrito de James Carter existente em uma biblioteca conhecida. Carter publicou apenas dez cópias de seu manuscrito, conforme ele escreve na página de direitos autorais. Este livro é intitulado "Por que Einstein era um tolo ignorante". Mas, talvez devido a limitações de espaço, o título impresso na lombada diz: "Why Einstein was an Ignorant F." MAURA: Ok Justin, esse não é exatamente o título inteiro. O título completo é: "Why Einstein was an Ignorant Fool: How Einstein, Being Ignorant of Today's of Experimental Physics Was Able to Fool “the World into Believing Many Impossible Things Like Infinite Fields, Massless Photons, Downward- Pointing Gravity, Equivalent Momentum in Force, and an Instantaneous, Expanding Big Bang Singularity Instead of Living Universe Duality." (em tradução livre - "Porque é que Einstein era um tolo ignorante: Como Einstein, sendo ignorante da Física Experimental de hoje, foi capaz de enganar o mundo, levando-o a acreditar em muitas coisas impossíveis, como campos infinitos, fotões sem massa, gravidade apontada para baixo, momento equivalente em força em um instante, e uma singularidade instantânea e expansão do Big Bang em vez de uma dualidade do universo vivo.") JUSTIN: Podemos dizer pelo título que esses pseudocientistas gostam de pegar termos emprestados da física, mas muitas vezes os usam mal ou os interpretam de maneiras estranhas. Tanto para Agarwal quanto para Carter, tentativas de usar a linguagem para colocar um verniz de legitimidade sobre seu trabalho. MAURA: No trabalho de Carter, ele olha para o nível quântico, afirmando que os métodos tradicionais da física atômica são imprecisos. Ele propôs que, em vez disso, existe algo chamado circlons, que em sua mente faz mais sentido. E isso é realmente semelhante a uma ideia mais antiga de como o universo funcionava antes da mecânica quântica. E isso foi sustentado por muitos cientistas do século 19, como Lord Kelvin ou Peter Guthrie Tait. Embora eu não tenha certeza de que Carter esteja ciente disso. Mas esse é outro padrão comum nas teorias marginais e excêntricas. Uma reversão para entendimentos muito, muito mais antigos da física. JUSTIN: Isso mesmo. E eu disse pouco que não vamos gastar muito tempo com Carter, embora ele seja uma figura realmente interessante por si só. E direi que seu livro apresenta alguns belos desenhos dessas pequenas criaturas diabólicas observando fótons de cima e de baixo em uma torre, que ele rotulou de "Jefferson Tower". O ilustrador da contracapa também teve o cuidado de dar a eles sapatos de cores diferentes. MAURA: Um belo toque. JUSTIN: Um toque legal, sim. MAURA: Agarwal e Carter desprezam Einstein, e eles voltam aos "bons velhos tempos" quando Newton comandava o show. JUSTIN: Então Agarwal e Carter argumentam que a relatividade einsteiniana é muito pouco intuitiva para fazer sentido. Eles oferecem teorias alternativas da física em seu lugar, mas ao examinar a coleção de Harvey, encontrei um “teórico excêntrico” que, em sua tentativa de criar um conjunto de leis físicas melhor do que Einstein, na verdade criou algo incrivelmente complexo e talvez até mesmo menos intuitivo que a relatividade. MAURA: Estou ansiosa para saber o que é isso. JUSTIN: Então está tudo no título. Em 1990, Dante S. Cusi publicou "Experiment and Logic: The Science of Interpretational Physics" pela Vantage Press. E o livro traz uma foto muito interessante de Dante S. Cusi na contracapa, onde ele se parece muito com Junior Soprano da série para TV, The Sopranos? MAURA: Eu não vi o programa. JUSTIN: É um dos meus programas de TV favoritos. o vi provavelmente seis ou sete vezes e, acredite, ele se parece com um desses personagens principais. Mas isso não é importante hoje. O que a capa revela, além dessa grande foto de Dante S. Cusi, é que ele também acreditava que Einstein estava errado. Ao contrário de [Carter] e Agarwal, no entanto, Cusi acreditava que Newton também poderia estar incorreto. E nesta sobrecapa, ele faz algumas perguntas importantes como: "Newton e Einstein estavam errados? Suas teorias são baseadas em falsas suposições sobre a natureza da matéria, energia, espaço e tempo? E o que essas equações misteriosas têm a ver com o mundo real?" MAURA: Todas as perguntas para as quais quero a resposta. JUSTIN: Bem, boa sorte, se você está lendo este livro. Cusi sugere uma alternativa à física clássica e relativista no que ele chama de "física interpretativa, uma abordagem de bom senso que busca explicar eventos naturais em termos que a mente humana possa compreender". Finalmente, este trabalho foi motivado pela incapacidade de Cusi de entender como a física explicava os fenômenos naturais. E é importante notar aqui que ele viveu a revolução relativista. Escrevendo que, "Quando mais tarde, no nível universitário, o ensino se tornou centrado na teoria da relatividade e no eletromagnetismo, minha desilusão se aprofundou ainda mais e se tornou quase uma obsessão. Fundamentalmente porque eu não tinha como entender por que os experimentos resultaram da maneira que eles fizeram." MAURA: Não culpe o físico, culpe a física. JUSTINO: Sim. Se alguma vez você não entendeu nada, provavelmente é porque está errado e você está certo. E foi isso que aprendi com muitos desses físicos. MAURA: (risos) Se toda vez que eu dissesse: "Não entendo, a física deve estar errada", durante uma aula de física... eu teria tantos, tantos livros publicados pela Vantage Press. (NTD - A Vantage Press era uma editora independente com sede nos Estados Unidos. A empresa foi fundada em 1949 e encerrou suas operações no final de 2012. A Vantage era a maior “editora de vaidade” ou “imprensa de vaidade”, em inglês vanity press, muitas vezes chamada de prestadora de serviço, é uma editora onde qualquer pessoa pode pagar para publicar um livro. O termo "vanity press" é frequentemente usado de forma pejorativa nos Estados Unidos, dando a entender que um autor que usa tal serviço está publicando por vaidade.) Wikepedia JUSTINO: Sim. Bem, é algo como $ 2-5000 para publicar com eles, e eles também não existem mais. MAURA: Uma oportunidade perdida, então. JUSTIN: Sim, tenho certeza de que existem outras “vanity press” que você pode encontrar para divulgar suas ideias. MAURA: (risos) Então, de volta a Cusi. JUSTIN: De volta ao Cusi. Então ele, você sabe, essa física interpretativa, ele tenta uma teoria diferente, e depois a relatividade e a física clássica. E você sabe que isso é indicado por ele dizendo que Newton e Einstein talvez estivessem errados. Então, vamos ouvir quais são as ideias de Cusi em suas próprias palavras. Neste livro, o Sr. Cusi argumenta que energia é matéria. Que um único sistema de energia, o "imus", permeia todo o universo e que existe uma ordem fundamental na natureza que unifica os fenômenos aparentemente mais diversos. Dessa forma, o modelo de Cusi é tudo menos senso comum, mas, mais importante, devemos lembrar aqui que Cusi estava respondendo à revolução relativista. Ele escreveu que o encontrou durante a faculdade, e sua falta de intuição o incomodou desde então. MAURA: Então, Justin, falamos sobre como a relatividade não é intuitiva e, por causa disso, deve estar incorreta. Mas você também mencionou como alguns pseudocientistas realmente utilizam a relatividade para provar a existência de um Deus ou para realizar milagres. JUSTIN: É realmente incrível, a maneira como eles entendem a relatividade. E isso entra na terceira categoria que você mencionou anteriormente, ou seja, existem alguns teóricos marginais que usam a relatividade para demonstrar a existência de um criador. Quase sempre um Deus cristão em sua concepção. Então aqui está um exemplo. é um manuscrito de James H. Wiborg intitulado "Theoria Primarius". Vemos que ele pega emprestado o título latino do início do período moderno, imitando o "Principia Mathematica" de Newtown de 1687. E obrigado Maura, você me corrigiu na minha pronúncia no podcast. MAURA: Sim, eu não poderia deixar que as palavras de Newton fossem massacradas. JUSTIN: Não, não, e nós falaremos sobre ele no futuro, eu acho, em um episódio futuro. Mas então eu quero obtê-lo agora, e eu aprecio isso. E novamente, a linguagem é muito importante aqui. Muitos desses teóricos marginais emprestam o estilo de autoridades científicas legítimas, talvez por costume, porque muitos desses teóricos estão familiarizados com pelo menos um pouco das pessoas que afirmam refutar, ou talvez como um meio de dar ao seu trabalho um senso de legitimidade. Então vamos ouvir nas próprias palavras de Wiborg. Ele escreve: "Este livro foi escrito como resultado de curiosidade e desconforto. Curiosidade sobre espaço e tempo e o design subjacente do universo. Desconforto sobre a grande e confusa complexidade deste projeto como a física moderna tentou descrevê-lo." E enquanto ele chama seu modelo de simples, é mais uma vez incrivelmente complexo e demonstrado por meio de matemática tediosa e muito difícil de seguir. MAURA: É quase como se estivessem errados. (risos) JUSTIN: Quase. Mas é realmente incrível como eles se propuseram a tornar essas teorias mais intuitivas, mas acaba saindo pela culatra de uma maneira realmente importante. E Wiborg encerra seu manuscrito escrevendo: Para encerrar, caro leitor, lembre-se de que tudo o que foi desenvolvido e apresentado neste artigo é apenas sobre um modelo simples, mas esse modelo parece fornecer um fundamento lógico e racional para a física do espaço, tempo e partículas. Talvez deus não jogue dados, afinal." MAURA: O que, claro, é uma referência à citação de Einstein sobre seu próprio desconforto com a mecânica quântica. JUSTIN: Ele continua, "Em nosso modelo, consideramos cinco dimensões. Três de espaço, uma de tempo e uma de inércia. Mas falhamos em considerar a dimensão do pensamento ou a MENTE DE DEUS." MAURA: Em maiúsculas. (risos) JUSTIN: E eu digo assim porque está em letras maiúsculas, exatamente. MAURA: Uau. Então, neste ponto, estou me perguntando se alguém gosta da relatividade como está? JUSTIN: Então Einstein tem dois defensores na coleção. Ao contrário de Wiborg, eles concordam com os princípios básicos da relatividade. Como Wiborg, eles concluem que, de fato, sua compreensão da física demonstra que Deus é real e tem autoridade sobre o universo. E o primeiro desses defensores é alguém chamado Barry Setterfield, e seu manuscrito é intitulado "A velocidade da luz e a idade do universo", publicado em 1982. Setterfield é bastante conhecido nos círculos de criacionistas e céticos. Ele é um jovem criacionista da Terra, tomando o texto da Bíblia como verdade oficial e acreditando que o universo foi de fato criado cerca de 6.000 anos atrás. Ele demonstra outra característica dos teóricos excêntricos: uma tendência de retroceder a partir de certas conclusões. O que poderíamos chamar de pensamento teleológico (NDT - A teleologia é uma doutrina que estuda os fins últimos da sociedade, humanidade e natureza). E neste manuscrito, ele apresenta sua teoria do decaimento C. Ou seja, essa luz de fato viaja a uma velocidade constante pelo universo, mas também essa velocidade constante tem diminuído a uma taxa uniforme. Considerando o decaimento C, argumenta Setterfield, é possível datar o universo por volta a 4125 aC com uma variação de mais ou menos cerca de 175 anos. MAURA: E a constante C refere-se à velocidade da luz. É assim que é representado na física. Mas eu amo que ele use o princípio mais fundamental das constantes que mudam. JUSTIN: Sim, uma coisa que sabemos sobre constantes é que elas mudam constantemente. MAURA: (risos) É. JUSTIN: E neste caso, diminua constantemente a velocidade. Setterfield conclui seu manuscrito escrevendo que, "Segue-se do exame minucioso da fórmula relevante que o universo está entrando em colapso em direção à destruição total como uma bola de fogo, assim como as escrituras predizem." Como é conveniente que sua matemática se ajuste à idade bíblica do universo com tanta precisão. Outro defensor de Einstein e um dos meus favoritos é um homem chamado Joseph Bonkowski. Bonkowski escreveu o manuscrito com meu título favorito: "The Theory of Relativity 2, How to Build a Time Machine". MAURA: A sequência que não sabíamos que precisávamos. JUSTIN: Mas estamos felizes por termos. MAURA: (risos) Claro. JUSTIN: A extensão do que ele deve a Einstein está indicada no título. Bonkowski escreveu uma continuação da teoria da relatividade. Então vamos ouvir nas próprias palavras de Bonkowski. Ele escreve na introdução: minha esperança com este texto provar o início do universo, mostrar à humanidade como construir uma máquina do tempo, um raio de encolhimento, transformar ferro em ouro, resolver a crise energética, relacionar a mecânica quântica com a início do universo, olhar mais de perto os átomos e a luz, fazer um novo mapa da galáxia e também responder a muitas das perguntas que o homem tem atualmente sobre o nosso universo." MAURA: Isso é ambicioso. JUSTIN: Parece uma teoria realmente abrangente. Mas os métodos usados ​​por Bonkowski eram difíceis de entender. Seu plano para construir uma máquina do tempo envolvia a criação de um buraco negro na Terra. E como ele disse, "Tudo o que temos que fazer para fazer um buraco negro na Terra é descobrir como adicionar espaço ao espaço ou talvez espaço quadrado ou espaço à 10ª potência ou à milionésima potência. Se tivermos espaço elevado o suficiente para fazer o tempo retroceder, teremos uma grande explosão de antimatéria semelhante à que deu início a esta galáxia." MAURA: Assim como... Neste ponto, isso não é nem mesmo usar o jargão científico para soar legítimo. É assim que as pessoas falam em filmes de super-heróis. Como eu tenho certeza que eles citaram isso nos Vingadores para falsificar a ciência e criar buracos de minhoca ou qualquer outra coisa. JUSTIN: Sim, você não viu que Bonkowski ganhou o Oscar de melhor roteiro por The Avengers 7: The Adventures of Time Squared Man? MAURA: Quer saber, eu perdi o Oscar esse ano, então. JUSTIN: Ah. Algo aconteceu ali, não sei o quê. As pessoas estavam falando sobre isso, no entanto. De acordo com Bonkowski, a maneira de produzir um buraco negro é tão simples que é uma maravilha que os cientistas não tenham pensado nisso antes. Ele escreve: "Tudo o que temos a fazer é construir uma sala pequena e uma grande sem peso, como nossos astronautas usam no treinamento espacial". Maura, você conhece a sala sem peso que os astronautas usam no treinamento espacial, certo? MAURA: Sim, bem, na verdade não devemos falar sobre isso. É um segredo. Algumas pessoas acreditam que os astronautas usam aviões que despencam para simular a gravidade zero ou que os astronautas treinam em piscinas, mas não. Na verdade, existe uma sala sem peso ultrassecreta que a NASA usa. JUSTIN: Você já viu um desses aviões? MAURA: Não tenho liberdade para discutir. JUSTIN: Ok, entendi. Bonkowski poderia escrever para a quinta temporada de Stranger Things. MAURA: (risos) JUSTIN: De qualquer forma, temos esses quartos sem peso, e Bonkowski diz: "Tudo o que temos a fazer é ligar os dois, e o interior do quarto menor agora tem espaço mais espaço, ou espaço ao quadrado, e assim como um buraco negro, o tempo reagirá de forma diferente aqui. Temos uma máquina do tempo, ou um buraco negro, ou ambos." MAURA: E quer saber? Adoro que ele nos peça para experimentar sem saber se criamos um buraco negro. JUSTIN: Apenas tente. MAURA: Experimenta. Porque não? Qual é a pior coisa que pode acontecer? JUSTIN: Sim, bem, ele disse uma grande explosão de antimatéria, semelhante ao que deu início ao universo, mas tanto faz. Quer dizer, vamos ficar bem. MAURA: E então temos um novo universo. Tipo, e daí? JUSTIN: Isso mesmo. Então vamos ouvir como Bonkowski diz que podemos usar este novo universo, ou este buraco negro ou máquina do tempo ou ambos. MAURA: Ou ambos, sim. (risos) JUSTIN: Ele escreve: "Os militares podem manter exércitos inteiros em tempo de paz até a hora de lutar. Um boxeador de ponta que é tão bom que derrotou todo mundo e está pensando em se aposentar porque não ninguém para lutar pode sentar em um dos quartos até que alguém de qualidade venha lutar com ele. Eu sei que se esta tecnologia estivesse aqui 200 anos, eu não me importaria de ver Muhammad Ali lutar contra Joe Lewis, ou conversar com Thomas Edison, Einstein, FDR, etc. As possibilidades são infinitas." MAURA: Isso é tão específico. JUSTIN: (risos) Eu sei, é muito engraçado na verdade. MAURA: Como se tudo o que eu desejasse para uma máquina do tempo fosse ver Muhammad Ali e Joe Lewis lutando. JUSTIN: Certo, ou ver Muhammad Ali falar com Thomas Edison. MAURA: Quer saber, eu estava presumindo que na verdade ele queria falar com Thomas Edison, Einstein, FDR. Mas sim, talvez (risos) ele pense que Muhammad Ali se daria bem com eles também. Quem pode dizer? JUSTINO: Sim. Ele escreve: "Eu não me importaria de ver Muhammad Ali lutar contra Joe Lewis, ou conversar com Thomas Edison, Einstein, FDR, etc." Não sei o que Muhammad Ali e Thomas Edison teriam a dizer um ao outro, mas... MAURA: (risos) JUSTIN: O que me surpreendeu é que o fascinante manuscrito de Bonkowski termina com um discurso sobre a natureza de Deus, e como suas ideias sobre relatividade, cosmologia e as leis da física realmente demonstram que é possível unificar-se com deus. Mas quero destacar novamente alguns dos temas aqui e defender por que coleções como essas são importantes. MAURA: Então, o primeiro tema é que uma ênfase na teoria da relatividade com a maioria dos autores negando que ela seja verdadeira ou válida. JUSTIN: Em muitos casos, os autores propõem teorias alternativas que realmente fazem sentido. Claro, estou brincando. MAURA: É. (risos) Entendi. JUSTIN: bom, obrigado. Agora, alguém como Dante Cusi, que foi para a escola quando a relatividade foi aceita entre os cientistas, mostra como leva tempo para que n ovos paradigmas se tornem conhecimento padrão, mas outros autores aqui que continuam a sustentar que Einstein simplesmente não faz sentido. MAURA: E o segundo tema é que, nesses casos, esses pensadores marginais elaboram novas teorias que consideram mais aceitáveis. JUSTIN: Esta é uma tentativa de ciência legítima, mas que nunca passaria na revisão por pares, porque as suposições são muito estranhas. A revisão por pares existe para permitir algum grau de flexibilidade. Algumas novas ideias e questões precisam ser abordadas, caso contrário, como a ciência continua a evoluir? Mas a revisão por pares também filtra as teorias que se desviam muito do conhecimento aceito. MAURA: Alguns desses autores até trabalham de trás para frente a partir de suas conclusões. Isto ocorre especialmente nos casos daqueles autores que querem usar as leis da física para provar a existência de deus. JUSTIN: Bonkowski é um caso atípico aqui, porque ele não usa matemática, mas Wiborg e Setterfield querem defender uma cosmologia cristã. Às vezes, eles fazem suposições estranhas para fazer isso, como a crença de Setterfield em uma velocidade de decaimento uniforme da luz. Portanto, esses são os três temas da coleção de Alex Harvey: desacordo fundamental com Einstein, na maioria dos casos, tentativas de construir modelos mais simples e intuitivos que geralmente saem pela culatra, e usar a linguagem e as metodologias da física para trabalhar de trás para frente a partir de conclusões. Então isso é um pouco sobre os pensadores cujas ideias se afastam significativamente do que pensam os cientistas. São pessoas que, em sua maioria, careciam de treinamento científico formal. Acho que Agarwal pode ser uma exceção. Mas outra coleção nos Arquivos da NBL que foi criada por um cientista real chamado Ralph Hartley. MAURA: Quem foi Ralph Hartley? JUSTIN: Hartley foi um pesquisador de eletrônica que contribuiu para o surgimento da teoria da informação. A maior parte de sua carreira foi passada trabalhando para Bell Labs. Ele nasceu em 1888, apenas nove anos depois de Albert Einstein. Como consequência, durante sua educação e carreira, ele viveu a época em que surgiram as teorias da relatividade de Einstein e, com o tempo, tornou-se o entendimento consensual entre os físicos. Mas Hartley nunca aceitou esse consenso. Ele não estava convencido de que as ideias de Einstein faziam sentido. Em vez disso, Hartley defendeu a ideia mais antiga de um éter luminífero, que era comumente aceito no século 19 como uma explicação de como a luz se propagava através do espaço vazio. Ele nunca abandonou essa ideia, mesmo depois que a relatividade se tornou o mainstream. MAURA: O interessante é que ele nasceu um ano depois de um experimento famoso, o experimento de Michelson-Morley, que acabou provando que a luz viaja no vácuo. Mas mesmo os criadores do experimento de Michelson-Morley se apegaram firmemente à ideia do éter luminífero. Até então, não havia ondas sem meios. As ondas foram definidas como perturbações em um meio, então a luz que os físicos observaram, agindo como uma onda, viajaria naturalmente em um meio. Dizer que a luz viaja sem um meio teria sido tão sem sentido quanto dizer que um barco poderia flutuar sem água. Fazia sentido, então, que demorassem muitos anos para os físicos se sentirem à vontade para abandonar o éter luminífero. Mesmo o físico por trás do experimento que condenou qualquer chance de um éter, Albert Michelson, nunca desistiu de sua existência. Mas uma nova onda de físicos nos anos 1900 não sentiam nenhuma lealdade ao meio que nunca foi observado. E eles estavam confortáveis ​​seguindo em frente sem ele. O que é bom, porque não evidências disso. JUSTINO: Certo. E com Einstein, não é como se uma nova ideia científica simplesmente surgisse em sua cabeça e fosse imediatamente adotada por todos. A comunidade científica examina, critica, mais frequentemente critica e ajuda a fortalecer a ideia original. É um processo social. Mas para algo tão revolucionário quanto a relatividade, foi necessária uma mudança geracional para realmente se tornar um conhecimento estabelecido. E quero enfatizar aqui que Hartley não era um cientista fora do meio científico, apenas porque se apegava à ideia do éter luminífero. Chamá-lo assim denegriria o importante trabalho que ele realizou no campo da eletrônica e da teoria da informação. Mas ele mostra o que acontece quando as teorias científicas vão além dos cientistas. No final de sua carreira, Hartley teimosamente manteve a ideia do éter e continuou tentando convencer seus colegas de que Einstein estava errado. MAURA: Parece-me que ele fez parte da geração que abraçou a relatividade, e ainda deve ter feito isso no início de sua carreira na física quando o trabalho de Einstein ganhou força. Então, quando ele começou a questionar a relatividade? JUSTIN: A primeira evidência do desacordo de Hartley com a teoria da relatividade vem de um relatório técnico fortemente editado que data de 1928. No manuscrito, em sua caligrafia, ele se referiu à teoria da relatividade, escrevendo: "Tal identidade provavelmente não teria sido alcançada por um raciocínio a priori. Nesse sentido, então estamos justificados em dizer que tal interpretação física das equações assumidas não está de acordo com nossas ideias intuitivas. Na medida em que existe esta condição quanto à interpretação física das equações, esta imagem da natureza do universo a que conduzem é insatisfatória.” MAURA: O que Hartley desenvolveria e continuaria promovendo até sua morte em 1970, foi uma visão mecânica da gravidade. A qual colocava o éter firmemente no centro da questão de como os corpos interagiam no espaço. Tornando a ação à distância desnecessária. JUSTIN: Hartley se apegou às idéias mais antigas da mecânica newtoniana e aos modelos eletromagnéticos de James Clerk Maxwell. Ele acreditava que a relatividade era um modelo desnecessário e incorreto. MAURA: O que é interessante com... James Clerk Maxwell, era que ele acreditava no éter quando fez seus modelos eletromagnéticos. Mas o seu modelo funcionava mesmo sem o éter. Portanto, foi uma batalha interessante, porque as pessoas diziam: "Bem, Maxwell acreditava no éter e fez essas equações corretas". Percebendo então que as equações não precisam do éter para serem bem-sucedidas. JUSTIN: Então, essas são ideias mais antigas e que não são totalmente inúteis para a física ou erradas, pela teoria da relatividade. Mas eles são o que Hartley teimosamente defendeu, a defesa da existência do éter, contra evidências crescentes da precisão da teoria da relatividade. E nas décadas seguintes, Hartley refinou o modelo do éter, referindo-se a ele em seu trabalho posterior como um "líquido turbulento e sem dissipação". Ainda assim, este era o mesmo éter do século XIX. Apenas com algum refinamento da matemática por trás disso. E ao longo das décadas de 1940, 50 e 60, Hartley continuou tentando publicar suas conclusões em vários periódicos importantes. Raramente alcançando o estágio de revisão por pares e muitas vezes sendo rejeitado pelos editores da revista. Aqui está uma resposta de John Tate, que em 1946 era o editor da Physical Review. Ele escreveu para Hartley,"Esta reversão para uma teoria mecânica do éter, descarta todos os outros sucessos conhecidos da teoria de Maxwell e da relatividade especial por causa dos termos não lineares. Parece-me que as não linearidades, se desejado, poderiam ser introduzidas nas equações de Maxwell sem invocar o estranho éter e sem arrastá-lo nos indesejados termos de primeiro tipo." MAURA: E as coisas não lineares do primeiro tipo, é como um jargão matemático, se você estiver se perguntando do que ele está falando. JUSTINO: Certo. E isso mesmo. O que Tate está dizendo é que as teorias de Hartley são muito antiquadas. MAURA: Sim…… E os periódicos agem como árbitros da ciência para o bem ou para o mal. Eles dizem o que é publicado e o que não é. Em nosso último episódio, falamos sobre como alguns artigos que foram impedidos de serem publicados, o que pode ter sido benéfico para a comunidade científica. Mas as revistas científicas também impedem que artigos com premissas erradas se espalhem em de igualdade com as publicações válidas. JUSTIN: Apesar de ser bloqueado pelas revistas nas quais tentou publicar suas teorias, Hartley encontrou alguns aliados na comunidade científica. Mas na década de 1950, o novo paradigma relativista foi estabelecido, e a relatividade geral não ia a lugar nenhum. Ao enviar outro rascunho de suas ideias para a Physical Review em 1953, Hartley recebeu uma rejeição contundente dos editores, que escreveram: "Eu não aconselharia a The Physical Review abrir agora uma discussão sobre a relatividade, especialmente quando a teoria alternativa proposta neste artigo permanece tão vaga e imprecisa.” O segundo revisor também adotou um tom altamente crítico, escrevendo “O autor (Ralph Hartley), entendendo mal os resultados da campanha de Herbert Ives contra as transformações de Lorentz e a teoria da relatividade especial, argumenta erradamente que devemos regressar à mecânica clássica para um princípio de relatividade." Assim, com base em um mal-entendido alimentado pela luta teimosa de Herbert Ives contra Lorentz e Einstein, o autor propõe um passo que jogaria a física teórica bem de volta para dentro o século passado. MAURA: O que é perfeito, se você é um pseudocientista que gosta de viajar no tempo. JUSTIN: Como Joseph Bonkowski. MAURA: Exatamente. JUSTIN: Os nomes não são tão importantes aqui. O que é importante é que este segundo editor de jornal está apontando que Hartley estava se apegando teimosamente à ciência antiquada, ciência do século passado, como ele aponta. Hartley finalmente teve a chance de apresentar sua teoria a um público mais amplo em 1959, quatro anos após a morte de Einstein, quando seu artigo, "Uma teoria mecanicista da física extraatômica", foi publicado na Philosphy of Science. O título do jornal é importante aqui. Em várias de suas respostas, os editores de periódicos de física sugeriram que as ideias de Hartley poderiam ser mais adequadas para um periódico filosófico, em vez de periódicos que publicassem as pesquisas mais recentes e de ponta em física. MAURA: Então ele finalmente foi publicado. como suas ideias foram recebidas? JUSTIN: A publicação de Hartley foi bem recebida por vários indivíduos, como atestado pelo fato de que ele recebeu várias cartas de pessoas ao redor do mundo comemorando como suas teorias superaram Einstein, que estava errado, é claro. MAURA: Claro. JUSTIN: E ele ganhou algum reconhecimento por essa rejeição da relatividade geral. Ainda assim, a comunidade científica ignorou o modelo mecanicista de Hartley, cada vez mais cientistas pareciam dispostos em concordar com Hartley, porem nas décadas de 1930 e 1940. No final da década de 1950, a teoria relativista era dominante. Buscando alguns comentários sobre sua pesquisa, Hartley enviou o manuscrito para George Thompson, filho de JJ Thompson. O jovem Thomspon respondeu rápida e brevemente: "Muito obrigado por sua carta e reimpressão. O esquema que você sugere tem possibilidades, e eu gostaria de ter tempo para analisá-lo. Infelizmente, tenho tantas coisas para fazer no dia dia que torna impossivel analisá-lo." MAURA: Isso é muito educado. JUSTIN: Uma resposta muito educada, muito britânica. Hartley nunca foi um homem saudável e estava sujeito ao que ele chamava em suas cartas de "exaustão dos nervos", que o levava a ficar de cama por meses a fio. Ele morreu em 1970, provavelmente apegando-se à sua compreensão mecanicista do universo. MAURA: Em Hartley, temos o exemplo de um cientista talentoso que não conseguiu aceitar um novo paradigma científico. Ele se apegou às antigas teorias mecanicistas do universo e tentou, sem sucesso, atualizá-las para explicar a relatividade. As teorias de Hartley seriam aceitáveis ​​no final do século 19, talvez até seria um trabalho de ponta. Mas em meados do século 20, a teoria do éter estava fora de moda algum tempo. Ao permanecer comprometido com uma teoria científica antiquada, mesmo cientistas talentosos como Hartley podem fazer pseudociência. JUSTIN: Pensadores que estão a margem da ciência, não são apenas excêntricos. Eles podem nos ajudar a entender o que funciona no método científico e como ele funciona tanto para excluir teorias excêntricas quanto para impulsionar o campo da física. A revisão por pares e o componente social de fazer ciência nem sempre funcionam perfeitamente, mas têm sido muito bom em geral, para responder perguntas sobre o mundo natural. Na verdade, suas estruturas são invejáveis ​​o suficiente para serem emprestadas e reproduzidas por essas teóricos excêntricas, que tentam fazer com que físicos de boa reputação revisem seu trabalho e talvez até os ajudem a refinar suas ideias. Mesmo a linguagem e os métodos que os cientistas usam são emprestados por estes pensadores que trabalham à margem do mundo científico. MAURA: Muito obrigada por se juntar a nós hoje. MAURA: Também um agradecimento hoje ao nosso guia turístico e Diretor Associado de Coleções e Serviços de Bibliotecas da Biblioteca e Arquivos Niels Bohr, Allison Rein. JUSTIN: Este episódio foi criado, pesquisado e escrito por Maura Shapiro e Justin Shapiro. MAURA: Allison Rein é nossa produtora executiva, com produção e edição de áudio de Kerry Thompson. JUSTIN: Agradecimentos especiais à equipe maravilhosa do NBLA e do CHP por nos apoiar em todas as nossas necessidades de pesquisa. MAURA: A Initial Conditions é generosamente patrocinada pela Alfred P. Sloan Foundation.
Interview of Arlo Landolt by David DeVorkin on 1996 October 31, Niels Bohr Library & Archives, American Institute of Physics, College Park, MD USA, www.aip.org/history- programs/niels-bohr-library/oral-histories/5922 Landolt discusses how Worlds in Collision was advertised and made available to the general public. Landolt goes on to describe the different approaches to Velikovsky that were taken by Harlow Shapely and Cecilia Payne-Gaposchkin. He also discusses organizing the 1974 AAAS panel. Interview of Ivan King by David DeVorkin on 1977 July 18, Niels Bohr Library & Archives, American Institute of Physics, College Park, MD USA, www.aip.org/history-programs/niels- bohr-library/oral-histories/4706-1 In this interview, King discusses organizing the 1974 AAAS panel featuring Velikovsky and Sagan. King ended up presiding over that panel, ensuring that despite the tension in the room all parties involved conducted themselves professionally. King discusses the animosity the Velikovskians felt towards the established scientists on the panel. Velikovsky, Immanuel. Worlds in Collision, Delta edition. New York: Dell Publishing Co., Inc., 1965. Available on the Internet Archive at https://archive.org/details/B-001-014- 474/page/n5/mode/2up (accessed August 16th, 2022). A free version of a later edition of Worlds in Collision. Even before it was published in 1950, Worlds in Collision sparked a major debate in the scientific community about how to address popular fringe science that would last for decades. To find out more about Velikovsky and pseudoscience, check out the bibliography for this episode's blog post or look at the Show Notes section below.
Fontes e coleções usadas
Alex Harvey collection on crank theories. American Institute of Physics, Niels Bohr Library & Archives, College Park, MD 20740, USA. Gordin, Michael D. On the Fringe: Where Science Meets Pseudoscience. New York: Oxford University Press, 2021. Gordin, Michael D. The Pseudoscience Wars: Immanuel Velikovsky and the Birth of the Modern Fringe. Chicago: University of Chicago Press, 2012. Ralph V. L. Hartley papers, 1920-1970. American Institute of Physics, Niels Bohr Library & Archives, College Park, MD 20740, USA. Velikovsky, Immanuel. Worlds in Collision, Delta edition. New York: Dell Publishing Co., Inc., 1965. Available on the Internet Archive at https://archive.org/details/B-001-014- 474/page/n5/mode/2up (accessed August 16th, 2022). Justin Shapiro, Coordenadora de Podcast e Divulgação Veja todos os artigos de Justin Shapiro
Mostrar notas Kerry Thomspon of Thompson House Productions produced this show. Allison Rein is executive producer. Initial Conditions: A Physics History Podcast is generously sponsored by the Alfred P. Sloan Foundation.
Leitura adicional

Einstein estava errado?

Ciência e Cutura na escola
Condições iniciais
Einstein eSTAVA ERRADO? Condições iniciais: Um Podcast de História da Física
Cartas de Einstein ao Presidente Roosevelt - 1939
Carta de Einstein a Born - 1926
Carta de Einstein a Born - 1944
O princípio da Incerteza de Heisenberg - Henrique Fleming
Ciência e Weltanschauung - a Álgebra como Ciência Árabe - L. Jean Lauand
A contribuição de Einstein à Física - Giorgio Moscati
Antes de Newton Maria Stokes - AIP
Einstein: Novas formas de pensar Emílio Gino Segré
Símbolo e Realidade - Max Born
Um passeio pelas interações fundamentais na natureza Maria Stokes - AIP
Um Caminhada Através do Tempo
Episódio 1: Eunice Foote
Podcast episódio 1: Eunice Foote
Episódio 2: Arrhenius, Callendar e Keeling
Podcast episódio 2: Arrhenius, Callendar e Keeling
Episódio 3: Ciência das Mudanças Climáticas na década de 1970
Podcast episódio 3:Ciência das Mudanças Climáticas na década de 1970
Episódio 4: Contracultura Quântica
Podcast episódio 4: Contracultura Quântica
Episódio 5: Einstein estava errado?
Podcast episódio 5: Einstein estava errado?
Episódio 7: A presença afro-americana na física
Podcast episódio 7: A presença afro-americana na física
Episódio 8: Uma entrevista com o Dr. Ronald Mickens
Podcast episódio 8: Uma entrevista com o Dr. Ronald Mickens
Episódio 9: O Inesperado Herói da Luz
Podcast episódio 9: O Inesperado Herói da Luz
Episódio 10: O Newton que você não conhecia
Podcast episódio 10: O Newton que você não conhecia
Episódio 11: O Legado do Almagesto de Ptolomeu
Podcast episódio 11: O Legado do Almagesto de Ptolomeu